Boato – Pepsico, Kraft Foods, Nestlé e outras empresas de alimentícios utilizam restos de fetos de abortados para dar mais sabor aos alimentos.
Depois de surgir na internet o boato de que chineses comem sopa de feto para melhorar o desempenho sexual, começou a aparecer na web outra história macabra. De acordo com um texto que se popularizou em espanhol (e foi traduzido de forma tosca para o português), que pode ser lido aqui, os fetos são utilizados em cosméticos, produtos alimentícios e vacinas.
De acordo com o texto, há uma grande cadeia entre clínicas de aborto, pesquisadores e empresas. O caminho do feto até o “seu prato” começa com a “doação” dos fetos para pesquisadores, que desenvolvem um produto e repassa para as empresas como realçadores de sabor. O nome da substância que sai dos fetos é o HEK. Ou seja, a indústria está tornando consumidores um bando de canibais.
Por fim, o texto lista quais são as empresas que usam fetos humanos. O “destaque” da lista são os produtos da Pepsi, Kraft Foods e Nestlé. Mas também citadas empresas de cosméticos e empresas farmacêuticas.
Bem, o que o texto aponta é uma versão bem (mais bem mesmo) exagerada da verdade. Primeiramente, vamos ao o que é fato. Realmente existe uma substância chamada HEK 293 e ela foi extraída (na década de 1970) de um rim de embrião humano, sintetizada e distribuída. Porém, isso não significa que “fetos são mortos” para produzir a substância.
Além disso, as células não são utilizadas no produto final. Elas são usadas para testes com os realçadores de produtos. Ou seja, a hipótese de canibalismo é refutada a partir do momento em que não há feto no produto.
Esse assunto já causou polêmica nos Estados Unidos. Tanto que o senador Ralph Shortey criou um projeto tentando acabar com o uso do HEK em produtos. Ele segue a mesma corrente de defensores da não-utilização de células-tronco em pesquisas. Essa matéria da Forbes (em inglês) explica bem o caso.
Sobre as empresas citadas, nenhuma de fato usa fetos nos alimentos (afinal, o HEK é usado no teste e não na substância). Mas a polêmica fez com que a Pepsi parasse de fazer testes com o HEK em 2012. O Gawker, site de tecnologia, também fez um levantamento com empresas que supostamente usariam o HEK. Novamente, a Pepsi se defendeu dizendo que não utiliza. Em relação à Nestlé e Kraft, não houve a confirmação nem o desmentido.
Concluindo: a história das empresas que usam fetos na comida tem um fundo de verdade. Mas, ao contrário do que aparenta (e do que o texto diz), não são distribuídos milhares de bebês mortos para serem postos no seu refrigerante ou chocolate favorito. Há milhões de motivos para não se consumir esses produtos, mas com certeza a presença de um pedaço de bebê não é um deles.