Boato – A Polícia Federal entrou em greve por causa de um decreto assinado pela presidente da República para que ela indique o diretor-geral da Polícia Federal.
A gente tenta fugir, mas os boatos sobre a presidente Dilma Rousseff insistem em cair no nosso colo. Desta vez, um texto que tem circulado por WhatsApp e Facebook aponta que uma Medida Provisória feita torna a Polícia Federal submissa a presidente.
A mensagem aponta que Dilma assinou um decreto para o que o Delegado-Geral da Polícia Federal seja sempre indicado por ela. Esse seria o motivo para os policiais terem entrado em greve. Leia:
é mta pretensão
Polícia Federal entra em greve, vc, cidadão desinformado, sabe por que?
Pois bem, a Presidente Dilma assinou o decreto lei que deixa a Polícia Federal SUBMISSA ao Presidente da República, ou seja, a Polícia Federal a partir de hoje não tem mais autonomia para investigar – essa é a candidata que quer acabar com a corrupção – dessa forma, a violência no país não vai acabar nem dimuir NUNCA! As Polícias não podem mais fazer nada! ISSO É UM ABSURDO!
Dilma edita medida provisoria 657-14 na calada da noite para que o Delegado Geral da Polica Federal seja indicado sempre pelo presidente. Dilma quer o controle absoluto da Policia Federal para impedir investigaçoes de corrupçao. O Brasil precisa dar um basta nisso, seja CONTRA a MP 657/14 que dará a Dilma o controle absoluto sobre a PF.
http://www12.senado.gov.br/ecidadania/visualizacaotexto?id=155311
Pessoal, peço que divulguem esse absurdo para seus contatos.
Pois é, “cidadão desinformado”. Vamos explicar direitinho a história para você. Primeiramente, a tal MP realmente existe. Neste link do Senado, há detalhes do Projeto de Lei, que foi aprovado no Congresso e só precisa do canetaço de Dilma para ser aprovado.
Dito isso, vamos aos erros na história. O primeiro ponto é que não é Dilma que está exigindo que o Diretor-Geral (esse é nome certo do cargo e não Delegado Geral, como está no texto) seja indicado pela Presidência. Ou melhor, pelo Ministério da Justiça, já que a PF seria subordinada ao órgão. Isso sempre aconteceu. Essa matéria antiga da Folha mostra o indicado por FHC em 2001.
A real mudança no texto é a exigência de que o policial que ocupe o cargo seja ocupado por alguém que já seja delegado (último nível da carreira). Na prática, diminui a gama de escolhas do Executivo em relação ao cargo. Antes, qualquer pessoa da PF poderia ser indicado como diretor-geral.
Esse fato já elimina a tese de que o presidente indicando o Diretor-Geral, a Polícia Federal deixa de investigar. A prova está justamente nas operações como, por exemplo, a Lava-Jato (que vem abalando a Petrobras e a própria credibilidade de Dilma). Se fosse assim, desde sempre a PF iria deixa de investigar.
Quanto à PF estar insatisfeita com a Medida Provisória. A própria revista Veja (digo própria, porque não perderia a chance de atacar Dilma) aponta que os delegados estavam satisfeitos com a Medida. Por outro lado, os agentes não gostaram de perder a chance de serem diretor-geral. Tanto que a tal greve citada é a do dia 21 de outubro do ano passado. Ou seja, ao contrário do que o texto diz, os policiais federais não “estão em greve”.
Há um movimento na Polícia Federal (tanto de delegados como de agentes) que o governo deixa a incumbência da indicação do cargo de diretor-geral do órgão para o próprio órgão. Mas a conversa ainda está no jogo de braço de ferro entre a PF e o governo.
Resumindo e explicando a história: Realmente, é o presidente que indica o chefe da Polícia Federal e há um movimento contra isso. Mas não foi a MP 657 que colocou isso em vigor. Ou seja, Dilma não lançou um decreto para tornar a PF submissa. O decreto falava de outra coisa.