Boato – Um lote de feijão cru estaria contaminado pelo protozoário que causa a doença de Chagas. Mensagem que circula a web diz que a forma de evitar maiores problemas seria deixando o feijão de molho no vinagre ou parando de comê-lo.
Criada no ano de 2009, esta mensagem ganhou força em redes sociais novamente no ano de 2013. O texto (como na maioria dos hoaxes) alerta para os perigos do consumo de um alimento. O vilão da vez é o feijão cru.
De acordo com a mensagem, que pode ser lida aqui, “diversos sites de agricultura” publicaram que 83 pessoas haviam se infectado com a doença de chagas após comer feijão. O hoax também diz que, misteriosamente, a informação foi tirada do ar destes sites.
O texto também fala que amostras coletadas de uma cooperativa chamada COOVENF estavam infectadas e que, apesar da doença ter se espalhado com rapidez, os lotes não foram tirados de circulação. Diversos estados do país estariam sofrendo com a ameaça e um profissional da UNIUPS estaria verificando os lotes.
Como conselho, o texto aponta para a substituição do feijão por canjica ou grão-de-bico. Se não fosse possível fazer a substituição, o ideal seria colocar o feijão de molho no vinagre por 15 minutos.
Uma rápida checagem às instituições citadas da história já desmascara a farsa do feijão infectado. A cooperativa de plantadores de feijão chamada COOVENF e a UNIUPS (que, de acordo com variações do boato, seria a Universidade Ubirajara Pereira de Souza, de Goiás) não existem.
Além disso, o protozoário Trypanosoma cruzi está grafado como “tripanosoma cruzi”. Um especialista não erraria um nome como esse, certo? Por fim, o texto tem diversos erros de português e concordância, o que é uma característica dos hoaxes.
Em 2009, o site do Estadão escreveu uma matéria sobre o assunto. No texto, que pode ser acessado aqui, uma agrônoma ressaltou que, mesmo se houvesse infecção, seria impossível o protozoário sobreviver ao cozimento.
O Núcleo de Pesquisa em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina também publicou uma nota na qual ressalta que o hoax faz “denúncia para alguém se divertir às custas de pessoas incautas”. A nota da UFSC também afirma que, além do cozimento eliminar qualquer chance de doença de chagas no feijão, o barbeiro (vetor da doença) não costuma se alimentar de grãos secos como sugere a imagem do hoax.