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Crianças que não tomam vacinas são cinco vezes mais saudáveis #boato

Boato – Estudo comprova que crianças que não tomam vacinas são cinco vezes mais saudáveis do que crianças vacinadas.

Em 1904, uma reação popular chamou atenção no Rio de Janeiro. Chamada de Revolta da Vacina, o levante aconteceu após o início da campanha de vacinação obrigatória na cidade. Mais de 100 anos depois, parece que muitas coisas não mudaram a respeito do receio das pessoas. Pelo é isso que aponta o grande volume de textos contra vacinas que circulam online.

O último deles dá conta de que foi comprovado que crianças que não tomam vacinas levam uma vida mais saudável. A notícia foi publicada em um blog e viralizou no Facebook. Leia o texto que circula online:

Estudo mostra que crianças que não tomam vacinas são 5 vezes mais saudáveis. Os estudos mostraram, sem dúvida, que crianças não vacinadas são mais saudáveis do que as vacinadas e, por esta razão, os dados devem ser cuidadosamente ponderados pelos pais e profissionais da área da medicina.

O PRIMEIRO ESTUDO – 1992 – NOVA ZELÂNDIA. Em 1992, a IAS (Immunisation Awareness Society) realizou uma pesquisa paraverificar a saúde das crianças da Nova Zelândia. Os resultados indicaram que as crianças não vacinadas eram cinco vezes mais saudáveis do que aquelas que receberam vacinas.

O SEGUNDO ESTUDO – 2011 – ALEMANHA. Baseado nas informações da pesquisa citada acima, pesquisadores alemães realizaram um estudo com cerca de 8.000 crianças não vacinadas com idade entre 8 –18 anos.

Os estudos mostraram, sem dúvida, que crianças não vacinadas são mais saudáveis do que as vacinadas e, por esta razão, os dados devem ser cuidadosamente ponderados pelos pais e profissionais da área da medicina.

Crianças que não tomam vacinas são cinco vezes mais saudáveis?

Pelo nosso levantamento, a matéria bombou (e muito) no Facebook. Mas será mesmo que esta história de não tomar vacina garantir mais saúde é real? A resposta é não. Para solucionar esta pauta, tivemos a ajuda do sempre assíduo e certeiro leitor e “hoax hunter” Robson Fernando de Souza. Vamos aos fatos.

De cara, Robson destaca que a fonte da informação não é das mais confiáveis: “À primeira vista, a ficha cai: é um site especializado em compartilhar notícias falsas. E no Google essa informação em português consta unicamente nesse site. Nenhum site sério a replica”. De fato, o site é um daqueles “bem conhecidos” em boatos na internet. Imagine só a credibilidade da informação que está publicada exclusivamente lá?

Ao analisar os “estudos”, Robson aponta que não se trata de uma pesquisa científica e sim de enquetes. Ambos estudos são refutados. O de 1992 é debatido neste texto. O de 2011 é desmentido neste post do blog da revista Science. Em ambos os casos, tratam-se de pesquisas aleatórias, anônimas e sem comprovações.

Em 2016, a Science voltou a tratar do assunto. Dentre todos os dados apresentados, um gráfico chama atenção. Antes de você falar sobre saúde e vacina, vale lembrar que doenças como difteria, hepatites, pneumonia, poliomielite, rubéola, tétano e varicela tiveram uma diminuição sensível graças as vacinas. Veja abaixo.

Resumindo: a história circula por sites clássicos em boatos na internet, os estudos não têm o respeito da comunidade científica e os números mostram que esta história de 500% (seja lá como é calculado isso) é falsa. Para terminar, mais um comentário do nosso leitor-parceiro do blog: “Pelo seu caráter de periculosidade e incitação à irresponsabilidade parental, o boato precisa ser respondido o quanto antes”. Está respondido.

Ps.: Esse artigo é uma sugestão de diversos leitores via WhatsApp. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99331-6821.