Boato – Empresa de tecnologias de votação Smartmatic, de origem venezuelana, é a responsável pelas urnas eletrônicas no Brasil.
As eleições presidenciais no Brasil acontecem no próximo ano e alguns nomes já começam a surgir nas redes como possíveis (ou não) candidatos. Entre eles, Lula, Jair Bolsonaro, Luciano Huck e até o Dr. Rey. Mas parece que o interesse do brasileiro não está em 2018, mas sim nas últimas eleições disputadas por aqui. O motivo? Fraude.
Se você não se recorda, no início de agosto, a Venezuela passou por uma votação para a escolha de uma Assembleia Nacional Constituinte. A responsável pela plataforma de votação eletrônica e também pela apuração dos votos foi a empresa Smartmatic. Logo após a divulgação dos resultados, a empresa, de origem venezuelana, denunciou uma manipulação nos resultados.
E, agora, anda circulando pelas redes sociais que a mesma empresa também ajudou a fraudar as eleições no Brasil. “Uma grande BOMBA tomou as manchetes de jornal pelo mundo. A empresa Smartmatic, empresa responsável pelas urnas eletrônicas, assumiu que após a eleição da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) do último domingo na Venezuela foi contatado a manipulação de mais de 1 milhão de votos”, afirma o post.
De acordo com a postagem, a empresa poderia ter auxiliado Hugo Chávez, Lula e Dilma a conquistarem seus mandatos. “Apenas lembrando que esta mesma empresa conduziu as duas últimas eleições presidenciais: 2006 e 2012, que reelegeram Hugo Chávez. No Brasil a empresa também elegeu Lula e Dilma de 2002 a 2014”, destaca.
Smartmatic fraudou eleições no Brasil?
Bem, essa é uma acusação muito pesada e merece o mínimo de investigação antes de se sair por aí elegendo culpados. E se o tal “mínimo de investigação” tivesse sido feito por quem andou publicando essa história nas redes sociais, seria fácil perceber que a informação não passa de balela. Boato. Quer saber o por quê? Continua lendo.
Há uma grande diferença de acesso a dados da empresa Smartmatic nas eleições da Venezuela e Brasil. Em terras venezuelanas, a Smartmatic forneceu a plataforma de votação eletrônica nas eleições da Constituinte (assim como o faz desde 2004). Além disso, naquela oportunidade, a empresa também participou da apuração dos votos. Ou seja, uma participação direta em áreas que possibilitariam uma fraude.
Já em terras tupiniquins, a participação da empresa ficou restrita a apoio logístico. Em 2012, por exemplo, a maior parte do trabalho foi braçal. A empresa era a responsável por transportar as urnas lacradas para os locais de votação e, no final da eleição, levá-las (lacradas) para o depósito.
Além disso, também foram responsáveis por auxiliar na transmissão de dados de locais remotos, como aldeias indígenas. E, nesse caso, era apenas a transmissão mesmo. A equipe recebia um pen drive criptografado com os resultados e tinha a função de transmitir os dados aos responsáveis. Sendo assim, a Smartmatic não tinha acesso direto a nenhum dado da eleição.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive, lançou uma nota explicando a história. De acordo com o TSE, no Brasil, as urnas são projetadas por técnicos a serviço da Justiça Eleitoral e são produzidas por empresas que passaram por processo licitatório e sob a coordenação desses técnicos.
No próprio site da empresa, a Smartmatic destaca que seus trabalhos, no Brasil, se restringiram à instalação de antenas, treinamentos e facilitação da comunicação de dados.
Sem contar que, se a empresa tivesse fraudado o resultado das eleições por aqui, com certeza alguém já teria registrado alguma denúncia, não é mesmo? Mas se isso ainda não te convenceu, vamos te mostrar mais alguns detalhes importantes.
O primeiro é sobre a postagem (e o site que está por trás da postagem). O título fala sobre eleições no Brasil, mas quando você lê o texto, vê que ele fala sobre eleições na Venezuela. Isso sem falar nos erros ortográficos, faltas de informações, faltas de fontes, entre outros.
Em segundo, outro boato sobre eleições andaram circulando nas redes sociais nos últimos dias. A história fala sobre o cadastramento da biometria do TSE, que também já desmentiu a informação. Certamente, o boato das urnas ganhou força, novamente, pelo boato mais recente da biometria.
Por fim, é muito fácil falar. E olha que já perdemos as contas de quantos boatos recebemos sobre fraudes em eleições ou urnas eleitorais. Mas o mais importante nunca veio a tona: provas! Exato, muito sem fala, mas ninguém, até hoje, conseguiu provar uma fraude por aqui.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 994325485.