Boato – O Procon está fiscalizando preços abusivos de gás de cozinha. Fique atento, se passar de R$ 65 procure seus direitos e denuncie nos telefones!
A greve dos caminhoneiros terminou, mas em alguns lugares tem muita gente que ainda está sentindo os “efeitos” da paralisação. Em algumas empresas, a entrega de insumos para a produção ainda não foi totalmente retomada e em algumas cidades ainda falta combustível e gás de cozinha.
Já era de esperar que após o fim do movimento a normalização demorasse um pouco, mas, segundo algumas denúncias na internet, é preciso ficar esperto. Uma mensagem no WhatsApp, que também foi compartilhada no Facebook (rendendo mais de 370 mil compartilhamentos), afirma que o Procon está alertando a população sobre o preço do gás de cozinha.
O aviso diz que, caso as pessoas se deparem com valores acima de R$ 65, é preciso denunciar. Confira: “PROCON orienta: Gás de cozinha não pode ultrapassar 65,00 reais. 0800 28 21512 ou 3181-7000 ligue e denuncie!”
O Procon disse que o preço do gás de cozinha não pode passar de R$ 65?
Antes de explicar melhor essa história, vale comentar que durante a greve dos caminhoneiros realmente teve gente se aproveitando da situação para praticar irregularidades. O Procon de fato atuou e até interditou postos que, durante a paralisação, chegaram a cobrar R$ 8 pelo litro da gasolina. Mas, e quanto ao preço do gás de cozinha? A instituição disse que acima de R$ 65 é abuso? Infelizmente para quem não anda satisfeito com os preços atuais (todos nós) essa história é mentira.
Comecemos falando, como de praxe, sobre a mensagem. Ela é muito suspeita, claro. Trata-se de um aviso vago, que não especifica de onde é o Procon mencionado, inclusive repassa um número de telefone sem DDD.
Aliás, essa falta de detalhamento é um dos maiores sinais de que tudo é mentira, uma vez que a mensagem dá a entender que o Procon está alertando para o preço do gás nacionalmente. Acontece que, além de o Procon ser um órgão estadual, cada estado brasileiro tem tabelas diferenciadas de preços para os mais variados produtos.
No caso do gás de cozinha, por exemplo, o preço base é definido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), mas podem haver muitas variações por causa dos impostos estaduais que incidem sobre o produto. Logo, cabe ao Procon de cada lugar checar abusos localmente e não de forma generalizada como se mostra na mensagem.
Além disso, quando fomos procurar mais informações sobre essa “denúncia” encontramos desmentidos dos próprios Procons, de duas cidades diferentes: Votuporanga, em São Paulo e Toledo, no Paraná. Cada um a seu modo explica o mesmo: que essa história de R$ 65 é mentira.
Nas nossas buscas, também encontramos o que pode ter sido a origem dessa história. Uma notícia publicada no fim de maio em um site pernambucano disponibilizou uma tabela com “a média” dos preços de produtos que estavam em falta durante a greve (diesel, gasolina e gás de cozinha). Na tabela apareceu o valor mínimo de R$65. A publicação apresentava que seria possível encontrar variações de até R$ 5 a mais.
Por fim, checamos a tabela de preços da Agência Nacional de Petróleo que indica os valores cobrados pelo gás de cozinha por município e estado no Brasil. Os preços, de acordo com a própria ANP, variam bastante e chegam até R$ 78,00 em algumas localidades. Essa informação inviabiliza qualquer tabela que considere R$ 65 como valor abusivo do gás.
Ou seja, não é verdade que o Procon está pedindo denúncias para quem encontrar estabelecimentos vendendo gás de cozinha acima de R$65. Esse tipo de controle não está sendo aplicado ao produto e o preço no país, antes mesmo da greve, já superava esse valor em muitos lugares. Portanto, é #boato. Caso encontre botijão de gás a R$65, melhor comprar. Considerando o atual cenário, dá até para dizer que está “barato”.
PS: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, no Facebook e WhatsApp no telefone (61) 991779164