Boato – Para evitar novas fugas, médicos cubanos terão que usar tornozeleiras de monitoramento. A medida, segundo informou o Ministério da Saúde, se deu em razão de recentes fugas de médicos, com destaque para Drª. Ramona.
Falar de médicos cubanos sem falar de polêmica é raro no país ultimamente. O assunto sempre vem recheado de suposições e opiniões diversas. E de tantas informações contraditórias surgem boatos.
Circula na internet um texto, com a informação de que o Ministério da Saúde havia determinado que os médicos cubanos teriam de usar tornozeleiras, para evitar fugas. A notícia, publicada no blog Joselito Muller diz o seguinte:
Para evitar novas fugas, médicos cubanos terão que usar tornozeleiras de monitoramento
O Ministério da Saúde publicou portaria na tarde de hoje determinando que “médicos cubanos do programa Mais Médicos serão obrigados a usar tornozeleiras de monitoramento para evitar novas fugas”.
A medida, segundo informou o Ministério, se deu em razão de recentes fugas de médicos, com destaque para Drª. Ramona, cuja “deserção” repercutiu em rede nacional.
As tornozeleiras serão iguais as utilizadas pelos presos do regime semi-aberto. O governo de Cuba comemorou a medida, e publicou nota oficial na imprensa local, ou seja, só no jornal Granma, elogiando o governo brasileiro.
Seria mesmo o Ministério da Saúde tão radical, a ponto de tomar essa medida? O fato é que a Drª Ramona, que havia sido contratada pelo governo para o programa Mais Médicos, realmente fugiu de Pacajás, interior do Pará, onde ela deveria trabalhar, para Brasília. O motivo para o abandono foi o descontentamento com o salário de 1.000 dólares que ela recebia.
Depois disso, mais um médico cubano abandonou o programa por motivo pessoal, sem detalhar as razões, e foi viver nos EUA, onde há vistos específicos para profissionais cubanos em missão no exterior. Esta matéria da Folha de S. Paulo fala do assunto.
Se estes fatos são reais, a notícia que dizia que os médicos cubanos teriam de usar tornozeleira é totalmente falsa. A Lei Nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que instituiu o Programa Mais Médicos, não determina nenhum uso de aparelhos de monitoramento em qualquer profissional do programa e nenhuma outra limitação sobre o direito de ir e vir dos participantes.
A Lei, inclusive, dita que o médico, brasileiro ou estrangeiro, que queira se desligar do programa deve comunicar a decisão à Coordenação Nacional ou Estadual, ao município ou ao governo do estado onde estão atuando. Ou seja, não é proibido sair do Programa, portanto nem haveriam motivos para manter os profissionais “presos” a tornozeleiras, ou a qualquer tipo de instrumento de aprisionamento.
A publicação que desmentiu o texto falso pode ser vista no site do blog de Saúde do Ministério da Saúde. Só para ficar claro: os médicos cubanos não precisam usar nenhuma tornozeleira e também podem pedir desligamento do programa a qualquer momento, o que indica que mais desistências podem aparecer por aí, e boatos também!