Boato – Uma quadrilha foi presa na cidade de Poções (Bahia) tentando sacar cheque de R$ 68 milhões para a campanha presidencial de Haddad e para fraudar urnas.
Na medida em que o dia das eleições vai se aproximando, o ritmo da desinformação vai aumentando. E muitas das histórias falsas que circulam por aí envolvem dois assuntos: eleições presidenciais e fraude nas urnas eletrônicas.
A última que circulou na internet dá conta de que um esquema de fraude a favor de Fernando Haddad foi desbaratado na Bahia. Um texto, publicado em blogs pró-Bolsonaro, dá conta de que uma quadrilha foi presa tentando sacar um cheque no valor de R$ 68 milhões para o candidato petista.
A mensagem aponta, ainda, que o dinheiro também seria usado para alimentar o PT na Bahia e para comprar urnas eletrônicas. A tese foi reforçada por um discurso de um vereador de Vitória da Conquista (cidade vizinha a Poções). Leia algumas das versões da história que circula online:
Versão 1: Quadrilha tentou sacar cheque de R$ 68 milhões. Disseram que era para campanha do Haddad. Também há denuncia de que as urnas na Bahia estão fraudadas. Versão 2: Na Bahia, quadrilha tenta sacar um cheque de órgão federal no valor de 68 milhões para campanha de Haddad. Afirmaram também que urnas na Bahia foram fraudadas e que o governador do PT da Bahia pode estar envolvido.
Quadrilha tentou sacar cheque de R$ 68 milhões para Haddad na Bahia?
Muita gente começou a falar que o cheque seria a prova de “toda a corrupção do PT e das urnas”. Em algumas versões mais recentes, chegaram a atribuir o cheque à compra de uma matéria da Folha de S. Paulo. Mas será mesmo que a história do “cheque do Haddad” é real? A resposta é não. Vamos aos fatos.
Vamos ao que há de verdade na história. De fato, alguns homens foram presos na Bahia sob a acusação de passar um cheque falso de R$ 68 milhões (que é o cheque mostrado na foto). O resto é balela.
O primeiro ponto que desmente a história é o enredo dela. Vamos raciocinar: se Haddad (ou seja lá que político) quisesse fazer um esquema de “compra de urnas”, por que o faria com um cheque falso (e bem tosco). Só para você ter ideia, a conta da qual o dinheiro “sairia” sequer existe.
Segundo ponto: quando a tese (suscitada pela internet e pelo vereador de Vitória da Conquista) de que a quadrilha estava tentando sacar o cheque para Haddad, a polícia descartou ligação política. Leia o que diz essa matéria do Bahia Notícias:
O bando tem integrantes de Jequié, Poções e Ipiaú”, explicou o diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin), delegado Flávio Góis. Ele aproveitou para descartar qualquer ligação da quadrilha com grupo político, como vem sendo divulgada em redes sociais. “Lamentável. Esse tipo de uso equivocado da informação ainda atrapalha a investigação”, concluiu.
Tem mais dois detalhes (além do próprio enredo) que entregam a farsa. O primeiro está nas características das mensagens que circulam online: vaga, alarmista, com erros de português e sem citar fontes confiáveis. O segundo está no fato de que a história parte de uma premissa falsa ou, pelo menos, não comprovada: de que as urnas são fraudadas.
Resumindo: a história que circula na internet e aponta que uma quadrilha tentou sacar R$ 68 milhões para a campanha de Haddad é falsa. O cheque e a conta que “depositaria o dinheiro” eram falsos e a polícia já descartou ligação do bando preso em Poções com qualquer candidato. Tudo que sair disso é só especulação e boataria.
PS: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, no Facebook e WhatsApp no telefone (61) 991779164.