Boato – O ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez disse, durante evento, que os professores do Brasil são (estão) muito folgados e sugere mais trabalho.
Uma das áreas mais visadas do novo governo é a Educação. Entre a promessa deixar a escola “sem partido”, o anúncio de uma “Lava-Jato na educação” e polêmicas como o uso do slogan de campanha de Bolsonaro em uma recomendação sobre o Hino Nacional nas escolas, o ministro Ricardo Vélez Rodríguez vai tocando o seu trabalho e sendo personagem de muito burburinho na web.
A última que circula na internet aponta que o ministro da Educação chamou os professores brasileiros de “folgados”. A história surgiu após uma fala de Ricardo Vélez na Comissão de Educação (que detalharemos na parte da explicação). De acordo com um meme que circula na internet e a postagem de um blog, Vélez teria afirmado que professores são folgados. Leia:
Versão 1: Ministro de Bolsonaro afirma que professores são folgados. Relação de alunos no Brasil, tem que ser 60 alunos por sala. Versão 2: Ministro diz que professores estão muito folgados e fala em turmas com no mínimo 60 alunos! Assista e compartilhe… Para Ricardo Vélez Rodrigues, professores estão ‘muito folgados’, pois trabalham com no máximo 7 ou 11 alunos por turma
A situação dos professores brasileiros está cada vez mais delicada. Bolsonaro propõe acabar a aposentadoria especial dessa categoria, e o ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrigues fala no vídeo mais abaixo em mínimo de 60 alunos por sala de aula no setor público. Vélez afirma que nossos educadores estão muito ‘folgados’, pois trabalham no máximo com 7 ou 11 alunos por turma, enquanto na rede privada é 20, e em países como os EUA, França e Alemanha chega a 60, diz ele.
Ministro da Educação diz que professores são (estão) muito folgados?
O vídeo foi muito assistido na internet e muita gente saiu compartilhando a informação por aí. Mas será mesmo que o ministro da Educação chamou os professores de folgados? A resposta é não. Segura que a gente explica tudo.
A gente já vai falar do caso em si. Mas antes algumas observações. 1) As duas mensagens têm algumas das principais características de boatos online: são alarmistas, com erros de português e sem citar fontes confiáveis. 2) O site que publicou a informação aponta que Bolsonaro quer “acabar com a aposentadoria especial dos professores”. A informação não procede e foi desmentida aqui. Dito isso, vamos ao caso de hoje.
De fato, Vélez Rodríguez usou a palavra “folgada” durante a fala no Senado. Porém, ele não se referia aos professores e tampouco retratava uma situação de “todos os professores”. Veja o que ele disse (retirado das notas taquigráficas da sessão):
A primeira é otimizar o rendimento das universidades públicas na sua região. A relação professor/aluno nas públicas ainda é folgada no Brasil, é de 1 para 11 ou de 1 para 7, enquanto, no setor privado, é de 1 para 20. Em países como, por exemplo, Estados Unidos, França e Alemanha, chega a ser de 1 para 50, de 1 para 60. Então, nós poderíamos otimizar a excelente qualidade acadêmica das nossas universidades públicas colocando mais alunos em sala de aula, aumentando as vagas no setor público.
Com base na fala, podemos chegar à conclusão de que ele disse que a “relação aluno-professor” em universidades públicas é “folgada” e não que professores são folgados. Essa informação é reforçada por essa matéria do G1 que relatou o encontro e pela manifestação de entidades estudantis contra a fala. Detalhe: o protesto era contra a proposta de “aumento desenfreado de vagas” (não vamos entrar no mérito de quem está certo) e não por causa da adjetivação aos professores.
Resumindo: apesar de, de fato, o ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez ter falado sobre “folga” na relação aluno-professor no ensino superior público no Brasil, em nenhum momento ele chamou professores de folgados. A história é um boato baseado em uma fala retirada de contexto.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.