Boato – Após estuprarem menina de 10 anos, dois homens tiveram os órgãos genitais arrancados na Somália depois de passarem por julgamento
O estupro de vulnerável é considerado crime em diversos países. No Brasil, ele é tipificado no Código Penal e consiste na relação carnal ou prática de atos libidinosos com menores de 14 anos. A pena para esse tipo de delito varia de acordo com o país.
No Brasil, por exemplo, a pena pode chegar até 30 anos de reclusão. E, de acordo com um vídeo que anda circulando nas redes sociais, na Somália, a punição para esse tipo de crime parece ser ainda pior.
Segundo um vídeo que está sendo divulgado na internet, dois homens tiveram os órgãos genitais arrancados, após serem considerados culpados por estuprarem uma menina de apenas 10 anos. Confira:
Versão 1: “Dois irmãos estupraram uma menina de 10 anos na Somália. O julgamento foi de imediato.* veja o clip do tribunal”. Versão 2: “Na Somália os estupradores são condenado já após o julgamento, dois estupradores foram punidos na sala de julgamentos,por ter estuprado uma menina de 10 anos”.
Homens têm órgãos genitais arrancados em julgamento de estupro na Somália?
O vídeo que acompanha as publicações deixou muita gente chocada. Por outro lado, muitos internautas comemoraram a pena aplicada aos homens. Mas a pergunta que não que calar é: será que os homens realmente tiveram os órgãos genitais arrancados por estuprar uma criança de 10 anos? A resposta é não.
Vamos aos fatos! Para começo de história, as publicações não explicam muito bem o fato e seguem aquele velho roteiro de fake news na internet: são vagas (não dizem onde, nem quando e muito menos em qual situação o fato ocorreu), alarmistas e ainda não citam fontes confiáveis.
Resolvemos pesquisar mais sobre o assunto e descobrimos que o vídeo está circulando na internet em diversos idiomas e sempre com o mesmo texto. Em uma das versões, na língua somali, o texto afirmava que o julgamento havia ocorrido no Oriente Médio (e não na Somália). Além disso, a história foi publicada em alguns sites que acabaram questionando a veracidade das imagens e não apresentaram muitos detalhes sobre o assunto.
Outro ponto que ajuda a desmentir a farsa é o próprio vídeo. A qualidade da filmagem é baixa (algo normal em boatos que utilizam vídeo-montagens). Além disso, o fundo da imagem é totalmente desconectado do primeiro plano. Se você reparar bem, vai ver que a corte do julgamento possui uma baixa luminosidade, enquanto as pessoas que aparecem na frente parecem estar de frente para o sol, dando a entender que o vídeo passou por uma edição em algum programa específico.
No momento do corte, é possível reparar que não existe sangue (o que foi cortado foi apenas um pedaço da calça). Vale lembrar que a dor da castração seria tamanha que, com certeza, a pessoa iria se debater e gritar de de dor. Porém, a reação da pessoa que aparece no vídeo não condiz com isso. Ela apenas grita enquanto somente uma pessoa a está segurando. É, no mínimo, muito estranho.
Para encerrar de vez a história, resolvemos buscar informações sobre as leis na Somália e o crime de estupro. Descobrimos que, até 2014, o estupro era considerado algo normal dentro da cultura do país. Naquela época, o governo somali já apresentava ações para mudar a situação.
Além disso, dentro das leis da Somália, é possível encontrar algumas punições para o ato, como prisão (que pode variar de 20 a 30 anos) e até a pena de morte. Entretanto, nada de castração. Vale destacar que também não encontramos nenhuma notícia envolvendo a punição de castração para casos de estupro no país.
Em resumo: a história que diz que dois homens tiveram os órgãos genitais cortados após serem considerados culpados pelo estupro de uma menina de 10 anos é falsa! É possível observar que o vídeo foi editado. Além disso, não existe nada sobre a pena de castração em caso de estupro na Somália. Ou seja, a história não passa de balela. Não compartilhe!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.