No 1º de abril, chamado Dia da Mentira, Kyene Becker os convida a uma reflexão sobre como a internet tem virado um “#1deAbril” todos os dias e como a “dimensão da balela” mudou com as fake news.
“Quero anunciar que estou grávida”, “fulano está em um relacionamento sério com ciclano”, “fui assaltado”… Essas são frases muito comuns ao longo do dia 1º de abril. Afinal, as tradicionais histórias no Dia da Mentira são muito esperadas e, a cada ano, se renovam com a intenção de pegar mais gente desatenta de surpresa.
No 1º de abril, a intenção é uma só: fazer com que o maior número de pessoas acredite na história e se divirta bastante quando descobrir a verdade. E que bom seria se esse tipo de coisa só acontecesse nesta data, não é mesmo?
Infelizmente, nos últimos anos, o Dia da Mentira parece estar se estendendo por mais tempo do que o esperado. As fake news (histórias falsas sobre algo ou alguém) ganharam força com a popularização das redes sociais. E, agora, todo dia é Dia da Mentira na internet.
Confira também: vídeo mostra campanha contra fake news:
No Dia da Mentira, o Boatos.org lança uma campanha para conscientizar as pessoas sobre as fake news, com uma história inacreditavelmente real.
O vídeo em animação foi criado pela agência Filadélfia (que teve a ideia da iniciativa e realizou uma campanha pro-bono), com produção da Março Produções e trilha sonora da Oitava. Cliente, agência e produtoras esperam que o vídeo seja espalhado com a mesma velocidade das notícias falsas que costumam chegar nas redes sociais e no WhatsApp.
Em setembro e outubro de 2018, as eleições presidenciais no Brasil mostraram a verdadeira face das mentiras compartilhadas na rede. Observamos diversos casos que tomaram proporções enormes e causaram verdadeiros estragos. Muitas pessoas, inclusive, acabaram decidindo seus votos com base em informações falsas. As mentirinhas do dia 1º de Abril se transformaram em verdadeiros problemas durante as eleições, com diversas acusações contra os candidatos, assessores e até famílias.
Nas ruas e na rede, frases como “e aquela história lá? Será que é verdade?” se tornaram comuns e muita gente já não sabia distinguir o que era verdade do que era mentira. Nesse processo, os sites de fact-checking exerceram um papel muito importante, trazendo o debate estarmos vivendo um eterno Dia da Mentira.
E o caso das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2016, que pareciam tão distantes da nossa realidade, mostraram que o problema das fake news pode se alastrar mais rápido do que se imagina – e também determinar os rumos da política de um país. Mais do que isso: também incentivar a violência e causar mortes, assim como já registramos diversas vezes no Boatos.org.
A verdade é que não temos controle do alcance daquilo que é publicado. E muito menos da interpretação dada à história. Você já brincou de telefone sem fio? Pois é, o que começou como uma brincadeira de primeiro de abril pode ter resultados desastrosos, quando alguém recompartilha a informação com um tom de verdade e faz a história ganhar destaque. A reflexão que fica nesse 1º de Abril é: até que ponto vale inventarmos ou fortalecermos mentiras por aí?