Boato – O Instituto Butantan e a Secretaria de Saúde de São Paulo resolveram fechar o Hospital Vital Brazil, referência no tratamento de acidentes com animais peçonhentos.
Não precisa ser um gênio para perceber que o Sistema Único de Saúde, via de regra, tem oferecido um serviço aquém (para não dizer outra coisa) do ideal para a população. Não são raras as vezes em que nos deparamos com filas imensas, falta de médicos e tantos outros problemas. Talvez esse seja o motivo para a revolta causada por uma mensagem na internet.
De acordo com textos que viralizaram em redes sociais e até uma petição online, o Instituto Butantan e a Secretaria de Saúde vão fechar o Hospital Vital Brazil, fundado em 1945 e referência no tratamento de acidentes com animais peçonhentos. Leia duas versões da história que circulam na internet:
Versão 1: A Secretaria de Saúde de São Paulo e a Direção do Instituto Butantan ameaçam fechar as portas do Hospital Vital Brazil, encerrar definitivamente suas atividades!!! Foi inaugurado em 1945 com a presença de Vital Brazil. […]
Não podemos permitir, por quaisquer argumentações, sobretudo, por justificativas econômicas e ou interesses espaciais, a destruição de mais um patrimônio científico mundial, de 74 anos de uma História que engrandece São Paulo e o Brasil.”
Versão 2: Fechamento do Hospital Vital Brazil, referência mundial no tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Vamos lutar.
Hospital Vital Brazil será fechado pelo Instituto Butantan e Secretaria de Saúde de SP?
A história circulou muito na internet e deixou muita gente indignada com a situação. Mas será que o Hospital Vital Brazil será mesmo fechado? A resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês. Faremos isso contextualizando o caso.
Ao contrário do que ocorre na maioria dos casos, a história começou a viralizar por meio de um fonte confiável: uma médica que trabalha no local. Em um relato, ela aponta que foi informada da possibilidade da transferência do hospital para o local onde está o Instituto Emílio Ribas e interpretou como um fechamento (o que, de certa forma, não está completamente errado).
O grande problema, que gerou matérias e petições, foi que a publicação foi interpretada como um fechamento definitivo dos serviços do Hospital Vital Brazil e não por uma mudança de unidade. A partir daí, o próprio Instituto Butantan publicou a seguinte informação (considerada por alguns um recuo e por outros um desmentido) em redes sociais:
O Hospital Vital Brazil não fechará, galera! A unidade está funcionando normalmente, com atendimento 24 horas a acidentes com animais peçonhentos e o atendimento à população e os estudos clínicos, que são realizados na unidade, não serão interrompidos.
Como a história ainda estava no “palavra contra palavra”, resolvemos “segurar a checagem” até que mais informações sobre o caso fossem divulgadas. E foi uma matéria da Folha de S. Paulo e uma do Estadão que esclareceram o caso.
A matéria da Folha aponta que o anúncio de transferência entre funcionários gerou alarde na internet. Ao conversar com o Instituto Butantan, apurou que há planos de mudança de local, mas que não há nada definido. A matéria do Estadão aponta que, além do Instituto Butantan, a Secretaria de Saúde também negou o fechamento do hospital.
Com tudo isso, podemos fazer uma retrospectiva. 1) Houve um anúncio informal de transferência da unidade do Vital Brazil aos funcionários. 2) A decisão causou revolta e textos em redes. 3) A revolta foi interpretada como o “fim dos serviços”. 4) Autoridades desmentiram o fim do serviço à população e falaram da possibilidade da mudança de local (deixando em aberto).
No meio de tudo isso, podemos afirmar que, há sim, mudanças previstas para o Vital Brazil (não se sabe se serão colocadas em prática após tanta polêmica), mas que o hospital não vai acabar. De resto, vale aguardar e ver os próximos capítulos do que já virou uma novela.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.