Boato – Não entrem no grupo chamado apoio ao Sérgio Moro. Ele foi criado pela esquerda para hackear telefones da direita. Compartilhem.
A divulgação das conversas entre membros do Judiciário brasileiro tem causado algumas consequências. As mais óbvias estão no acirramento da polarização, nos ataques contra Moro, a Lava Jato e a membros do The Intercept (como Glenn Greenwald). Outras consequências não são tão óbvias. Uma delas está no surgimento de fake news relacionadas à segurança na internet.
História desmentidas já há algum tempo (como a que fala do número de telefone que clona o seu celular e que você pode ver o desmentido ao fim deste texto) estão circulando junto com histórias “novas” como a que aponta para um grupo “armadilha” criado pela esquerda. “ALERTA!* Não entrem no grupo com o nome: *”Apoio ao Sérgio Moro”*. _Foi a esquerda que criou e *estão hackeando os telefones* da direita!_ Divulguem!”, diz a mensagem.
Esquerda criou grupo “apoio ao Sérgio Moro” e está hackeando a direita?
A tal história está viralizando com muita força no WhatsApp e deixando muita gente assustada. Mas será mesmo que é verdade essa história de grupo que está servindo para hackear telefones de pessoas da direita? A resposta é não. Vamos aos fatos.
Esse é o tipo de história que acaba se desmentindo por si só. O primeiro elemento que denuncia a farsa está na mensagem. As características apresentadas nela são intrínsecas em boatos online (elas ajudam um boato a viralizar e dificultam a checagem). Dessa vez, vamos pontuar característica por característica.
1) Vaga: A mensagem não fala nem que tipo de grupo é. Também não dá detalhes como é feito o “hackeamento” dos celulares da direita e tampouco quem seria “a esquerda” que está hackeando. 2) Alarmista: além de causa pânico, a mensagem usa palavras como “ALERTA” e termos em caixa alta. 3) Com pedido de compartilhamento e sem citar fontes confiáveis: a mensagem tem um “divulguem” que auxilia na viralização, mas não fala de onde foi tirada a denúncia.
Com uma mensagem assim, resolvemos fazer mais duas coisas. A primeira foi pesquisar em relação à tal ameaça. Como era de se imaginar, nada encontramos. A segunda foi raciocinar em relação à lógica da tal denúncia.
Quando paramos para pensar chegamos à conclusão de que a denúncia não tem lógica (porque alguém iria “escolher pessoas para hackear usando um grupo de isca”) e não conseguimos identificar qualquer tecnologia que permita a invasão de celulares com grupos em redes sociais. Isso, normalmente, acontece por meio de links de phishing (cuidado com aquela promoção falsa).
Só para terminar o raciocínio: a mensagem de hoje é muito parecida com dois tipos de boatos já desmentidos aqui: dos “vídeos mortais que hackeiam celulares” e da página do CNJ que contaria “votos contra Moro”. Assim como nos outros casos, a história não faz sentido.
Resumindo: a história que aponta que esquerdistas (seja lá quem for) criaram um grupo chamado Apoio ao Sérgio Moro para hackear integrantes da direita não procede. Uma invasão de celular não se dá dessa forma e não há qualquer denúncia que embase essa tese.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
PS: Segue o vídeo sobre o boato mencionado: