Boato – Ex-presidente Dilma Rousseff matou a tiros o sargento Mário Kozel Filho durante a ditadura militar, em 1968.
As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, esquentaram o debate sobre as mortes e torturas praticadas durante o período militar. Em meio às informações sobre o assunto, boatos ganham impulsos nas redes sociais.
O último deles aponta para a informação de que a ex-presidente Dilma Rousseff matou a tiros o sargento Mário Kozel Filhos, em 1968. Junto à publicação, uma imagem do soldado circula com a pergunta “seu professor contou que a Dilma me matou?”. Leia o que diz o texto:
Seu professor já te contou que a Dilma me matou? Mário Kozel Filho Mário KOZEL FIlho estava de sentinela no 2º QG quando a PRESIDANTA MATOU A TIROS ??? !. Hoje em sua homenagem , à Rua do QG tem seu nome TRISTE ! na época !depoimento de se ex marido !e documentos que provam!
Mario Kozel Filho foi assassinado por Dilma a tiros em 1968?
A imagem serviu de “combustível” para acirrar o debate político na internet. Mas será mesmo que Mário Kozel Filho foi assassinado por Dilma a tiros em 1968? A resposta é não. Entenda os porquês.
De início, desconfiamos da história por um simples motivo: volta e meia surgem na internet histórias semelhantes. Por aqui, no Boatos.org, já apareceram boatos envolvendo bolsa ditadura, Amélia Teles e ficha criminal de terrorista.
Ao ler o texto, outros detalhes chamaram atenção. A mensagem carrega as principais características de boatos: vaga, alarmista, com erros de português e ser citar fontes confiáveis. Mesmo desconfiados, resolvemos buscar mais informações sobre o caso.
Pois bem, Mário Kozel Filho, de fato, morreu durante o período da ditadura militar. Entretanto, não foi a tiros e tampouco executado por Dilma. Na realidade, o sargento morreu em um atentado ao Quartel General do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, no dia 26 de junho de 1968. Na época, militantes contrários ao regime, que integravam a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), explodiram o local. Além de Kozel, outros seis militares foram atingidos pela explosão.
Não há indícios de que Dilma tenha participado da ação. Até mesmo porque, na época, a petista não integrava a organização. Nesta matéria, o site de fact-checking Aos Fatos explica que Dilma integrava o Comando de Libertação Nacional (Colina), organização formada por estudantes universitários que defendia a ação armada como meio para libertar o país. Somente em 1969 a Colina e o VPR se uniram, criando a Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares, a VAR-Palmares. Além disso, não há registros de que Dilma tenha participado de ações armadas.
Com isso, chegamos à conclusão de que Mario Kozel Filho não foi assassinado a tiros por Dilma em 1968. Isso porque o sargento foi morto em uma explosão durante um atentado, que não contou com a participação da petista.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.