Boatos – A canção O Toque do Silêncio, mais conhecida como Taps, conta a história de um capitão que perdeu o filho na Guerra Civil Americana, em 1862. É muito emocionante!
A música é uma arte capaz de estimular sensações e sentimentos, ainda mais quando há uma bela história por trás da sua origem. E, de acordo com uma postagem que está circulando a internet, a canção O Toque do Silêncio, mais conhecida como Taps, é uma delas. A composição supostamente conta a história de um capitão que perdeu o filho na Guerra Civil Americana, em 1862.
Diz a publicação que o capitão da União (durante os conflitos, o país estava dividido entre União e Confederados), chamado Robert Elly, tentou socorrer um soldado inimigo ferido durante a noite, após ouvir os seus gemidos. Em meio aos disparos, ele o trouxe até o seu campo para ajudá-lo, quando percebeu que aquele soldado, que já estava morto àquela altura, era o seu filho. Ele teria se alistado para o Exército Confederados sem que o pai soubesse.
Na manhã seguinte, mesmo sabendo que o filho se tratava de um soldado inimigo, o pai solicitou aos seus superiores que ele fosse enterrado com honras militares, ao som de músicos da banda de seu Exército. Forneceram apenas um músico, um corneteiro, a quem o pai pediu para tocar algumas notas musicais encontradas no bolso do uniforme do filho falecido, que estudava música no Sul, dando origem, então, à canção Taps.
Veja o vídeo com a música e o texto original da publicação que está sendo compartilhada nas redes sociais:
O Toque Do Silêncio Sua Verdadeira História Em 1862, durante a Guerra Civil Americana, quando o Capitão do Exército da União Robert Elly (o país estava dividido entre a União e os Confederados) estava com seus homens perto de Harrison’s Landing, no Estado da Virginia, e o Exército Confederado estava próximo a eles, do outro lado do terreno. Durante a noite, o Capitão Elly escutou os gemidos de um soldado ferido no campo. Sem saber se este era da União ou da Confederação, o Capitão decidiu arriscar sua vida e trazê-lo para receber cuidados médicos. Arrastando-se através dos disparos, o capitão chegou ao homem ferido e começou a arrastá-lo até seu acampamento. Quando o Capitão chegou finalmente às suas próprias linhas, descobriu que em realidade era um soldado confederado. Mas ele já estava morto.
O Capitão acendeu sua lanterna para, mesmo na penumbra, ver o rosto do soldado. De repente, ficou sem fôlego e paralisado. Tratava-se de seu próprio filho. O menino estava estudando música no Sul quando a guerra se iniciou. Sem dizer nada a seu pai, o rapaz havia se alistado no exército confederado. Na manhã seguinte, com o coração destroçado, o pai pediu permissão a seus superiores para dar a seu filho um enterro com honras militares, apesar de ele ser um soldado inimigo.
O Capitão pediu se poderia contar com os membros da banda de músicos para que tocassem no funeral de seu filho. Seu pedido foi parcialmente aprovado. Por respeito ao pai, disseram-lhe que poderiam fornecer um só músico. O Capitão então escolheu um corneteiro para que ele tocasse uma série de notas musicais que encontrou no bolso do uniforme do jovem falecido. Nasceu assim a melodia inesquecível que agora conhecemos como Taps, e que tem até uma letra:
O dia terminou O sol se foi dos lagos Das colinas e do céu Tudo está bem Descansa protegido A luz tênue obscurece a visão E uma estrela embeleza o céu Brilhando luminosa De longe se aproximando Cai a noite Graças e louvores para os nossos dias Debaixo do sol Debaixo das estrelas Debaixo do céu Enquanto caminhamos Isso nós sabemos Deus está próximo
Canção O Toque do Silêncio (Taps) conta história de capitão que perdeu filho na guerra em 1862?
A suposta história por trás da canção O Toque do Silêncio (Taps), que teria sido feita após um capitão do Exército perder tragicamente o filho na guerra, é mesmo muito linda, mas não é verdadeira. E nós contamos o porquê a partir dos seguintes fatos…
Em primeiro lugar, não é a primeira vez que desmentimos aqui no Boatos.org histórias falsas em torno da origem de músicas populares. Você deve se lembrar, por exemplo, do boato que dizia que a canção Flor de Lis, do Djavan, teria sido feita para a esposa e filha do cantor que morreram; de outro que contava que a música He Ain’t Heavy, He’s My Brother teria sido inspirado em um garoto do Vietnã; entre outras histórias bizarras, como a que afirmava que o trecho ‘Ratimbum’, da música de parabéns, significa ‘eu amaldiçoo você’ e a que contava que a música Lucy in The Sky With Diamonds, dos Beatles, faz apologia ao uso de LSD.
Então, não seria nenhuma surpresa que também surgisse uma história falsa para a canção do nosso caso de hoje. Em segundo lugar, ao procurarmos por notícias ou publicações em fontes confiáveis que falassem sobre a suposta história da música Taps e do capitão que perdeu o filho na guerra, nada encontramos.
Na realidade, ao buscarmos pela origem da composição da canção O Toque do Silêncio (Taps), o que encontramos foi uma matéria em inglês, do site Snopes, que trabalha com fact-checking, já desmentindo toda a história e contando, de fato, como a música surgiu (veja aqui).
A verdadeira história é que a Taps foi escrita pelo general Daniel Butterfield, Comandante da 3ª Brigada, 1ª Divisão, V Corpo do Exército, Exército do Potomac, durante a Guerra Civil Americana. O militar, insatisfeito com os disparos de fuzis de rifle que eram dados ao fim dos funerais de soldados mortos durante as batalhas e, também, com o som do antigo clarim francês usado para sinalizar “luzes apagadas”, ele decidiu criar a melodia (ou criar algo em cima do que já existia).
Em uma noite de julho de 1862, Butterfield convidou o trovador de sua brigada, o soldado Oliver Willcox Norton, com a sua corneta, para a sua tenda, a fim trabalharem na canção que conhecemos hoje como Taps. Ele reorganizou notas musicais e, após terminar o trabalho, pediu a Oliver que soasse a corneta com aquela canção no lugar da chamada de regulamento para “luzes apagadas”. Hoje, essa chamada é o que nós conhecemos como Taps, justamente por causa da música.
Logo, a canção Taps, tal como acontece até hoje, passou a ser ouvida em cerimônias em homenagem a militares mortos nas forças da União e Confederação e, também, é compreendida pelos militares norte-americanos como sinal de “apagar as luzes” ao fim do dia.
Atualmente, quando a Taps é tocada em funerais de militares, é comum saudar, no caso de quem estiver com uniforme, ou colocar a mão no coração, no caso de quem não estiver uniformizado.
Resumindo: A origem da canção O Toque do Silêncio (Taps) não tem nada a ver com um capitão que perdeu o seu filho na guerra. Ela surgiu após um general do Exército sentir-se incomodado com os disparos de fuzis e o som de um clarim francês que era tocado nos funerais dos soldados mortos durante as batalhas, ou na chamada de “apagar as luzes” ao fim do dia, dada aos militares norte-americanos. Por isso, ele decidiu criar (ou recriar) a melodia e tocá-la em uma corneta, alterando algumas notas musicais, e dando origem à bela canção que conhecemos hoje como Taps.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.