Boato – Muçulmanos distribuíram panfletos do “Alcorão de Maomé” com ordens absurdas na escola D. Pedro II, em São Cristóvão (RJ). Entre elas, o papel incita “matar não muçulmanos”.
Não é de hoje que casos de intolerância religiosa e xenofobia viram pauta de boatos espalhados na internet. E, no desmentido de hoje, mais uma vez, os muçulmanos foram os “alvos” da história. Recentemente, começou a circular no Facebook uma publicação que dá conta de que muçulmanos teriam distribuído panfletos do “Alcorão de Maomé” (o livro sagrado do Islã), só que com ordens absurdas, em frente à escola D. Pedro II, em São Cristóvão (RJ).
No tal panfleto, havia uma lista com várias práticas criminosas e difamatórias sobre o livro sagrado da religião, sugerindo que os muçulmanos praticam estupro, assassinato, extorsão, escravidão, entre outras. Entre as ordens descritas no papel estavam “extorquir e matar não muçulmanos”.
Em um vídeo, ao ser abordado pelos pais das crianças, um homem que estava distribuindo os panfletos às crianças disse que “estava fazendo a obra de Deus”. Obviamente, a publicação gerou revolta e uma série de comentários com ataques aos muçulmanos, inclusive, ligando-os (erroneamente) à captação de terroristas: “muçulmanos aliados da esquerda comunista”, “Surra imediatamente e jogar banha de porco nesses terroristas maometanos!”. Confira as duas versões da publicação que está rodando online:
HOJE VAI UM ALERTA PARA OS PAIS E CRIANÇAS/ADOLESCENTES!!!! Hoje, pela manhã, meu cunhado ao deixar minha sobrinha na escola em São Cristóvão (Pedro II), se deparou com um babaca, digamos assim, na porta da escola distribuindo folhetos “Alcorão de Maomé” SOMENTE para as crianças. Ao pegar o folheto, estava escrito esses absurdos, para as crianças compactuarem com tudo de ruim. Estão distribuindo em várias portas de escolas. Hoje o tanto de caso que tem é assustador!!!! Hoje foi no Pedro II, mas amanhã pode ser na porta da escola do seu filho(a) e chegarem em casa com um folheto desse.
Fiquem atentos e conversem com os filhos de vocês para não pegarem nenhum folheto/bala/doces, NADA em porta de escola e nem em lugar algum. É MUITO PERIGOSO, HOJE O MUNDO TÁ PERVERSO!!!! Graças aos pais que chamaram a polícia e seguraram o cara até a chegada da polícia e seguiram para a delegacia 17 DP. Que seja levado muito a sério! Foquem BEM na cara desse traste!!!! É permitido a livre manifestação de seu culto ou religião, desde que ela não incite a crimes como esses que estão nessa folha de papel… É REVOLTANTE!
Muçulmanos distribuem “Alcorão de Maomé” com ordens absurdas na escola D. Pedro II?
A história ganhou vários compartilhamentos e, é claro, viralizou pelos quatro cantos da internet. Mas será mesmo que os muçulmanos distribuíram panfletos do falso “Alcorão de Maomé” na escola D. Pedro II? A resposta é não! E nós te contamos o porquê a partir de fatos.
Para começar, devemos dizer que, de fato, houve a distribuição dos tais panfletos em frente à escola, localizada no bairro de São Cristóvão (RJ). Porém, existem dois pontos errados nisso tudo: o primeiro é que não eram os muçulmanos que estavam no local distribuindo o falso Alcorão, mas sim dois homens integrantes de uma igreja evangélica que já teve, inclusive, condenados por intolerância religiosa em outra ocasião.
Eles foram presos e a polícia está investigando o caso. E o segundo ponto é que há uma interpretação errada quando se fala em muçulmanos como terroristas, como aconteceu na maioria dos comentários da publicação. Nem sempre um terrorista é muçulmano e vice-versa.
Um muçulmano é um fiel praticante do Islamismo, religião criada pelo profeta Maomé no início do século VII. Já terrorista é um termo usado para se referir ao Estado Islâmico (organização político-militar de muçulmanos extremistas que deseja o fim de outras culturas diferentes da sua). Ou seja, nem todo muçulmano é extremista ou pertencente ao Estado Islâmico.
Resumindo: A interpretação de que os muçulmanos é que estavam distribuindo os panfletos do falso Alcorão com práticas criminosas é torta, já que os dois homens presos no local não pertenciam à religião muçulmana, mas sim, a uma congregação do Rio de Janeiro que, inclusive, já tem um histórico de envolvimento em outras confusões ligadas à intolerância religiosa.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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