Boato – Foram descobertos vídeos e fotos do baile funk de Paraisópolis. Nas imagens, crianças usavam armas e coletes de policiais, motos roubadas eram exibidas e bandidos atiravam para o alto.
A morte de nove jovens após a ação da polícia em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na cidade de São Paulo, causou sentimentos dos mais diversos. Entre o desejo de esclarecimento dos motivos para as mortes e uma certa revolta com algumas cenas que foram divulgadas pela mídia, uma história “de contraponto” começou a surgir na web. Trata-se de uma mensagem acompanhada por uma série de vídeos e fotos que seriam do baile funk de Paraisópolis da última semana.
Em uma das fotos, um menino está com um colete da polícia e uma arma na cintura. Junto à foto, há o seguinte texto: “Provavelmente o dono desse colete esteja morto”. Outra foto é de dois jovens em uma moto com a legenda “só legendas”. Outra é de um carro sem peças com a legenda “carro roubado depenado em bile funk”.
Há ainda, fotos de cápsulas de balas com a legenda “cápsula de munição encontrada em local de bile funk”, a imagem de um rapaz com um fuzil com a legenda “morador e frequentador do bile funk próximo onde foi encontrada a cápsula da munição”. Por fim, há vídeo de veículos roubados (como uma moto e uma Spin) e bandidos atirando para o alto. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Alerta: tenha cuidado com mensagens que imputam crimes a mortos jovens em ações da polícia
Versão 1: Mais coitadinhos do Paraisópolis! Agora efetuando disparos e sem capacete, o que o menor dos Problemas. Pois se cai e morre, um a menos… Versão 2: Começa aparecer a verdade sobre o massacre no pancadão de Paraisópolis. Isso o fantástico não mostra. Versão 3: Que tragédia nesse fim de semana. Nove inocentes morreram no baile funk em Paraisópolis. quem frequenta esses lugares sabe o perigo que corre e não tem santo nenhum …. e a culpa é da polícia ? Ah tá viu .
Imagens mostram criança com colete da polícia, motos roubadas e bandidos atirando em baile funk de Paraisópolis?
As imagens foram compartilhadas por alguns perfis como forma de “justificar” a ação policial ocorrida em Paraisópolis. Mesmo se elas fossem do local, não justificaria uma ação que resulta na morte de nove pessoas que não estavam cometendo crime algum. Não bastasse isso, as imagens não são de Paraisópolis. Para você entender tudo, vamos aos fatos.
Esse tipo de notícia falsa é muito comum na internet. Sempre que uma ação policial resulta na morte de alguém, não demora muito para aparecer uma acusação contra a vítima. Temos casos que vão desde acusações falsas contra Marielle Franco até imagens atribuídas a vítimas de ações policiais como Marcus Vinícius, Eduardo e Maria Eduarda.
Assim como nos outros casos, as fotos e vídeos foram tirados de contexto. Ao fazer uma busca por elas, chegamos a um caso de 2016. Na ocasião, bandidos “comemoraram” nas ruas do Jardim Elisa Maria, na Zona Norte da capital paulista (Paraisópolis fica na Zona Sul). Essa matéria do Estadão aponta que o evento foi chamado de “Natal do Crime”.
Esse vídeo do Brasil Urgente fala do assunto. O programa policialesco da TV Band aponta que o local seria o “berço do PCC” em São Paulo. “Nos bailes que acontecem na comunidade Elisa Maria, na Zona Norte de São Paulo, criminosos exibem motos e carros roubados, além de muitas drogas e bebidas”, diz a descrição do vídeo. Assista:
É importante citar que o chamado Baile da Dz7 foi criado há mais de uma década e, apesar de reclamações em relação ao barulho e consumo de drogas (algo que acontece também em festas da “elite”), não há qualquer denúncia de cenas explícitas de violência como as mostradas nas imagens que circulam online.
Resumindo: a história que aponta que jovens foram flagrados com armas, coletes policiais e carros roubados no baile funk da Paraisópolis é falsa. As imagens são de 2016 e de outra “festa”, localizada no outro lado de São Paulo.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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