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Vírus ebola e surto de leptospirose atingem Belo Horizonte e Minas Gerais #boato

Vírus ebola e surto de leptospirose atingem Belo Horizonte e Minas Gerais, diz boato (Foto: Reprodução/Facebook)

Boato – Internação de pessoas na cidade de Belo Horizonte e cidades de Minas Gerais se deu por causa de um surto de ebola e leptospirose.

O caso das pessoas internadas em Belo Horizonte e cidades de Minas Gerais com uma doença chamada de síndrome nefroneural tem gerado muitos debates. Em meio às apurações das circunstâncias do que realmente ocorreu (no momento, a hipótese mais cogitada é de envenenamento após consumo de cerveja por dietilenoglicol), muita informação está circulando na internet. Hoje vamos falar de duas delas.

Uma das mensagens, que é um “complemento” a um alerta epidemiológico que circulou nos últimos dias dá conta de que a “doença misteriosa” que acometeu (até o momento) dez pessoas seria o vírus ebola. Em alguns casos, a doença é relacionada ao consumo de cerveja. Leia algumas das versões da história que circula online:

Versão 1: Alerta epidemiológico para quem for viajar ou atender pacientes que venham de BH: Surto de condição grave ainda sem diagnóstico iniciado em Belo Horizonte (MG): 7 casos notificados de 29/12/2019 a 06/01/2020. Fundamental estado de alerta. A última notificação dessa foi de ebola, então atenção e divulguem pros amigos e familia.

Versão 2: AVISO IMPORTANTE: Para quem gosta de cervejaria e tomar uma cerveja,já está confirmado 7 casos do vírus ebola em Belo Horizonte. Versão 3: Sobre a doença que levou 17 pessoas para a UTI ,em Belo Horizonte,em estado grave e um homem morreu, os sintomas são iguais aos gerados pelo vírus Ebola. Até agora ,a informação não foi confirmada, mas há suspeita de que possa ser o vírus que está circulando na capital mineira. Aguardemos,pois.. .

Além da corrente que aponta que o vírus ebola chegou a Belo Horizonte (e que causou pânico em muita gente), outra versão da história dá conta de que a contaminação na cerveja teria se dado por causa de leptospirose. “Há suspeita de surto de leptospirose. ENTÃO, *LAVAR TUDO QUE COMPRA*, LATAS, iogurtes, CAIXAS DE SUCO, caixa de leite, etc…”, diz a mensagem.

Surto de ebola e leptospirose atingem Belo Horizonte e Minas Gerais?

As teses circularam com força na internet e chamaram muita atenção em redes sociais. Mas será mesmo que a doença nefroneural tem alguma relação com o vírus ebola ou a um surto de leptospirose em Belo Horizonte e cidades de Minas Gerais. Pelo menos por enquanto, a resposta é não. Calma aí que a gente explica tudo para vocês.

Em meio ao turbilhão de informações desencontradas sobre o caso (algumas divulgadas até por pessoas, entidades e empresas envolvidas e que induziram o Boatos.org a um erro de informação, algo que será explicado ao final do texto), as teses de ebola e leptospirose também ganharam força. Porém, com o temos de informações até o momento, elas não se sustentam.

Para além do fato de que a informação que circula online só foi divulgada em redes sociais e não tem base em nenhuma fonte confiável, tudo que foi divulgado até o momento não vai ao encontro de que os pacientes internados tenham contraído ebola ou leptospirose.

Informações da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte apontam que os sintomas dos pacientes internados foram de problemas gastrointestinais, seguidos de insuficiência renal aguda de rápida evolução e alterações neurológicas como paralisia facial e borramento visual.

Esses sintomas não batem com o do vírus ebola. De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas do ebola são febre, dor de cabeça, diarreias, falta de apetite e hemorragias. Vale dizer também, que não há casos registrados no Brasil e que nenhum dos pacientes internados tem histórico de viagens recentes para locais com grande incidência do vírus (como a África).

Quando começamos a analisar os sintomas de leptospirose também percebemos que eles não batem com a doença nefroneural. De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas são febre, dor de cabeça e dores no corpo (principalmente panturrilhas). É importante citar que há, sim, um alerta (por causa do período de chuvas) em relação à doença. Porém, não há comprovação (até o momento) de relação com os casos citados aqui.

Para além da questão dos sintomas, há também o fato de que as investigações trabalham com uma hipótese diferente das apontadas em redes sociais: da intoxicação com dietilenoglicol após o consumo da cerveja Belorizontina.

A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais já apontou que a substância foi encontrada no sangue de três pacientes internados e a Polícia Civil revelou que todos os internados consumiram cerveja da marca (na mesma matéria, é apontado que exames excluem hipóteses de leptospirose e outras doenças).

Resumindo: pelo que temos até o momento, a informação que aponta que há surtos de leptospirose ou casos de vírus ebola em Belo Horizonte e outras cidades de Minas Gerais não procede. Os sintomas dos pacientes não batem com os das doenças citadas e as autoridades já trabalham com uma hipótese mais forte.

Esclarecimento: como somos um site que visa combater a desinformação na internet, é primordial que seja feita uma correção a partir do momento em que percebemos que publicamos uma informação errada no nosso site. Trata-se de um compromisso com os nossos leitores.

No último dia 05/01/2020, classificamos como “boato” a informação que apontava que os pacientes internados haviam sido infectados após beberem a cerveja da marca Belorizontina. Além da ausência da informação em fontes confiáveis ou mesmo de identificação de quem as publicou (características intrínsecas de boatos online), verificamos que a informação foi desmentida por pessoas próximas aos pacientes (inclusive parentes) e pela marca citada. Ou seja: tudo apontava para uma tese falsa.

Ao percebermos que, a partir da nossa apuração, erramos ao classificar a informação como “boato”, fizemos uma atualização na publicação e, posteriormente, uma errata. Ainda vamos acompanhar o caso até que tenhamos 100% de certeza sobre o assunto e, se for preciso, faremos mais atualizações na publicação em questão.

P.S.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.

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