Boato – O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afastou o promotor que estava à frente de caso Flávio Bolsonaro e, agora, também afastou o delegado do caso Marielle Franco. Ele estaria tentando acobertar os mandantes do crime e, também, a família Bolsonaro.
Após quase dois anos da morte da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018, as investigações sobre o caso continuam ainda sem respostas conclusivas e com direito a suspeitas polêmicas, inclusive, supostamente envolvendo o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, e o seu filho Carlos Bolsonaro.
Além disso, ao que tudo indica, eles não seriam os únicos envolvidos em polêmicas dentro da família Bolsonaro ou do atual governo. Uma publicação que está circulando o Facebook, especialmente em páginas contrárias ao governo, dá conta de que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, teria afastado o promotor do caso Flávio Bolsonaro, filho do presidente, que investigava supostas “rachadinhas” para desviar salários de funcionários do gabinete do então senador no Rio de Janeiro, após o seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, realizar movimentações financeiras “atípicas” em sua conta bancária.
Da mesma forma, Moro também teria afastado o delegado do caso Marielle Franco, com o intuito, segundo a publicação que está sendo compartilhada, de acobertar os mandantes do crime e, possivelmente, o presidente e o seu filho Carlos Bolsonaro. Confira abaixo o texto original da postagem que está rodando as redes sociais e que já rendeu muitos deslikes e comentários:
Moro afasta Promotor que investigava Flavio Bolsonaro e agora afasta delegado que investigou assassinos de Mariele. Entenderam?
Moro afastou promotor de caso Flávio Bolsonaro e delegado de caso Marielle?
Obviamente, a publicação com a acusação contra o ministro da Justiça, já conhecido por seu trabalho como juiz da Operação Lava Jato, revoltou muitos internautas, principalmente, aqueles contrários ao governo. Mas será mesmo que Moro afastou o promotor do caso Flávio Bolsonaro e o delegado do caso Marielle? A resposta é não! E o porquê você confere a seguir.
Para começar, a mensagem da publicação que está sendo compartilhada carrega todas as características de boatos: é vaga (não fornece mais informações sobre quando, como e porque houve os supostos afastamentos), alarmista (tem o intuito de causar revolta à população), possui erros de português e, ainda, não cita fontes confiáveis que possam confirmar o que está sendo dito.
Em segundo lugar, ao buscarmos mais detalhes sobre o assunto, chegamos aos motivos reais para os tais afastamentos. O primeiro, em relação ao afastamento do promotor do caso Flávio Bolsonaro, descobrimos que Sérgio Moro não teve nada a ver com o ocorrido. Na verdade, o que aconteceu foi o que próprio promotor em questão, Cláudio Calo, decidiu declarar-se suspeito e deixar o caso, em fevereiro de 2019, após ter tido um encontro com o filho de Jair Bolsonaro antes do início das investigações. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), à época, ficou responsável por designar outro promotor para conduzir o processo.
Além disso, mesmo se fosse o caso, o ministro Sérgio Moro não teria o poder de afastar Calo ou quaisquer outros promotores do Ministério Público, uma vez que o órgão é independente dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), conforme determina a Constituição de 1988.
Em relação ao suposto afastamento do delegado do caso Marielle Franco, Moro também não foi o responsável. O delegado Giniton Lages deixou as investigações na segunda etapa de apuração do crime em março de 2019, o que foi confirmado pelo governo do Rio de Janeiro, para fazer um intercâmbio na Itália pelo período de quatro meses, por vontade própria.
E, da mesma forma que no caso do promotor, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, também não teria poder para afastar o delegado das investigações sobre a morte da vereadora. Isso porque a Polícia Civil do Rio de Janeiro é subordinada ao governo do estado. Sendo assim, por lei, Moro não teria prerrogativa para solicitar o afastamento de qualquer delegado.
Resumindo: A publicação que dá conta de que Sérgio Moro afastou o promotor do caso Flávio Bolsonaro e o delegado do caso Marielle não é verdadeira. Além de os dois profissionais que estavam à frente dos casos terem afastamentos motivados por vontade própria, o ministro da Justiça jamais teria poder para fazê-los.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99177-9164.
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