Boato – Novo Código Penal da Bolívia vai proibir que bolivianos falem em nome de Deus e evangelizem outras pessoas. Vídeo denuncia tudo.
Os números da Covid-19 no mundo todo continuam crescendo, especialmente nos países em que a doença ainda não está controlada ou em locais onde a reabertura do comércio e escolas já ocorreu. Ao total, o mundo já registrou mais de 13 milhões de casos de infectados pela Covid-19.
Na América Latina, a situação é dramática, principalmente pelo alto número de casos e de mortes registrados no Brasil. Mas não é apenas em terras tupiniquins que a situação é grave. Na Bolívia, por exemplo, os números saltaram e, nos últimos dias, baterem recordes nacionais.
E se a situação, em relação à doença, na Bolívia não está fácil, parece que uma lei ainda pode causar diversos transtornos no país. De acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, o novo Código Penal da Bolívia teria proibido os cidadãos de falar no nome de Deus. Segundo o vídeo que acompanha a publicação, o Código Penal iria criminalizar a evangelização, o que permitiria a prisão de cristãos no país. Confira:
“Nem todos entrarão no céu viu povo !!! Meu Deus é crime falar de Jesus??hein ? Preparai-vós Jesus voltará. Faça um compromisso com Cristo hoje. A Bíblia diz: “Agora é o tempo do favor de Deus, agora é o dia da salvação” (2 Coríntios 6:2). “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”.
Bolívia proíbe que pessoas falem em nome de Jesus no país?
A informação gerou grande repercussão nas redes sociais e resultou em diversas críticas contra o governo boliviano. Mas será que essa história de que a Bolívia teria proibido os cidadãos de falar em nome de Deus no país é real? A resposta é não!
Vamos aos fatos! Uma rápida leitura na publicação é o suficiente para identificarmos diversas características de fake news. Ela é vaga, bastante alarmista, possui erros de português e não cita fontes confiáveis.
Antes de entrarmos no desmentido, precisamos entender o contexto que permitiu que essa fake news circulasse no Brasil. A Bolívia é um país com uma quantidade enorme de povos nativos (indígenas). A relação da cultura indígena com a população boliviana é bastante estreita. A maior parte dos bolivianos se identifica com alguma cultura nativa do país.
Nos últimos anos, alguns municípios conquistaram a autonomia indígena na Bolívia, onde passaram a ser governados pelos povos nativos daquela região. Antes disso, em 2005, Evo Morales foi o primeiro presidente de origem indígena eleito no país por meio do voto popular. A eleição de Evo Morales abriu portas para a reafirmação dos povos nativos da Bolívia. Foi aí que, em 2009, a Bolívia votou sua nova Constituição e se transformou em um Estado Plurinacional, isto é, um Estado que reconhece a diversidade étnica, cultural, a autonomia dos povos indígenas e seu direito à terra.
Dito isso, é fácil de perceber uma relação bastante estreita com os povos nativos e, consequentemente, um certo afastamento daquilo que vem de fora. Ao buscar pela história citada no texto, descobrimos que ela é real. Porém, se trata de uma ameaça que não existe mais e de uma lei que sequer foi aprovada.
Toda essa história começou no final de 2017, quando o ex-presidente Evo Morales propôs um novo código para o Sistema Criminal da Bolívia. A proposta previa uma série de mudanças na legislação do país e causou revolta por parte dos bolivianos.
Em outros países, a decisão gerou inúmeras fake news. Aqui no Brasil, a equipe do Boatos.org desmentiu duas delas. A primeira indicava que, baseada no novo código penal, a polícia da Bolívia teria invadido a Catedral de La Paz e trancado cristãos dentro. Já a segunda apontava que, após a proposta da lei que proibiria o cristianismo, policiais teriam atacado uma igreja na Bolívia e provocado uma chacina.
Após inúmeros protestos de diversos setores da sociedade, como cristãos, médicos, jornalistas e professores, Evo Morales decidiu suspender a aplicação do novo código penal na Bolívia, revogando a lei. O anúncio foi feito no dia 21 de janeiro de 2018 em rede nacional.
Pouco antes da decisão de Evo Morales em revogar o novo código penal, uma rede cristã fez uma reportagem sobre o assunto. O vídeo é o mesmo usado na história de hoje. Como é possível observar, o vídeo foi publicado em 19 de janeiro de 2018, no canal da cantora gospel Mara Lima, e pedia orações para os bolivianos.
Por fim, vale destacar que Evo Morales sequer é o presidente da Bolívia. Após escândalos envolvendo as eleições presidenciais de 2019, Evo Morales foi pressionado pela população e por seus adversários, o que resultou na sua renúncia. Na época, a senadora Jeanine Áñez foi proclamada presidente do Estado Plurinacional da Bolívia e, desde então, segue como presidente interina do país.
Em resumo: a história que diz que a Bolívia decidiu proibir que as pessoas falem em nome de Deus é falsa! O projeto que previa a criminalização da evangelização no país, de fato, existiu. Ele foi apresentado no final de 2017 e gerou grande repercussão no início de 2018. Após inúmeros protestos, o ex-presidente Evo Morales decidiu retirar o projeto e não mexer na legislação do país. Nem o projeto é novo, muito menos foi aprovado e Evo Morales sequer é o presidente do país. Ou seja, tudo não passa de balela! Não compartilhe!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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