Boato – 396 mil funcionários públicos que fraudaram o auxílio emergencial durante a pandemia serão demitidos pelo governo federal
É fato que o auxílio emergencial, pago à população brasileira durante a pandemia, ajudou muitas famílias e pessoas que perderam suas rendas ao longo da quarentena. Porém, e infelizmente, muita gente que não tinha direito ao pagamento do auxílio acabou recebendo o dinheiro de forma indevida.
E de acordo com uma história que está circulando por aí, parece que o governo federal decidiu tomar atitudes mais enérgicas sobre o caso. Segundo uma publicação, 396 mil servidores públicos que teriam recebido o auxílio emergencial de forma indevida serão demitidos pelo governo federal. “O Governo Federal decide demitir os 396 mil servidores públicos que fraudaram o auxílio emergencial… O que vcs acham disso???”, diz a mensagem que circula online.
Governo vai demitir 396 mil funcionários públicos que receberam auxílio emergencial?
Pois bem, a notícia de que funcionários públicos teriam recebido de forma indevida o auxílio emergencial causou revolta nas redes sociais, mas a suposta solução apresentada parece ter agradado. Porém, será que essa história de que o governo federal vai demitir os 396 mil servidores que fraudaram o auxílio emergencial é verdade? Não é!
Vamos aos detalhes! Basta uma olhada na publicação para perceber que ela possui diversas características de fake news. Ela possui caráter vago, alarmista e não cita fontes confiáveis.
Além disso, desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o poder, diversas fake news sobre “grandes feitos do governo federal” começaram a invadir as redes sociais. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que o governo Bolsonaro teria construído ponte estaiada, em Ilhéus (BA). Também a que indicava que Bolsonaro iria unir o Bolsa Família e criar um benefício permanente de R$1200 e, por fim, a que apontava que Bolsonaro teria demitido funcionários que ganhavam R$35 mil em empresa do trem-bala que nunca existiu.
Ao buscar mais detalhes sobre essa suposta informação, descobrimos que, no mínimo, há um enorme exagero no que está circulando nas redes sociais. Para começo de história, os números simplesmente não batem. O número de 396.316 mil funcionários corresponde a todos aqueles servidores que receberam o auxílio emergencial. Nessa conta, estão inclusos funcionários públicos estaduais e municipais. Ou seja, pessoas que estão fora da alçada do governo federal. Isso, por si só, já dificultaria bastante a ação de demissão em massa.
Na esfera federal, são 7.236 servidores civis públicos e 17.551 servidores militares, ativos, inativos ou pensionistas. A Controladoria-Geral da União (CGU) responde somente aos servidores civis, ou seja, apenas aos casos de 7.236 funcionários públicos federais.
Além disso, falar em demissão em massa de forma tão imperativa poderia ser, em alguns casos, injusto. A CGU alertou que, pela forma como o benefício é concedido automaticamente para algumas pessoas, é possível que boa parte desses funcionários não tenham solicitado o auxílio emergencial. A explicação se deve à inclusão dos servidores públicos no Cadastro Único (CadÚnico). Além disso, ainda há casos onde o CPF dos funcionários foram usados por terceiros para se ter acesso ao benefício. A CGU já solicitou a devolução do valor indevido recebido pelos servidores. Leia o que há em nota do órgão:
É importante ressaltar que, pela forma de operacionalização do benefício, é possível que os servidores não tenham feito solicitação para seu recebimento, mas que tenham sido incluídos como beneficiários do Auxílio Emergencial de forma automática por estarem no Cadastro Único para programas sociais ou por serem beneficiários do Programa Bolsa Família.
Em resumo: a história que diz que o governo federal vai demitir 396 mil funcionários públicos que receberam o auxílio emergencial de forma indevida é falsa! O número corresponde a todos os servidores públicos civis e militares do país, nos âmbitos municipal, estadual e federal. O número de funcionários públicos que estariam sujeitos à uma ação federal é de 7.236 pessoas (servidores públicos civis). Além disso, a própria CGU afirmou que muitas dessas pessoas podem ter recebido o benefício de forma equivocada por conta do cadastro no CadÚnico, quando recebiam outros auxílios do governo. A orientação é para devolução do auxílio. Ainda não é possível dizer se todos (ou apenas alguns) serão demitidos. Ou seja, a história não passa de balela. Até a próxima!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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