Boato – Durante Assembleia da ONU de 2018, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, denunciou que o Hezbollah tinha mais de mil mísseis escondidos no porto de Beirute (Líbano).
A explosão no porto de Beirute (capital do Líbano) foi um dos poucos acontecimentos que conseguiu ganhar atenção internacional durante a pandemia da Covid-19. O desastre em si, as imagens impressionantes da catástrofe e a situação política do Oriente Médio (que sempre levanta suspeitas de atentados) foram alguns dos motivos para que os olhos se voltassem para o ocorrido. No meio disso, uma história começou a circular na internet.
Um vídeo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU de 2018, voltou a circular na internet em tom de denúncia. De acordo com mensagens que acompanham o vídeo, o premiê israelense teria “cantado a pedra” de que o grupo Hezbollah teria escondido mil mísseis no porto de Beirute.
O vídeo e a mensagem fizeram muitas pessoas “tirarem conclusões” sobre o que teria ocorrido. Alguns falaram que teria sido um ataque direcionado para destruir os mísseis (e a cidade). Outros falaram que foram os mísseis que causaram tamanha explosão após o acidente. Leia a mensagem que circula online:
Versão 1: “O Hezbollah está usando o povo inocente de Beirute como escudo humano para depósito de mísseis. Mais de mil mísseis estão estocados em três locais diferentes, próximos ao porto” Isto foi o que o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, denunciou na septuagésima terceira Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 2018. Mas você vai ler na imprensa que tudo não passou de um acidente num depósito de nitrato de amônio…
Versão 2: 27 de setembro de 2018 — Assembleia Geral da ONU. Benjamin Netanyahu, PM de Israel, revelou que o Hezbollah (com ajuda do Irã) construiu 3 instalações para o armazenamento de mísseis em Beirute. Um dos depósitos estaria embaixo do porto de Beirute. E ele mostra um mapa com os supostos locais usados pelos terroristas.
Benjamin Netanyahu disse que Hezbollah escondeu mísseis no porto de Beirute (Líbano)?
A mensagem circulou com muita força na internet e poderia ser peça importante nas investigações sobre o assunto. Falamos seria porque a informação que aponta que o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu denunciou mísseis no porto de Beirute não procede. Vamos aos fatos.
Assim como o que já aconteceu em tragédias que causaram comoção nas pessoas (como, por exemplo, Brumadinho, ataques na França, Mariana etc), não demorou muito para fake news sobre a explosão em Beirute aparecerem por aí. Já desmentimos, aqui no Boatos.org, uma foto que falava de pessoas “voando” durante a explosão.
Já com um pé atrás, fomos atrás de mais detalhes sobre a denúncia. A primeira coisa que descobrimos foi que ela não estava em nenhuma fonte confiável. Se, de fato, a denúncia do primeiro-ministro de Israel sobre o Hezbollah no Líbano fosse real, com certeza viraria notícia em veículos de mídia e entraria no rol de hipóteses sobre as causas da tragédia.
A segunda coisa que descobrimos foi que, de fato, Benjamin Netanyahu fez uma denúncia contra o Hezbollah em 2018. Porém, ela não tem nada a ver com o local da explosão. Na própria transcrição do discurso, Netanyahu deixa bem claro que os mísseis estariam próximos ao aeroporto de Beirute.
O próprio vídeo que circula online contradiz a informação que fala em mísseis no porto de Beirute. Assista a uma versão correta da publicação:
É importante citar que o aeroporto de Beirute fica a mais de 10km do porto da cidade. Ou seja: isso elimina a hipótese de que a explosão em questão foi causada pelos supostos mísseis que estariam no local.
Resumindo: a história que aponta que o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu disse que o Hezbollah escondia mísseis no porto de Beirute é falsa. Em 2018, o premiê disse que as armas estariam no aeroporto da cidade, local que fica a mais de 10km do ponto onde ocorreu a explosão.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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Em tempo: gostaríamos de agradecer o leitor Rodrigo Ramthum, que, além de sugerir a pauta, apontou para o erro de interpretação que viralizou online.