Boato – ONGs internacionais querem contrabandear pedras preciosas no Brasil e não preservar a biodiversidade na Amazônia. Fotos mostram essas pedras.
As queimadas no Brasil, novamente, tem feito barulho internacionalmente. Em 2019, a situação na Amazônia mobilizou artistas internacionais, como Leonardo DiCaprio, e políticos, como o presidente da França Emmanuel Macron.
Agora, em 2020, a situação no Pantanal brasileiro também causou reprovação por parte de representantes de países europeus e organizações não-governamentais (ONGs) nacionais e internacionais. Mas de acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, o interesse das ONGs internacionais no Brasil não teria relação alguma com as queimadas e à perda da biodiversidade.
Segundo a publicação, o real interesse de ONGs internacionais no Brasil seria o contrabando de minerais e da biodiversidade na Amazônia. Junto do texto, há também imagens de diversas pedras preciosas que seriam encontradas na Amazônia. Ainda de acordo com a publicação, a Amazônia teria se tornado área militar, com uma força-tarefa comandada pelo vice-presidente do Brasil, general Mourão. Confira:
Atenção: Cuidado com fotos que mostram “riquezas da Amazônia” que foram pegas por ONGs
“Vejam nas fotos abaixo quem são exatamente os animais e os vegetais que as ONGs nacionais/internacionais e alguns artistas/personalidades querem preservar na nossa Amazônia. Nosso país vem sendo sistematicamente assaltado por canalhas que se fingem defensores da natureza para contrabandear nossos minerais e nossa biodiversidade existentes na floresta Amazônica. ACABOU !!!!! Agora a Amazônia é área militar, com uma força tarefa comandada por um general/vice-presidente da República linha dura. Agora vocês vão ter que assaltar lá fora , porque no Brasil a roubalheira acabou desde 2019”.
Fotos mostram pedras preciosas da Amazônia que as OnGs internacionais querem?
A publicação fez grande sucesso nas redes sociais, em especial, no WhatsApp e no Facebook. O texto e as imagens foram compartilhados centenas de vezes entre grupos e publicações públicas. Porém, a história não passa de balela!
Uma rápida olhada no texto já é o suficiente para perceber os equívocos. A publicação apresenta as principais características de fake news na internet, como o caráter vago, alarmista, os erros de português e a falta de fontes confiáveis.
Além disso, informações falsas sobre a Amazônia não são novidade na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, o que rendeu uma publicação especial de 31 histórias falsas sobre a Amazônia.
Uma, em especial, nos ajuda a explicar a história de hoje. Em 2019, uma informação falsa dava conta de que a Amazônia teria se tornado área militar após um decreto de Bolsonaro. Tudo não passou de uma interpretação equivocada do decreto nº 9.985/2019. No decreto, Bolsonaro liberava o uso das Forças Armadas para ações de preservação ambiental em alguns estados da Amazônia Legal, como Amazonas e Mato Grosso, caso os governos estaduais viessem a fazer um pedido de apoio ao governo federal.
Ao lermos o decreto, pudemos perceber que o decreto não permite a ação das Forças Armadas em toda a Amazônia. Além disso, os governadores ficaram responsáveis por decidir a área de atuação do Exército. Se isso não fosse suficiente, a ação das Forças Armadas se restringe apenas ao combate a focos de incêndio e ações de prevenção contra crimes ambientais.
Vale ressaltar que essa história de que ONGs estariam roubando pedras preciosas da Amazônia já é antiga. A equipe do Boatos.org já desmentiu duas dessas histórias. Em 2019, uma história indicava que um diamante de duas toneladas e meia teria sido encontrado em uma ONG na Amazônia. Também em 2019, uma história que dizia que uma esmeralda de duas toneladas e meia que seria enviada para a França foi descoberta na Amazônia.
Por fim, as imagens usadas na publicação são a cereja do bolo. As fotos passam longe de serem provas e não têm nada a ver com a Amazônia. A imagem que mostra uma pepita de ouro foi retirada do site pessoal do geólogo Jeff Williams. Já a imagem que exibe um diamante bruto rosa, foi retirada da galera da Gem Diamonds, que encontrou o diamante em Lesoto, na África. Enquanto isso, algumas fotos foram retiradas do site da empresa Amazônia Geologia e Ambiental, uma consultoria em análises geológicas e ambientais.
Vale destacar também que uma publicação sobre minas em Roraima, de 2019, usando muitas das imagens que aparecem na história de hoje, ressalta que as fotos utilizadas são apenas ilustrativas (e não foram retiradas da Amazônia).
Em resumo: a história que diz que imagens mostram pedras preciosas da Amazônia que as ONGs internacionais querem contrabandear é falsa! Essa história de que ONGs estariam interessadas em contrabandear pedras preciosas da Amazônia já circulam há algum tempo na internet, mas não possuem nenhum embasamento. Além disso, a informação de que a Amazônia virou área militar também é falsa (não existe qualquer lei sobre o assunto). Por fim, as imagens usadas na publicação foram retiradas de sites internacionais e não foram encontradas na Amazônia.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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