Boato – Marina Silva e marido são um dos maiores traficantes de madeira do mundo e tiveram carga apreendida pelo Exército no Pará.
Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado diversos focos de queimadas ao longo de todo o país, em especial, na região do Pantanal. Ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à presidente nas últimas três eleições, Marina Silva apontou o desmonte das políticas públicas ambientais como um dos principais motivos para a situação alarmante.
Em seu Twitter, a ambientalista não tem poupado críticas à atuação do governo Bolsonaro em relação à questão ambiental. De acordo com Marina Silva, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles seriam os “principais responsáveis por todo o desmonte da governança ambiental do Brasil”.
E é claro que as declarações da ex-ministra do Meio Ambiente não passariam em branco. Nos últimos dias, uma história que está circulando nas redes sociais aponta que Marina Silva e seu marido seriam donos de uma madeireira apreendida pelo Exército no Pará. As provas ficariam por conta de um vídeo e de fotos que mostram vários caminhões carregados de madeira sendo, supostamente, apreendidos. Ainda segundo a história, os dois seriam um dos maiores traficantes de madeira do mundo. Enquanto isso, de acordo com a publicação, a ambientalista teria tentado impedir a atuação do Exército na Amazônia. Confira:
Confira o desmentido em vídeo:
Versão 1: “O exército aprendeu madeira da família Marina Silva taí o seu marido e o maior traficante de madeiras junto com ela,por isso ela foi no STF pra impedir o exército atuar na Amazônia,a bruxa da Carmem Lúcia tentou interferir o Presidente Bolsonaro e vice Mourão no deu nem atenção pra mordomo do conde Drácula. Aí tudo isso e serviço da esquerdalha. Amazônica e do Brasil e das forças Armadas que nossa maior aliados”. Versão 2: “O Exército fazendo a sua parte! Dizem que essa madeira é da família da Bruxa Marina Silva”.
Versão 3: “O dono de toda essa madeira apreendida, com escolta de caminhões do exército, pertencia ao fundador da principal ONG de preservação ambiental da Amazônia, cabeça do MST no Pará, esquerdista radical, detentor de vários títulos recebidos na Europa, por ser cidadão defensor e protetor do bioma da região.Esse ambientalista é o marido de Marina Silva, ex-candidata a Presidente do Brasil!”.
Marina Silva e marido são donos de madeira apreendida pelo Exército no Pará?
A informação caiu como uma bomba nas redes sociais, especialmente, no Facebook e já acumula centenas de compartilhamentos. Apesar disso, a história não é verdadeira!
Ao ler os textos, é possível perceber que eles apresentam diversas características de fake news, como o caráter vago, alarmista, os erros de português e a falta de fontes confiáveis.
Além disso, histórias falsas sobre Marina Silva e o meio ambiente não são novidade na internet. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeras delas, como a que dizia que o líder de uma ONG e do MST seria dono de madeira apreendida pelo Exército no Pará. Também a que indicava que uma foto mostraria Marina Silva invadindo uma fazendo com o MST em 1986 e, por fim, as 31 fake news sobre a Amazônia que a equipe do Boatos.org desmentiu só em 2019.
A verdade é que nem precisamos procurar muito, porque a história, na realidade, já foi desmentida pelo Boatos.org. Há alguns dias, a mesma história, mas usando “o líder de uma ONG e do MST” como “culpado” já foi desvendada aqui. A explicação é a mesma.
A foto usada na publicação de hoje, que mostra diversos caminhões enfileirados, sequer tem a ver com alguma operação do Exército. Na realidade, a imagem foi retirada de uma página no Facebook chamada “Máfia da Tora” (que publica diversos materiais de madeireiros de todo o Brasil). A foto em questão foi publicada no dia 12 de janeiro de 2016 e não foi feita no Pará, mas sim no município de Cláudia, no Mato Grosso.
Já o vídeo mostra uma operação de apreensão de madeira no município de Nova Esperança do Piriá (PA). A ação ocorreu no dia 25 de setembro de 2020 e foi deflagrada pela Polícia Federal. Na oportunidade, os alvos da operação foram oito serrarias ilegais.
Em relação à acusação do marido de Marina Silva, essa história já é antiga. Ela surgiu em meados de 2014 e já foi desmentida pela equipe do Boatos.org. Em 2003, o marido de Marina Silva foi acusado de receber uma doação de toras de mogno à ONG Fase, da qual fazia parte. A instituição teria vendido as toras, mas o valor declarado à União não condizia com o valor real levantado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A partir de então, políticos contrários a Marina reacenderam a história, entre eles, o ex-senador Aldo Rebelo. O processo movido contra o marido de Marina Silva foi arquivado pela Justiça, em 2013. O motivo foi que o marido da ambientalista não era mais presidente da ONG desde 1999, ou seja, não teria como ele ter vendido as toras de mogno em 2003.
Em 2018, infelizmente, devido à candidatura de Marina Silva à Presidência da República, o boato voltou a circular. Naquela oportunidade, a informação foi desmentida pelo Projeto Comprova, pela Agência Lupa, pela agência Aos Fatos e pelo serviço de fact-checking da Veja.
Em resumo: a história que diz que Marina Silva e o marido dela são um dos maiores traficantes de madeira do mundo e tiveram uma carga apreendida pelo Exército no Pará é falsa! A história, na realidade, já circulou com outro “culpado”. O vídeo usado na publicação foi feito durante uma operação da Polícia Federal, no Pará. Na oportunidade, oito serrarias ilegais foram abordadas pela polícia. Já a imagem sequer é de uma apreensão. A foto foi tirada no Mato Grosso, em 2016, e mostra uma carga de madeira (que não tem nada de ilegal). Sobre o marido de Marina Silva ser um traficante de madeira, a história é bem antiga. Ele até chegou a ser investigado pela Justiça, mas teve seu processo arquivado em 2013, pois provas apontavam que ele não teve envolvimento com a venda irregular de madeira. Ou seja, a história não passa de boato. Até a próxima!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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