Boato – Em Viena (Áustria), parlamentar faz teste rápido para Covid-19 com Coca-Cola e resultado dá positivo. Essa é a prova que os testes são falsos.
Nós do Boatos.org tentamos, mas existem certas coisas que fogem do mundo lógico e da região do bom senso. E sim, a história de hoje é mais uma daquelas publicações tenebrosas sem pé nem cabeça.
Lembram dos testes rápidos para a Covid-19? Eles foram amplamente procurados no meio do pico de infecções por Covid-19 no Brasil. O teste é realizado por meio da coleta de sangue, saliva ou catarro do paciente e, após alguns minutos de interação com o reagente, a pessoa sabe se possui ou não anticorpos contra a doença.
Acontece que, nas últimas semanas, alguém teve a genial ideia de “testar” o teste, não com sangue, mas sim com Coca-Cola! De acordo com as publicações, o secretário-geral da FPO (partido de extrema direita da Áustria), Michael Schnedlitz, teria realizado o teste durante uma reunião do parlamento austríaco, em Viena. Segundo as imagens, o teste teria indicado que o refrigerante Coca-Cola estaria com Covid-19. Após o resultado, de acordo com a história, Schnedlitz teria afirmado que a compra de testes rápidos seria um desperdício de dinheiro, uma vez que seriam “inúteis” e falsos. Confira:
“Um parlamentar austríaco expôs a imperfeição dos testes COVID-1984 do governo, demonstrando no parlamento como um copo de Coca-Cola deu positivo para COVID-19. Em imagens da reunião em Viena na sexta-feira, o secretário-geral da FPO, Michael Schnedlitz, traz um copo de Coca-Cola ao pódio, de onde ele coleta gotas para usar em um teste rápido de antígeno sendo usado em grande escala. Depois de ir ao púlpito e iniciar seu discurso, o político borrifou algumas gotas de cola no teste rápido corona. Três minutos depois, o teste mostrou um resultado: Coca Cola era COVID-19 positivo. Depois de demonstrar um resultado positivo, Schnedlitz passa a considerar os testes um desperdício de recursos do contribuinte.
Coca-Cola que testa positivo para Covid-19 mostra como testes são falsos?
A publicação que mostraria o refrigerante com Covid-19 fez grande sucesso nas redes sociais, em especial, no Facebook e no WhatsApp. Apesar disso, a história não tem nada de real.
Já faz algum tempo que temos desmentido informações falsas que colocam em suspeita os testes para Covid-19, como a que dizia que o teste que utiliza um cotonete poderia causar danos no cérebro. Também a que indicava que esquerdistas estariam se passando por agentes de saúde e contaminando pessoas com testes falsos e, por fim, a que apontava que testes contaminados teriam sido enviados da China para os Estados Unidos.
Resolvemos, então, ir atrás de mais informações sobre a história e descobrimos não um, mas três desmentidos (em inglês, alemão e francês) sobre o assunto. De acordo com o serviço de fact-checking France 24, que avaliou um vídeo onde uma pessoa testa geleia de maçã (???) no teste rápido para Covid-19, as imagens foram organizadas em diversas tomadas que sofrem cortes ao longo do vídeo (primeiramente, o resultado aparece negativo e, posteriormente, uma linha tênue indicando o positivo aparece no final). Além disso, o site ainda destacou que esse tipo de testes não foi feito para absorver substâncias além da secreção nasal, bucal e sangue. Isso pode afetar o processo do teste e indicar falsos positivos ou negativos.
Já o serviço de checagem alemão Correctiv destacou que o teste realizado pelo parlamentar não diz nada sobre a confiabilidade dos testes. De acordo com eles, a tendência de testar substâncias malucas começou na Tanzânia, quando o presidente do país afirma que amostras de mamão, galinha e cabra testaram positivo para a Covid-19. Ainda segundo eles, isso também não diz nada sobre a confiabilidade dos testes, uma vez que estes foram desenvolvidos para testar amostras humanas. Além disso, o site indicou que o parlamentar austríaco realizou a testagem de forma totalmente equivocada, o que levou a uma falso positivo. Se isso não bastasse, de acordo com o site, na Áustria, se uma pessoa testa positivo para Covid-19 em um teste rápido, precisa fazer um teste PCR-RT para confirmar o diagnóstico.
O serviço de checagem PolitiFact também indicou que o resultado, na verdade, é um falso positivo por causa da execução errada no momento da testagem. De acordo com eles, o parlamentar não agitou a amostra (no caso, a Coca-Cola) em um líquido (tampão) que mantém o valor de pH da amostra constante.
Por fim, a própria empresa responsável pelo teste se pronunciou. De acordo com ela, o parlamentar austríaco apenas destruiu o teste ao acrescentar uma substância com pH tão baixo, uma vez que esse tipo de substância (quando não agitada com o tampão) destrói a proteína do anticorpo do teste e acusa um falso positivo. A empresa chegou a gravar um vídeo testando a mesma substância, mas da maneira correta e o resultado foi negativo.
Em resumo: a história que diz que um parlamentar austríaco mostrou que os testes rápidos para Covid-19 são falsos, porque conseguiu gerar um resultado positivo com Coca-Cola é falsa! Nada passou de mau uso do material e uma execução completamente equivocada do teste. Ao realizar o teste rápido, a substância coletada precisa ser agitada com um líquido que mantém o valor de pH constante e preserva a proteína do anticorpo do teste, que vai reagir corretamente com a amostra. Caso esse processo não seja feito, a amostra utilizada (no caso, a Coca-Cola) pode destruir a proteína do anticorpo do teste e acusar um falso positivo. A empresa responsável pelo teste refez a testagem com a Coca-Cola (dessa vez, da maneira correta) e o resultado foi negativo. Ou seja, a história não passa de balela.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99458-8494.
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