Boato – Um vendedor ambulante de açaí morreu após ser abordado pela polícia em São Paulo. O homem infartou depois de ser agredido e algemado pela PM a mando de Dória e do prefeito Covas.
Os casos de violência policial só crescem no país. E mesmo em meio à pandemia da Covid-19, quando as pessoas evitam circular nas ruas para se proteger do coronavírus, mais de 3 mil foram mortas em operações policiais no Brasil no ano passado, uma média (triste) de 17 por dia.
E é sobre isso o nosso artigo hoje. Em mais um episódio de agressão policial, um vídeo que circula pelas redes sociais, principalmente o Facebook, tem dado o que falar entre os internautas. A publicação dá conta de que um vendedor ambulante de açaí teria morrido após ser abordado pela polícia em São Paulo. Nas imagens, o homem aparece sendo agredido e algemado pelos militares depois de tentar impedir que as mercadorias sejam apreendidas.
Durante uma confusão, uma mulher filma tudo e pede, aos prantos, para que os policiais soltem o vendedor, que depois aparece desacordado. “Soltem ele. Ele não está respirando ”, grita a mulher. Confira, a seguir, o texto original das publicações (não iremos exibir o vídeo aqui):
Vamos espalhar, Aconteceu agora no centro de São Paulo !!!! Um homem teve seu carrinho de açaí apreendido e foi morto pelos policiais o homem infartou após ser agredido e algemado pela PM, neste momento o corpo está no IML Até quando vamos assistir a Polícia Militar do Estado de São Paulo matando e oprimindo nosso povo?
Vendedor ambulante de açaí morreu após ser abordado pela polícia em São Paulo?
O vídeo viralizou rapidamente nas redes sociais, chegando a alcançar mais de 3 mil compartilhamentos somente em uma das publicações no Facebook. No entanto, a história não procede, já que foi “distorcida”.
E desconfiamos disso, a princípio, por conta de alguns indícios presentes na mensagem da publicação, bastante comum em notícias falsas. Ela é vaga, alarmista, possui vários erros de português e, o mais importante, não cita fontes fontes que podem confirmar ou que está sendo dito.
Outro indício que nos levou a desconfiar de toda essa história é o histórico recente (e um tanto extenso) de boatos com vídeos tirados do seu contexto contra o isolamento social. Aqui no Boatos.org, por exemplo, nós já desmentimos vários deles, como, por exemplo, o que dizia que João Doria teria fechado o Ceasa (Ceagesp), em São Paulo ; outro que apontava que o Ceagesp estaria jogando alimentos fora por causa da quarentena ou aquele sobre o Ceasa de Belo Horizonte estar supostamente desabastecido por causa da quarentena do coronavírus .
E foi aí que ao buscarmos sobre o nosso caso de hoje, descobrimos que o vídeo é real, mas a história por trás dele foi mal contada. Na verdade, o vendedor ambulante não morreu. Geová de Oliveira Lima, de 48 anos, de fato, foi imobilizado e detido pela Polícia Militar depois de atacar a kombi dos fiscais da Prefeitura que estava apreendendo como suas mercadorias .
A esposa, Blanca Ramona Medina Vera, de 38 anos, em entrevista ao site Ponte.org, explicou que eles estavam quase chegando em casa quando foram abordados pela fiscalização. O casal teve que parar em um ponto comercial que não era o seu por conta de uma chuva.
Ao tentar explicar a situação a um dos fiscais, Geova teria levado um soco no rosto, o que o fez revidar, atacando a Kombi da Prefeitura e dando início à intervenção da polícia. O vendedor teve de ser imobilizado e detido pela PM, mas não morreu. Inclusive, registrou boletim de ocorrência contra os militares. Mais que isso, apesar de realmente ter ido ao IML, foi apenas para fazer exame de corpo delito.
Resumindo: A publicação que dá conta de que um vendedor ambulante de açaí teria sido morrido após ter sido abordado pela polícia em São Paulo não é verdadeira. O homem, de fato, foi agredido e algemado, mas não morreu. Inclusive, registrou boletim de ocorrência contra os policiais.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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