Boato – Vídeo de médica prova que a vacina contra a Covid-19 é mais perigosa do que o coronavírus, que não foram testadas e que outros remédios (como a ivermectina) são mais eficazes.
Ao longo da pandemia, alguns nomes se tornaram recorrentes na entre os chamados negacionistas da pandemia. Em alguns casos, relatos acabaram deixando muita gente confusa, especialmente, por causa do cargo que muitos ocupavam (como médicos, enfermeiros ou outros profissionais da saúde).
Nos últimos dias, um vídeo de uma médica chamou atenção em redes sociais. Ele foi apontado como “prova” de que a vacina contra a Covid-19 seria mais perigosa do que o próprio vírus. Nas imagens, é dito que existe tratamento precoce contra a Covid-19, que as vacinas não são seguras (porque pesquisadores teriam pulado fases), que a Anvisa não teria liberado os imunizantes e que as vacinas do tipo mRNA podem causar doenças genéticas. Confira algumas das mensagens que acompanharam a publicação (não colocaremos o vídeo aqui):
Versão 1: “A dra. Raíssa reafirma: Se você tem medo do covid, deveria ter mais medo da vacina! Eu não sou contra a vacinação e torço para que surja uma que tenha real eficácia contra a Covid-19”. Versão 2: “IMPORTANTÍSSIMO. Vacina mais perigosa do que o vírus. Dra Raissa Soares tira dúvidas sobre Covid 19 e vacinas”.
Vacina contra Covid-19 é mais perigosa do que vírus, defende médica?
A informação caiu como uma bomba nas redes sociais, em especial, no Facebook e deu ainda mais fôlego ao movimento antivacina. Apesar disso, essa história não passa de balela.
Nas últimas semanas, o assunto dominou a parada dos desmentidos no Boatos.org. Nossa equipe já desmentiu diversas histórias sobre o tema, como a que dizia que os efeitos colaterais mostrariam que tomar vacina chinesa é pior do que pegar Covid-19. Também a que indicava que israelenses teriam ido parar no hospital por causa de efeitos colaterais da vacina e, por fim, a que apontava que a eficácia da vacina Coronavac seria menor do que a divulgada (e exigida pela Anvisa).
Ao analisar as imagens, descobrimos ao contrário do que aponta o vídeo, a vacina não foi aplicada sem segurança, nem foi feito de modo atropelado (pulando fases). Todas as vacinas aprovadas no Brasil passaram por estudos clínicos rigorosos e respeitando a metodologia científica. Os imunizantes só chegaram rápido ao público por conta de enormes investimentos financeiros e técnicos no processo de desenvolvimento (o que não acontece em momentos “normais”, sem uma pandemia, por exemplo).
Isso só ocorreu porque, infelizmente, a Covid-19 (novamente ao contrário do que aponta o vídeo) não possui tratamento precoce ou após a infecção. O que temos, até o momento, são alguns medicamentos que conseguem reduzir o risco de morte em pacientes em estado grave. Entretanto, não existe nenhum remédio que seja capaz de prevenir a infecção. A equipe do Boatos.org já desmentiu inúmeros boatos sobre o assunto e eles podem ser lidos aqui. Além disso, outros serviços de checagem, como o Projeto Comprova, também já desmentiram a história, reforçando que os medicamentos citados no vídeo ou não possuem comprovação científica no tratamento da doença ou já foram refutados por estudos científicos.
Vale ressaltar que existem dúvidas e inseguranças em relação às vacinas, mas nenhuma delas questiona o benefício dos imunizantes. Nesse caso, há alguns questionamentos sobre o uso da vacina em crianças e gestantes (que não participaram dos estudos clínicos). Entretanto, a insegurança sobre o uso da vacina por pessoas que já se contaminaram com a Covid-19 não tem fundamento científico algum (e não é um problema). Pessoas que se contaminaram com a doença podem, sim, se vacinar.
Por fim, após toda a repercussão da história, a própria médica gravou um novo vídeo explicando que a fala usada na história de hoje, na realidade, é antiga. De acordo com a médica, atualmente, após a regulamentação das vacinas pela Anvisa, ela defende o uso do imunizante, afirmando que as vacinas foram testadas e que elas são uma arma contra a doença. Ou seja: nem para ela a vacina “é mais perigosa do que o vírus”.
Em resumo: a história que diz que a vacina contra a Covid-19 é mais perigosa do que o vírus é falsa! Até o momento, não existem dados que coloquem em xeque a segurança e a eficácia dos imunizantes aprovados pelas agências reguladoras. Além disso, infelizmente, ainda não existe um tratamento para a Covid-19. Se isso não bastasse, a própria médica do vídeo afirmou, em um novo vídeo, que defende o uso da vacina (colocando o imunizante como uma das armas no enfrentamento à doença). Ou seja, se a sua vez chegar, tome a vacina. A história não passa de boato.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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