Boato – Em entrevista à CNN, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, alertou que a população corre risco grave ao tomar vacinas e diz que “é um tiro no escuro”.
Quando tínhamos a impressão de que os boatos no tema “vacinação” estaria mais centrado no processo em si (como mostramos neste texto) do que em tentativas de descredibilizar os imunizantes, as fake news promovidas por pessoas do movimento antivacinas voltaram a circular na internet (como é possível ver aqui e aqui). E a última história que está circulando na internet aponta para algo que a própria Anvisa teria alertado.
Uma entrevista do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, começou a circular na internet junto com denúncias de que ele havia “admitido” que a população corre riscos graves ao tomar vacinas contra Covid-19. Ele teria dito que o “direito de analisar vacinas” foi retirado da agência reguladora e que tomar vacinas seria um “tiro no escuro”. Leia a mensagem que circula online:
URGENTE!! Diretor presidente da Anvisa admite que população corre risco grave ao tomar a vacina. Ele declara em entrevista que foi tirado o direito da Anvisa de analisar todos os dados necessários para a liberação da vacina. Isso quer dizer que ninguém sabe o que estão tomando, e nem os benefícios ou riscos que se corre com a vacina. É um tiro no escuro. E você? Quer pagar pra ver?
Diretor-presidente da Anvisa diz que população corre risco grave ao tomar vacinas?
Com uma mensagem como essa, é claro que muita gente iria ficar assustada e iria compartilhar a mensagem a torto e a direito por aí. Porém, o vídeo da entrevista de Antonio Barra Torres à CNN foi totalmente retirado de contexto.
Para chegar à solução do caso, resolvemos procurar pelo vídeo da entrevista do diretor-presidente da Anvisa. Ela foi concedida à CNN no dia 10 de fevereiro de 2021. E, ao contrário do que aponta a mensagem, não se trata de um alerta contra as vacinas.
Na realidade, Antonio Barra Torres estava criticando uma Medida Provisória que havia sido editada pelo presidente e aprovada no Senado na qual a Anvisa teria a obrigatoriedade de aprovar em até cinco dias o registro de vacinas contra Covid-19. De acordo com o diretor-presidente da Anvisa, isso faria com que a agência virasse uma “carimbadora”.
Em nenhum momento, ele fez críticas às vacinas que já foram aprovadas pela Anvisa (a Coronavac, da Sinovac e Instituto Butantan, e a vacina da AstraZeneca/Oxford). As críticas dele eram centradas no fato de que novas vacinas (como a Sputnik e a Covaxin) seriam aprovadas sem passar por processos rígidos de análise.
Atualmente, o prazo para que se conceda um registro emergencial de vacinas é de 10 dias. Para o caso do registro definitivo por parte da Anvisa, o prazo sobe para 60 dias. Se você tem alguma dúvida do tema da entrevista, aconselho que você assista ao vídeo completo da entrevista de Antonio Barra Torres à CNN:
Resumindo: não é verdade que a Anvisa, por meio do diretor-presidente Antonio Barra Torres, gravou um vídeo para alertar sobre os riscos graves das vacinas. A entrevista, na realidade, era uma crítica a uma Medida Provisória sobre vacinas e foi retirada de contexto.
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