Boato – A cura da Covid-19 foi encontrada. Trata-se da proxalutamida, medicamento que reduz as mortes causadas pela doença em 90%.
Está enganado quem acha que o trabalho de “segurar” a empolgação em relação a notícias que, de fato, são boas é fácil. Porém e infelizmente, é nosso trabalho separar o que temos de real em pesquisas e exageros que surgem em redes sociais. E a história de hoje é de mais um medicamento sendo apresentado como a “cura” da Covid-19: a proxalutamida.
De acordo com mensagens que circulam online, a proxalutamida (medicamento utilizado para o tratamento do câncer de próstata e, até o momento, sem registro no Brasil) teria sido confirmada como a nova cura da Covid-19.
A base para tudo seria a apresentação de um estudo (real, diga-se de passagem) por parte de pesquisadores brasileiros em que a medicação teria capacidade de reduzir as mortes por Covid-19 em até 92%. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Versão 1: *PROXALUTAMIDA* “COVID-19: um dia glorioso para a ciência brasileira. Dr Cadegiani encontra a cura pra pacientes graves; 92% de redução nas mortes.” Ontem(12/03/2021) foi um dia glorioso para a ciência nacional. Foi divulgado o resultado de um estudo brasileiro muito aguardado na comunidade médica. Representa virtualmente a cura da COVID-19. Já pode ser considerado como a “bala de prata” em pacientes com a doença avançada, com comprometimento nos pulmões.” Versão 2: GUARDEM ESSE NOME: PROXALUTAMINA. Droga da cura do COVID. E o melhor, estudo desenvolvido por especialistas brasileiros.
Versão 3: Ao que tudo indica a cura da Covid parece ter sido descoberta. E a notícia fica ainda melhor quando sabemos que o estudo está sendo realizado no Brasil. O médico brasileiro Flávio Cadegiani e o médico americano Andy Goren lideram o estudo que está sendo realizado no Brasil com o medicamento proxalutamida que apresentou resultados impressionantes inclusive quando testado em pacientes acometidos pela variante P1. Versão 4: Vcs viram sobre o estudo brasileiro padrão *Ouro* com *Proxalutamina* conduzida por médico pesquisado da Unifesp? Reduz em mais de 90% a mortalidade mesmo em tratamentos tardios‼️‼️‼️
Proxalutamida foi comprovada cientificamente como a cura da Covid-19?
As mensagens (sempre acompanhadas do vídeo da apresentação) circularam com muita força na internet. Por isso, cá estamos para separar o joio do trigo. Há um estudo promissor em relação à proxalutamida? Sim, há. É possível dizer que o remédio é a cura da Covid-19? Pelo menos por enquanto, não.
Antes de falar dos “contras da tese” (que esperamos, com sinceridade, que sejam superados), vamos falar dos prós. Há um estudo feito com pacientes do Amazonas que aponta que o remédio reduziu o tempo de hospitalização em até 70% e a quantidade de mortes em 92% em relação ao grupo que tomou o placebo. O estudo foi apresentado publicamente por pesquisadores brasileiros.
Dados os “prós”, vamos aos “contras”. Como falamos algumas vezes (como, por exemplo, em checagens relacionadas a remédios apresentados como “milagrosos” como a hidroxicloroquina, ivermectina e, mais recentemente, a flutamida), para uma medicação ser mostrada como eficaz para uma doença (como a Covid-19) são necessárias algumas etapas.
Primeiro, a pesquisa tem que ser revisada por pares e publicada em revistas científicas. No caso da Covid-19, é claro que, se uma publicação sair em uma revista de renome, há a possibilidade de países aprovarem os medicamentos para uso emergencial (como ocorreu com o remdesivir no Brasil). Falando da proxalutamida, o que temos, por enquanto, é um remédio em testes.
Nesta semana, no mínimo, dois veículos de mídia alertaram contra o “oba-oba” em relação à proxalutamida. O UOL apontou para algumas questões no estudo que ainda precisam ser alinhadas e que os dados apresentados são insuficientes para que seja feita uma revisão.
O UOL ressaltou que ainda não há publicação científica falando do estudo em questão. Especialistas ouvidos pelo site também apontam que não se sabe qual foi o tratamento base utilizado no estudo e que o tempo de internação e outros dados foram estimados. Por fim, foi destacado que a médica de mortes do grupo placebo (47,6%) é altíssimo até mesmo para quem está em um hospital.
O Estadão, por meio do Estadão Verifica (serviço de checagem) cravou que não dá para afirmar que a proxalutamida é a cura da Covid-19. A checagem apontou que um dos pesquisadores, inclusive, não confirmou que o que remédio é “a cura” para a Covid-19. Ele apontou que “são necessárias mais investigações”. Especialistas também destacaram os pontos citados na matéria do UOL.
Resumindo: ainda não é possível dizer que a proxalutamida seja a cura da Covid-19. Os próprios pesquisadores estão cuidadosos em apontar para isso. Cabe a nós esperar por mais detalhes do estudo e, se for o caso, comemorar que temos uma cura. Infelizmente, isso é impossível por enquanto.
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