Boato – Após adotar o tratamento precoce, o estado do Amazonas teve queda de 80% no número de óbitos por Covid-19.
Infelizmente, tem gente que não fica nem vermelho ao espalhar algumas informações falsas na internet. Uma das provas disso está na história de hoje que aponta para o “milagre” (algo que não tem explicação científica ou lógica) do tratamento precoce contra Covid-19.
Um texto aponta que remédios como a ivermectina, cloroquina e outros do “Kit Covid” seriam os responsáveis pela queda de 80% nos óbitos no Amazonas desde janeiro. A mensagem se espalhou em redes sociais e tem o seguinte teor:
Após adotar tratamento precoce Amazonas tem queda de 80% no número de mortes desde janeiro Após Socorro do governo Bolsonaro, Amazonas tem queda de 80% no número de mortes desde janeiro após adotar tratamento precoce
Enquanto a maioria das regiões do país segue em estado de alerta para o colapso dos sistemas de saúde, o Amazonas apresenta uma tendência de diminuição dos seus números gerais, entre eles, o número de mortes tudo foi possível após o tratamento precoce adotado após o governo Bolsonaro socorrer o Estado, o ministro Pazuello na época sugeriu o tratamento precoce que é aquele usado imediatamente após o paciente sentir os primeiros sintomas da Covid. […]
Amazonas tem queda de 80% no número de mortes por causa de tratamento precoce?
O texto, assim como tantos outros que falam do “milagre do tratamento precoce”, se espalhou com muita força em redes sociais, principalmente em grupos favoráveis ao governo Bolsonaro. Porém, a informação que circula sobre tratamento precoce e queda de mortes no Amazonas é falsa.
Para começar, a mensagem parte de um pressuposto falso: de que a hidroxicloroquina, ivermectina e os outros remédios do tratamento precoce são eficazes contra a Covid-19. A OMS já falou, a Anvisa já falou e até fabricantes dos remédios já falaram que os remédios não têm eficácia comprovada contra a Covid-19.
Para além disso, boa parte do que surge na web com a tentativa de tentar validar o tratamento é falso. Aqui no Boatos.org já fizemos especiais sobre os assuntos ivermectina e cloroquina e, ainda por cima, explicamos que os remédios não foram responsáveis (ao contrário do que apontam mensagens) por “milagres” em uma série de cidades brasileiras e desmentimos que “estudos” comprovariam a eficácia das medicações.
Assim como nos outros casos, há registros que provam que o tratamento precoce não tem relação com a queda de óbitos no Amazonas em relação a janeiro. Para tanto, vamos voltar no tempo.
Em dezembro do ano passado, o Amazonas (assim como outros estados) estavam em alerta para as festas de fim de ano. A aglomeração e reunião de pessoas poderiam causar uma explosão de casos. Para tanto, o governo do estado anunciou um decreto com medidas rígidas de restrição para as festividades.
A pressão de comerciantes (que, inclusive aglomeraram em protestos) fizeram com que o governador removesse o decreto (algo que foi comemorado por deputados bolsonaristas na época). Uma semana após as festividades, os casos no estado dobraram e, no dia 10 de janeiro, o Japão descobriu a variante P1 em pessoas que passaram as festas de fim do ano no Amazonas.
Ao contrário do que o texto aponta, naquela época já havia a “aposta no tratamento precoce”. No auge do colapso no Amazonas, um médico relatou que “todas as pessoas que estão na UTI” haviam tomado remédios do Kit Covid. Esse estudo apontou, inclusive, que pessoas que faziam uso do tratamento precoce tinham taxas de infecção mais altas.
E como a situação começou a virar? Quando o estado entrou em colapso, o governo anunciou um lockdown mais rígido (desta vez, todo mundo ficou caladinho). A restrição foi afrouxada dias depois, mas continuou em vigência por fevereiro. Esse fator, somado ao grande número de casos de Covid-19 em janeiro, fez com que, após a onda, os casos baixassem. Não tem nada a ver com cloroquina ou ivermectina (que já eram usados no estado na época do caos).
Resumindo: a história que aponta que o Amazonas “venceu a Covid-19” graças ao tratamento precoce é falsa. Os casos baixaram no estado após um lockdown rígido e fim da explosão de casos em um patamar altíssimo. O Kit Covid não só era já usado na época do colapso em janeiro como também estudos apontam que ele não evitou infecções pelo novo coronavírus.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61)99177-9164.
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