Boato – Um teste divulgado por um médico é a prova de que a Coronavac não protege contra a Covid-19. Titulação de anticorpos mostra que a vacina não funciona.
Há alguns meses, o Boatos.org desmentiu um áudio que apontava que um engenheiro havia provado que a vacina Coronavac não protege contra a Covid-19. Na ocasião, apontamos que autoridades em saúde já haviam destacado que testes de anticorpos neutralizantes não provam se vacinas são eficazes ou não para proteger contra a doença. Hoje, uma história muito similar começou a circular.
Um vídeo de um médico de Minas Gerais, mais exatamente da cidade de Divinópolis, gravou um vídeo em que aponta que não estaria imunizado com a Coronavac e que exigiria a vacinação com um imunizante de outra fabricante. A tese estaria fundamentada em um teste de titulação de anticorpos que ele fez e que mostrou que ele não teria anticorpos neutralizantes contra o coronavírus. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Versão 1: Dr. Delano tomou as duas doses de Coronavac e fez a testagem de anticorpos 6 meses depois. Resultado? Não está imunizado! Calcinha Apertada sua vacina vale tanto quanto você. Nada! Versão 2: Dr. Delano da cidade de Divinópolis MG, faz um alerta sobre a Coronavac. CUIDADO. Você pode ter tido o mesmo PROBLEMA que eu . UMA FALSA PROTEÇÃO.
Teste de anticorpos feito por médico prova que Coronavac não protege contra a Covid-19?
O vídeo se espalhou com muita força em redes sociais e deixou muitas pessoas, principalmente as que tomaram Coronavac, temerosas em relação à vacina. Porém, não é verdade que o teste apresentado pelo médico em questão prove que a vacina contra Covid-19 da Sinovac e do Instituto Butantan não proteja contra doença.
Como apontamos no início deste texto, não é a primeira vez que informações alarmistas relacionadas a testes de anticorpos questionam a eficácia de vacinas. Na ocasião, apontamos que não são recomendados testes de anticorpos para mensurar se uma vacina é eficaz contra a Covid-19.
Depois que o vídeo se espalhou, a própria prefeitura de Divinópolis (cobrada pelo médico, que pedia para receber uma vacina de outro fabricante) e o Instituto Butantan se manifestaram a respeito do assunto e desmentiram que o teste prove que a Coronavac não é eficaz.
A prefeitura da cidade mineira relatou que não irá aplicar dose adicional de vacina ao médico que fez o requerimento e explicou que a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Anvisa apontam que os testes de anticorpos neutralizantes não são recomendados para mensurar a proteção de uma vacina. Leia o texto completo (publicado aqui):
Diante dos crescentes questionamentos sobre a realização de exames para avaliar a eficácia de vacinas e das solicitações de doses adicionais de imunobiológicos, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), por meio da Central de Imunização, vem através dessa nota, descrever e apresentar algumas fundamentações científicas que desaconselham a realização de testes de dosagem de anticorpos neutralizantes para avaliar a proteção imune contra Covid-19 gerada por meio dos imunobiológicos.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), por meio de nota técnica de 26/03/2021, esclarece que a resposta imunológica desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos neutralizantes. Há a estimulação do sistema imunológico de forma mais ampla, gerando também anticorpos não neutralizantes que agem de maneira diferente e a estimulação de células TCD4+ e TCD8+ (imunidade celular). Além disso, aliada à resposta imune específica, contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções. Nesse sentido, a complexidade que envolve a proteção contra a doença torna desaconselhável a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer um correlato de proteção clínica.
A Agência Nacional de Vigilância Nacional (ANVISA), em nota técnica sobre o assunto, afirma que não existe, até o momento, definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes necessária para conferir proteção imunológica contra a infecção pelo covid-19. Dessa forma, não há embasamento científico para recomendar o uso destes testes laboratoriais para determinar proteção vacinal.
Os imunobiológicos em uso no Brasil passaram por análise e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os municípios brasileiros devem seguir o esquema vacinal e dosagem estabelecidos pela Anvisa e que foram definidos após estudos clínicos específicos.
O Ministério da Saúde (2021) informa que, os indivíduos que iniciaram a vacinação contra a Covid-19 deverão completar o esquema com a mesma vacina. Afirma também que, indivíduos que, por ventura, venham a ser vacinados de maneira inadvertida com duas vacinas diferentes ou com esquemas vacinais com quantidade de doses ou com prazos inadequados deverão ser notificados como um erro de imunização e serem acompanhados com relação ao desenvolvimento de eventos adversos e falhas vacinais.
Diante desse contexto, no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra Covid-19, fica estabelecido que não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas.
O Instituto Butantan classificou a informação de que a Coronavac não imuniza como “fake news” e reiterou que o imunizante passou em testes clínicos e está aprovado pela Anvisa e OMS. Leia o que foi escrito (publicado aqui):
Alerta de Fake News… É Fake News, um desserviço à saúde, o vídeo que circula nas redes sociais em que um homem afirma não ter gerado anticorpos contra a Covid-19 depois de ter tomado a Coronavac. Ele exibe um teste de anticorpos que teria sido feito seis meses após tomar a vacina do Butantan.
A verdade: testes sorológicos não servem para avaliar se alguém está protegido ou não contra a Covid-19. Os testes de anticorpos detectam a presença de anticorpos em determinado momento, sendo úteis apenas para identificar pessoas que foram expostas ao vírus, não para garantir se alguém está protegido ou não contra a doença. Mesmo a Anvisa recomenda não utilizar estes testes para avaliar a proteção.
A eficácia da Coronavac é reconhecida pela Anvisa e pela OMS. Ela ajuda a salvar vidas. Fuja das Fake News e só compartilhe informação confiável.
É importante citar que os testes clínicos ou pesquisas (como a na cidade de Serrana, que teve a população vacinada contra a Covid-19) mostraram a eficácia da vacina Coronavac e não tiveram como metodologia a aferição de anticorpos em voluntários. Na realidade, a vacina se mostrou eficaz com algo, digamos, mais prático: redução de casos, hospitalizações e mortes no grupo que se vacinou em relação a grupos de pessoas que não receberam o imunizante.
Resumindo: não é verdade que os testes apresentados por um médico provam que a Coronavac não protege contra a Covid-19. Na realidade, testes que medem anticorpos não têm a capacidade de mensurar se uma vacina é eficaz e a realidade mostra que a vacina do Butantan protege, sim, contra a doença.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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