Boato – Fato comprovado: o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro vendeu os inquéritos da Polícia Federal para João Doria. Bolsonaro, jornais e rádios fizeram a denúncia.
É um pouco frustrante ver que uma das correntes mais clássicas do mundo do esporte passou a ser utilizada com intenções políticas e acabou enganando muita gente. É frustrante, mas não é surpreendente (afinal, no Brasil, esporte virou política e política virou esporte). E a corrente em questão fala do ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio Moro.
De acordo com uma mensagem em tom acusatório, foi descoberto que ele estaria envolvido na venda de um inquérito da Polícia Federa para João Doria. O texto aponta para todos os detalhes da trama, diz que a denúncia foi feita por Bolsonaro, jornais e rádios.
O texto é acompanhado de um “desdobramento” que aponta que a Abin descobriu que Moro e Valeixo estavam passando informações privilegiadas para Wilson Witzel e João Doria e por um “grand finale” de puro, por assim dizer, puxa-saquismo a Bolsonaro. Leia trechos do texto que circula online (a parte “puxa-saco” nós suprimimos):
Confira o desmentido em vídeo:
MORO ENVOLVIDO ATÉ O PESCOÇO EM FALCATRUA Talvez, isso explique a razão de Bolsonaro ter declarado a seguinte frase: “Se as pessoas soubessem o que aconteceu no Ministério da Justiça, ficariam enojadas”. Muitos brasileiros ficaram chocados e tristes pela saída de Moro do Ministério. Não deveriam. O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo o Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente Wall Street Journal of Americas e o Gazzeta delo Sport e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos. Fato comprovado: O Moro VENDEU os inquéritos da PF para o Doria. Bolsonaro soube disso às 13:00h do dia 23 de Abril (dia antes da demissão de Moro), em uma reunião envolvendo o Sr. Chefe da Abin, Ramagem, o seu filho Carlos Bolsonaro, o Sr. Helio, supervisor da secretaria da Casa Civil, e o Sr. Ronald Rhovald, representante da CIA no Brasil. A princípio, muito contrariado, Bolsonaro se recusou a trocar o Diretor da PF, Valeixo.
A aceitação veio através da informação de que Moro estava recebendo o pagamento total dos prêmios, US$70.000,00 para cada inquérito vendido, mais um bônus de US$400.000,00 para todos os seus assessores e integrantes da comissão, num total de US$ 23.000.000,00 vinte e três milhões de dólares) por meio das empresas de João Doria e João Amoedo. Mesmo assim, o Diretor da Abin descobriu o esquema por meio de um delator, que era assessor de Moro e não concordou com a prática, o que o obrigou a pedir exoneração do cargo, dizendo que não estava junto com Moro (em primeira notícia divulgada às 13:30h no centro de imprensa). Assim, combinou-se que o Moro pediria demissão antes que Bolsonaro o demitisse para que a culpa ficasse com Bolsonaro e Moro pudesse ter a vantagem de dizer que não havia feito nada de errado.
Dr. Wagner Maia, denuncia que Moro fugiu do Governo porque foi descoberto que ele cometeu crime de alta traição: “A ABIN descobriu que o ex-diretor da PF(Valeixo, comparsa de Moro na ocultação dos patrões do Adélio e seus advogados) há muito estava escondendo os nomes, assim como crimes político-administrativos de Witzel e passando informações sigilosas das investigações para Dória. Desde março que o PR Bolsonaro foi alertado, mas aguardou que Moro lhe informasse sobre tudo.
Como Moro fugia de reuniões e se omitia, e o Presidente também soube que Moro estava participando com FHC, Maia, Alcolumbre e Tofolli do plano para derrubá-lo, o PR Bolsonaro convocou pessoalmente Moro pra reunião na presença dos investigadores da ABIN, colocou o assunto na mesa e informou que seu protegido Delegado Maurício Valeixo era o principal informante da Esquerda. Moro empalideceu e, com a traição descoberta e sem outro jeito, resolveu, nas costas do PR Bolsonaro, fazer a coletiva de traição declarada.
NOTA: Está confirmado oficialmente que o ex- diretor da PF, delegado Maurício Valeixo, protegido de Moro e demitido pelo PR Bolsonaro é o delegado que foi infiltrado pra finalizar o inquérito sobre Adélio Bispo, com ordens para esconder os nomes dos mandantes e pagadores dos milionários advogados, impedir a perícia dos celulares dos advogados e de Adélio, dizer que Adélio agiu sozinho e que tinha problemas mentais.
O medo de Moro que o Delegado Alexandre Ramagem assumisse a diretoria da PF, era porque foi ele quem descobriu o crime de alta traição cometido pelo ex-ministro Moro, antigo aliado dos comunistas brasileiros e, cujo pai, o comunista Dalton Moro é fundador do PSDB e antigo comparsa de FHC, pai da esquerda brasileira.” Difícil de acreditar mas, como dizia um amigo que não está mais neste mundo, cabeça de juiz é uma caixinha de surpresas. Repasse e muito!!![…]
Jornais denunciaram que Moro está envolvido até o pescoço em falcatrua com inquérito na PF?
Como vocês viram, o texto é gigantesco. O volume de (des)informação é grande por um motivo simples. A mensagem que está viralizando não passa de uma junção de duas fake news sobre Sérgio Moro que circularam após a saída dele do governo de Bolsonaro (aqui e aqui). Desmentimos os dois fakes no ano passado. Como o que foi escrito vale para agora, relembre:
Parte 1: A mensagem se espalhou com muita força na internet e deixou muita gente alerta. Só tem um detalhe: a denúncia não só é falsa como também um texto muito parecido já foi desmentido recentemente aqui no Boatos.org. Como a explicação de outrora vale para hoje, relembre o que foi escrito:
Quando nos deparamos com a mensagem, já sabíamos do que se tratava. A mensagem é, na realidade, uma nova versão de um “meme clássico” em termos de fake news: a da denúncia da “grande tramoia”.
Inicialmente, esse “textão”, que fala em “escândalo que todo mundo suspeitava”, “reunião secreta”, “venda por valor vultoso” e “aquele pedido de compartilhamento”, circulou ligado a eventos esportivos. Os casos mais famosos são os da final da Copa de 1998 (que deu origem ao fake) e dos 7 a 1 em 2014. Temos até um vídeo sobre isso:
Após as eleições de 2014, a balela (assim como muita coisa no Brasil) saiu do âmbito esportivo e chegou até o âmbito político. Na época, a denúncia (também com a mesma estrutura de texto) falava que o “PT havia comprado as eleições”.
Em todos os casos, muito é dito, mas nada é provado. E assim como nos outros casos, a história de hoje não tem nenhum vínculo com a realidade. Tanto que, ao buscar detalhes sobre o assunto, só achamos o mesmo texto que está circulando na internet. Não tem um dado em fonte confiável que aponte para a tal “trama de venda de inquérito”.
A coisa não para por aí. Além da “denúncia bombástica” (e falsa) da “venda do inquérito”, o texto de hoje é “temperado” duas outras fake news desmentidas aqui. Uma delas é relativa ao trecho que fala que a Abin descobriu falcatruas de Valeixo e que o pai de Sérgio Moro foi um dos fundadores do PSDB.
Parte 2: A mensagem, por si só, já nos gera desconfianças. Como “bom boato”, ela carrega diversas características de fake news como ser vaga (não apresenta qualquer detalhe de como foi a descoberta, está em qual relatório etc), alarmista (é repleta de acusações pesadíssimas), com erros de português (há erros até no nome do diretor, chamado de Aleixo) e nenhuma citação de fontes confiáveis.
Para além disso, há um detalhe que nos incomodou. Como é possível ver, as informações em questão são gravíssimas. Porém, não vimos nenhuma prova que embase o que é dito. Ao buscarmos por mais detalhes sobre o assunto na internet não só não encontramos provas como encontramos alguns detalhes que enfraquecem a tese.
O primeiro erro na mensagem está em dizer que Bolsonaro “detonou Moro”. Como vocês viram, foi o ex-juiz que pediu demissão do Ministério da Justiça. O segundo erro está na acusação de que Valeixo está “segurando os inquéritos” sobre Witzel e sobre a facada contra Bolsonaro.
Sobre o inquérito em relação à facada em Bolsonaro. A primeira conclusão foi feita em setembro de 2018 (menos de um mês após a facada) e dava conta que Adélio agiu sozinho. Detalhe: o diretor-geral da PF não era Marcelo Valeixo. No momento, há investigações em um segundo inquérito. Porém, não existem provas (até o momento) que alguém tenha mandado dar a facada em Bolsonaro.
Sobre as acusações de que um “inquérito sobre Witzel” está sendo segurado e denúncias de vazamento, como sempre, a história “surgiu do nada”. Como falamos, não há nenhuma prova apresentada de que isso seja real. Por fim, a tese do “golpe” de Maia, Alcolumbre, Toffoli etc. Essas acusações já foram desmentidas em mais de uma oportunidade aqui no Boatos.org (leia aqui, aqui e aqui).
Vale dizer, ainda, que acusações fortes como essa virariam notícia ou pelo menos virariam munição e motivos para o próprio Jair Bolsonaro demitir Valeixo. Como foi possível ver nas declarações públicas do presidente, o tal argumento de que “Valeixo era um vazador”, “que abafava inquéritos” ou que tem um “relatório da Abin” não foi utilizado.
Resumindo: é falsa a informação que aponta que jornais, rádios e Bolsonaro descobriram que Moro vendeu o inquérito da Polícia Federal para João Doria e que, por isso, se meteu, junto com Maurício Valeixo em falcatrua. O texto que está circulando em outubro de 2021 não passa da junção de dois boatos desmentidos em 2020.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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