Boato – Por causa de níveis tóxicos de alumínio em imunizantes como a Coronavac, vacinas estão causando demência e Alzheimer nas pessoas. Elas também serão um mal para crianças, pilotos de avião e suscitam dissolução de corpos nos EUA.
O pior das fake news da pandemia é que, em muitos casos, elas vêm de quem deveria seguir a ciência. Não foram poucas as vezes que tivemos que alertar para médicos que, contra o senso científico, espalham informações erradas e absurdas sobre os imunizantes contra a Covid-19. Foi o que ocorreu no caso que vamos apontar hoje.
Um vídeo de uma médica está se espalhando em redes sociais como mais um ataque contra as vacinas. No vídeo (que obviamente não vamos exibir aqui), são dadas informações alarmantes contra os imunizantes.
Uma das informações aponta que, por causa das vacinas, haverá uma explosão de casos do Mal de Alzheimer e de demência na população. Também é dito que a Coronavac tem níveis tóxicos de alumínio em sua fórmula, que pilotos vacinados estão tendo AVC e que, por causa das vacinas, estados norte-americanos estão aprovando uma lei para dissolver corpos.
Todas estas acusações são acompanhadas de comentários sobre a vacinação em crianças (apontada como um “absurdo”), ataques contra as proteínas Spike (que seriam coisas desconhecidas) e alertas de que, por causa da vacina e de contratos da AstraZeneca, a estabilidade financeira do Brasil estaria em perigo. Mensagens que acompanham o vídeo apontam que as vacinas fazem parte de um plano de redução da raça humana. Leia algumas mensagens que acompanham o vídeo:
Versão 1: Excelente esse congresso de médicos!!!! Obrigada pela postagem! Maravilhosa! A palestra da perseguida Dra foi sensacional!!!! Ela também afirma que, durante os estudos dessa vacina, CoronaVac, foi usado um tipo de placebo com 500 microgramas de alumínio na fórmula, o que seria tóxico. Ainda sobre o alumínio, a profissional sugere que esse metal está associado ao Alzheimer.
Ao falar dos IMUNIZANTES da Janssen, da AstraZeneca e da Pfizer/ BionTech, a médica sugere que essas fórmulas transformam o organismo das pessoas vacinadas em “fábricas de proteína spike”, a proteína do NOVO CORONAVÍRUS que se liga às células humanas, permitindo a sua invasão. […]
Versão 2: MEDICA FAZ O ALERTA Avacina é Crime de genocídio Os vacinados são fábricas de novas CEPAS devido a proteína SPIKE. O alumínio é 10 vezes MAIOR or que o suportado por um homem adulto. Teremos um surto de demência devido a ALTİSSIMA toxidade. Dr°
Vacinas contra Covid-19 (como a Coronavac) causam Alzheimer e têm níveis tóxicos de alumínio?
O vídeo se espalhou por diversas redes sociais e, principalmente, aplicativos de mensagem como o WhatsApp e o Telegram. Só que, infelizmente, as acusações apontadas no vídeo em questão não passam de uma série de informações falsas e já desmentidas pelo Boatos.org, outros sites de checagem e pela própria ciência.
Antes de falar do caso em si, vamos apontar para a fonte. Não é de hoje que informações vindas dela são classificadas como falsas por sites de checagem (vale lembrar que as checagens são, simplesmente, uma constatação com base em fontes confiáveis sobre algo que se espalha na internet).
Em agosto, um grupo de médicos, incluindo a que participa do vídeo, enviou um documento para o presidente Jair Bolsonaro que apontaria para os “riscos da vacina”. O Jornal da USP (Universidade de São Paulo) desmentiu o teor do documento. Além de apontar que é falsa a tese de que as vacinas são experimentais, foi citado as vacinas são seguras.
No mesmo mês, um vídeo de uma entrevista dela falando algo muito parecido com o que está no último vídeo viral foi desmentido pelo Projeto Comprova. Na ocasião, outros médicos desmentiram a tese de que a vacina causa Alzheimer, que o alumínio das vacinas está em níveis tóxicos, que as vacinas são experimentais e que ela está causando mortes. Em setembro, a Agência Lupa também desmentiu declarações dela do mesmo vídeo no YouTube.
Apontada a fonte, vamos às afirmações. Algumas delas já foram refutadas em outros desmentidos do Boatos.org. Um delas é a que relaciona mortes e doenças em pilotos de avião causadas pela vacina. Como mostramos neste texto, a internet está recheada de fake news sobre eventos que teriam ocorrido com pilotos. Até no acidente que causou a morte de Marília Mendonça houve a invenção de que o piloto havia passado mal por causa da vacina.
A tese de que as vacinas farão mal para as crianças também já foi derrubada no nosso último A Semana em Fakes. Frisamos que, ao contrário do que apontam negacionistas, há vacinas que passaram por testes e se mostraram seguras para crianças de 5 a 11 anos. Também já foram desmentidos boatos sobre “grafeno nas vacinas” e sobre “coisas estranhas na proteína spike”.
Sobre a dissolução de corpos aprovada nos Estados Unidos. Não há qualquer relação entre a prática, que está descrita nestas matérias (aqui e aqui) desde antes da pandemia da Covid-19, com a vacinação.
Sobre a relação vacinas, alumínio e Alzheimer. Não há qualquer relação comprovada entre estes três elementos. Para começar, não há evidência entre alumínio no corpo da pessoa causar o Mal de Alzheimer. O artigo do Projeto Comprova, aponta que o site da Alzheimer’s Society tem o seguinte informe: “até o momento, nenhum estudo ou grupo de estudos confirmou que o alumínio esteja relacionado com o desenvolvimento da doença de Alzheimer”.
Não bastasse isso, não é verdade que as vacinas (como a Coronavac) têm níveis de alumínio considerados tóxicos para as pessoas. Neste artigo, um professor de química da Unicamp desmente que a Coronavac tenha níveis tóxicos de alumínio. Leia o que ele escreveu:
Cada dose de CoronaVac é de 0,5 ml e contém 225 microgramas de hidróxido de alumínio [Al(OH)3], sendo que apenas 34,6% disto é íon alumínio, ou seja, 77,8 microgramas de íon alumínio por dose (os outros 65,4% são dos 3 grupos OH). Isso não é capaz de alterar de forma significativa a proporção de alumínio que uma pessoa já ingere diariamente, que é em média, cerca de 8000 microgramas por dia, ou seja, cerca de 35 vezes maior.
Se alguém usa suplementos alimentares, está ingerindo uma quantidade ainda maior de alumínio e outros íons metálicos. Mas isso eles não dizem para você, pois querem que você use esses produtos, aliás, algumas indústrias de suplementos alimentares fomentam o movimento antivacinas em outros países, defendendo que suplementos ajudam a aumentar a imunidade e ninguém precisa de vacinas (sic). E não vamos esquecer que as pessoas tomam apenas duas doses da vacina CoronaVac no intervalo de 28 dias e é só isso.
Sempre é importante citar que, em nenhum momento, é citado no vídeo que se não tivéssemos a vacina contra a Covid-19 ainda estaríamos com um número de mortes em um patamar gigantesco no Brasil, com serviços de saúde colapsados e forçados a ter mais medidas de restrição. Também não se falou em todas as vidas que as vacinas salvou e que podem salvar. Na hora de tomar a vacina, não pense nos efeitos não-comprovados. Pense nos benefícios comprovados.
Resumindo: é falsa a informação que aponta que as vacinas causam o Mal de Alzheimer, que têm excesso de alumínio e que estão causando males para a sociedade. O vídeo que circula por aí, infelizmente, desinforma sobre os imunizantes.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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