Neste A Semana em Fakes, Edgard Matsuki, editor do Boatos.org, relembra alguns dos boatos sobre a variante Ômicron que viralizaram em redes sociais.
Os últimos dias podem ser considerados “quase normais” (infelizmente) em relação a fake news. Em meio a reações ufanistas e exageradas sobre Bolsonaro e a vitória de uma enquete na Time (que não é o prêmio de Personalidade do Ano), conteúdo antivacinas (conforme previmos no A Semana em Fakes de duas semanas atrás) e correntes que continuam circulando ad eternum (como do prato para criança autista), um tema chamou atenção: a variante Ômicron.
Assim como no início da pandemia, o desconhecimento sobre os desdobramentos da nova variante (que, de certa forma, ainda impera) fez com que muitas informações erradas sobre a Ômicron voltassem a circular na internet. Nos últimos dias, o Boatos.org desmentiu seis fake news ligadas diretamente à nova cepa da Covid-19.
Dois dos boatos que mais circularam vieram por meio de áudios em WhatsApp. Um deles, há três semanas, apontava que o Rio de Janeiro já tinha registrado duas mortes por conta de Ômicron, o que é falso.
Dias depois, já na última semana, outro áudio chamou atenção em redes sociais. Ele apontava que a Ômicron (tal como um grupo de piratas) havia dominado o Brasil pelo litoral e estava chegando ao interior. Novamente, era uma fake news alarmista sobre a nova cepa. Fizemos, neste caso, também o desmentido em vídeo:
Outras fake news alarmistas sobre a Ômicron também circularam em texto. Um deles apontava que a nova cepa teria sintomas diferentes e seria mais mortal. Detalhe: além de ser falsa, a informação não passava de uma nova versão de um texto (também falso) que circulou sobre a variante Delta.
A outra fake news em texto era pior ainda. Ela apontava que a Ômicron seria mais severa em vacinados. A informação não é falsa como é absurda. Até o momento, se vacinar continua sendo a melhor opção.
Teorias da conspiração malucas também prosperaram com a chegada da Ômicron. Uma delas apontava que um filme “previu a chegada da variante”. Outra, mais grave, apontava que o ministro da Saúde da África do Sul havia dito que a nova cepa seria “uma farsa.
Todos esses exemplos mostram como as redes sociais podem ser terreno fértil para informações erradas quando estamos diante do desconhecido. Para casos como a da Ômicron, vale a receita de sempre: siga apenas as fontes confiáveis e, pelo menos por enquanto, opine menos com ar de especialista. No mais, tome os cuidados de sempre e se vacine.
Trends da semana
As palavras mais buscadas no Boatos.org nos últimos dias foram, em ordem crescente, ômicron, Preço gasolina RLAM, Autista, Perigeu, Bolsonaro, Mônica Travassos, Prato, Bolsonaro personalidade do ano, Omicron e Gilmar Mendes.
Os desmentidos mais lidos do Boatos.org nos últimos dias foram, em ordem crescente, sobre a notícia falsa que apontava que uma bióloga havia gravado um áudio de alerta sobre a variante Ômicron no Brasil, sobre um pedido de doação de prato para uma criança autista, sobre Bolsonaro ter sido escolhido pela Time como personalidade do ano, que desmentia que um projeto de lei visava proibir a sinuca no Brasil e sobre uma denúncia de que um integrante de uma ONG teria beijado uma criança indígena.
No Twitter, o conteúdo com maior engajamento era o que desmentia que uma mãe ainda precisava de doação de um prato para o filho autista. No Facebook e no Instagram, o conteúdo com maior compartilhamento era o que explicava que Bolsonaro não foi escolhido como “Personalidade do Ano pela Time”. No Telegram, o conteúdo mais visto foi o A Semana em Fakes da semana passada, que falava sobre como as fake news incitam o preconceito.
Por fim, no YouTube, o conteúdo mais visto era o que desmentia que uma bióloga havia alertado que a variante Ômicron já estaria em todo o litoral do Brasil.
Edgard Matsuki é editor do site Boatos.org, site que já desmentiu mais de 6 mil notícias falsas
Uma das novidades do Boatos.org para 2021 é a seção “A Semana em Fakes”. Periodicamente, faremos análises sobre os assuntos mais recorrentes em termos de desinformação na internet. Este conteúdo ficará aberto para republicação em outros veículos de mídia. No momento, publicamos o conteúdo no Jorn., Portal Metrópoles, Portal T5, Conexão Marília e O Anhanguera (caso tenha interesse, entre em contato com o Boatos.org para saber as condições). Para ver todos os textos da seção, clique aqui.