Boato – Agora foi desmontada a farsa das vacinas. Isso porque o Reino Unido divulgou um relatório que mostra que 9 a cada 10 mortes por Covid-19 são de vacinados.
Em meio a tantas más notícias sobre a pandemia no Brasil, uma coisa podemos comemorar: os negacionistas e antivacinas perderam a batalha contra a imunização. Apesar de notícias falsas terem influenciado algumas pessoas a não se vacinarem (o que custou vidas), o nosso país tem bons índices de vacinação. Só que o fato de eles “terem perdido essa” não fizeram com que narrativas falsas e criminosas não continuassem sendo criadas.
A mais nova usa como fonte um site negacionista do Reino Unido que é especializado em pegar relatórios oficiais do governo e “realizar engenharias” para que as vacinas sejam atacadas. A mais nova aponta para a “prova” de que as vacinas não protegem ninguém: a de que 9 a cada 10 pessoas que morreram por Covid-19 no Reino Unido estavam vacinadas.
A tese criada pelo site negacionista reverberou em grupos e sites negacionistas no Brasil. Leia algumas das mensagens que se espalharam em redes sociais e, principalmente, grupos em aplicativos de mensagem como o Telegram:
Versão 1: Reino Unido divulga dados que desmontam as narrativas de eficácia das vacinas. Dados: 4ª e 7º semana de 2022 Total óbitos: 4.883 – VACINADOS (1, 2, 3, … doses): 4.324 – NÃO VACINADOS: 559 – 88,5% dos óbitos: VACINADOS. 11,5%, NÃO VACINADOS Versão 2: Enquanto você se distrai com a invasão da Rússia: *O governo do Reino Unido divulgou um relatório confirmando que os totalmente vacinados agora representam 9 em cada 10 mortes por Covid-19 na Inglaterra*
Reino Unido divulga relatório que mostra que vacinas não funcionam porque 9 a cada 10 mortes por Covid-19 são de vacinados?
O caso em questão mostra, mais uma vez, que é possível criar uma mentira apenas se utilizando de números reais. E o fato é que, para ignorar a eficácia das vacinas contra a Covid-19, negacionistas estão deixando de levar em conta diversos “detalhes” no relatório em questão.
Antes de falar do caso em si, precisamos relembrar que o site em questão é o mesmo que, por exemplo, criou a narrativa falsa que aponta que vacinados estariam adquirindo aids (tese que foi “comprada” no Brasil até pelo presidente da República).
Como a fonte não era das mais confiáveis, resolvemos buscar pelo relatório e analisar, por nossa conta, os dados do Reino Unido sobre mortes por Covid-19. Não demorou muito para percebermos que o relatório não fala nada sobre não-eficácia das vacinas. Ao contrário. Na página 38, é dito que é preciso ter cuidado com a análise dos dados sobre mortes. Leia o que está escrito:
Esses dados devem ser considerados no contexto da situação vacinal dos grupos populacionais mostrado no restante deste relatório. No contexto de altíssima cobertura vacinal na população, mesmo com uma vacina altamente eficaz, espera-se que uma grande proporção de casos, hospitalizações e óbitos ocorram em indivíduos vacinados, simplesmente porque uma maior proporção da população é vacinada do que não-vacinada e nenhuma vacina é 100% eficaz.
A vacinação tem sido priorizada em indivíduos que são mais suscetível ou mais em risco de doença grave. Indivíduos em grupos de risco também podem estar mais em risco de hospitalização ou morte por causas não-COVID-19 e, portanto, pode ser hospitalizado ou morrer com COVID-19 em vez de COVID-19.
A situação vacinal de casos, pacientes internados e óbitos não deve ser usada para avaliar a eficácia devido a diferenças de risco, comportamento e testes nos vacinados e populações não vacinadas. As taxas de casos nas populações vacinadas e não vacinadas são taxas brutas que não levam em conta os vieses estatísticos subjacentes nos dados. Tem provavelmente diferenças sistemáticas entre populações vacinadas e não vacinadas como, por exemplo:
• O comportamento dos testes provavelmente será diferente entre pessoas com diferentes vacinas status, resultando em diferenças nas chances de ser identificado como um caso. • Muitos dos que estavam à frente da fila para vacinação são aqueles em maior risco de COVID-19 devido à idade, ocupação, circunstâncias familiares ou por causa de problemas de saúde subjacentes
Deu para entender? No momento em que grande parte da população está vacinada contra a Covid-19 e que a parcela da população com maior índice de vacinação é justamente a população mais vulnerável à Covid-19, é óbvio que os números brutos tendem a apresentar mais mortes entre vacinados.
Ao analisar os dados por faixa etária, podemos ver claramente este movimento: um gráfico na página 41 mostra que a faixa etária com maior número de infectados não-vacinados é de pessoas com menos de 18. Essa faixa é a que é menos atingida pela vacina. Por outro lado, as pessoas com mais de 80 anos são, entre os infectados, a parcela da população com maior número de vacinados. É esse fator que impacta em mais mortes de vacinados.
O mesmo relatório britânico mostra que as vacinas são, sim, eficazes. Um gráfico na página 45 mostra que a taxa de morte de vacinados é muito menor do que em não-vacinados quando infectados por Covid-19 em todas as faixas etárias. Os números são relativos a mortes 28 dias após contrair Covid-19 e relativos a casos a cada 100 mil pessoas.
- Até 18 anos: – Mortes entre vacinados: 0,0 Mortes entre não-vacinados: 0,0
- De 18 a 29 anos: – Mortes entre vacinados: 0,1 Mortes entre não-vacinados: 0,1
- De 30 a 39 anos: – Mortes entre vacinados: 0,1 Mortes entre não-vacinados: 0,7
- De 40 a 49 anos: – Mortes entre vacinados: 0,5 Mortes entre não-vacinados: 1,6
- De 50 a 59 anos: – Mortes entre vacinados: 1,3 Mortes entre não-vacinados: 5,8
- De 60 a 69 anos: – Mortes entre vacinados: 4,5 Mortes entre não-vacinados: 15,7
- De 70 a 79 anos: – Mortes entre vacinados: 13,4 Mortes entre não-vacinados: 54,1
- Mais de 80 anos: – Mortes entre vacinados: 85,6 Mortes entre não-vacinados: 197,3
Deu para entender a tática dos negacionistas? Eles pegaram um universo no qual há um monte de gente com menos de 18 anos que não se vacinou e que a maioria da população está vacinada para tentar desacreditar a eficácia das vacinas. Só que as mesmas pessoas se “esqueceram” que o mesmo relatório mostra que, com o recorte de faixa etária, as vacinas se mostram efetivas. A chance de morrer por Covid-19 sem estar vacinado é muito maior.
Resumindo: ao contrário do que defendem, de forma criminosa, grupos negacionistas, o relatório do Reino Unido que mostra que 9 a 10 pessoas que morrem por Covid-19 são vacinadas não prova que as vacinas não funcionam. Uma análise mais aprofundada nos números revela a farsa de mais este ataque aos imunizantes.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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