Boato – Gustavo Petro, presidente da Colômbia, manda soltar presos em seu primeiro discurso e a abstenção o elegeu
Gustavo Petro foi eleito o novo presidente da Colômbia no dia 19 de junho de 2022 com 50,47% dos votos válidos. Essa é a terceira vez que Petro, representante da esquerda colombiana, concorre ao cargo.
Mas a vida política de Gustavo Petro não é nova. Ainda jovem participou do grupo de guerrilha Movimento 19 de abril (M-19), foi vereador, prefeito de Bogotá (segundo cargo mais importante da Colômbia) e senador nos últimos anos.
Mas de acordo com uma história que está sendo compartilhada nas redes sociais, os colombianos não teriam tomado a melhor decisão. Segundo uma publicação, em seu primeiro discurso como presidente, Petro teria mandado soltar presos. Ainda de acordo com a história, Gustavo Petro só teria sido eleito por causa da abstenção de 44%. Confira:
“Colômbia: EM SEU PRIMEIRO DISCURSO COMO PRESIDENTE DA COLÔMBIA, GUSTAVO PETRO MANDA SOLTAR PRESOS!. Mais uma vez fica esse GRAVE ALERTA PRA NÓS: A Abstenção de 44% deu vitória a ex-guerrilheiro na Colômbia”.
Presidente da Colômbia manda soltar todos os presos e foi eleito por causa de abstenção?
A informação viralizou nas redes sociais, em especial, no Twitter e deixou os anti-esquerdistas e conservadores revoltados. Apesar disso, a história não é verdadeira. A explicação fica por conta da falta de provas e da origem da informação.
Ao analisar o discurso de Gustavo Petro, é possível ver que ele não fala em “mandar soltar os presos em geral”, mas sim fez um pedido para a Justiça liberar alguns presos. E é exatamente o que você leu. Gustavo Petro não falou em liberar presos em geral (como os que foram condenados por homicídio, sequestro, lesão corporal etc), mas sim as pessoas que foram detidas durante o “Estallido Social” colombiano.
Atualmente, mais de 1200 pessoas seguem presas por participarem das manifestações populares do “Estallido Social” colombiano, que pedia pelo fim da reforma tributária do ex-presidente Ivan Duque e por reformas estruturais no país, como a redistribuição de recursos para diminuir a desigualdade social. A grande maioria delas participou de um grupo chamado Primeira Linha, que lutou nas manifestações. Vale lembrar que Gustavo Petro já falou sobre a questão dos presidiários na Colômbia em outro momento, como quando era senador do país.
Em 2020, durante uma reunião no Senado da Colômbia, Petro falou sobre a crise carcerária no país. Na oportunidade, ele afirmou que os presos violentos e que cometeram crimes graves são minoria nas prisões. Além disso, destacou que diversos campesinos que plantam folha de coca e jovens que nunca tiveram uma oportunidade na vida compartilham do mesmo local que presos violentos. Ele também apontou que as prisões da Colômbia foram construídas como uma forma de castigo, mas não de reabilitação daqueles que cometerem pequenos delitos. Na época, ele afirmou que, dessa forma, 50% dos presos deveriam ser liberados.
Se isso não bastasse, o pedido de Gustavo Petro foi rapidamente respondido. No dia 20 de junho de 2022, o fiscal geral da nação, Francisco Barbosa, afirmou que os jovens presos cometeram delitos e que, caso Petro queira libertar os jovens, deve mudar, antes de tudo, a lei junto ao Congresso. Além disso, Barbosa também apontou que Petro deve tratar os assuntos de maneira institucional e não pessoal. Dessa forma, os jovens devem continuar presos.
Por fim, não foi a abstenção que elegeu Gustavo Petro como presidente da Colômbia. O voto na Colômbia não é obrigatório e essa foi a menor abstenção nas eleições colombianas em 44 anos. Dessa forma, afirmar que Petro venceu por causa da abstenção é o mesmo que dizer que outros presidentes colombianos também foram eleitos por causa dela. Não faz sentido.
Em resumo: a história que diz que Gustavo Petro, presidente da Colômbia, mandou soltar presos e só foi eleito por causa da abstenção de eleitores é falsa! Gustavo Petro não mandou soltar nenhum preso. O que ocorreu no primeiro discurso do presidente da Colômbia foi um pedido à Justiça para que liberte os presos do grupo Primeira Linha que lutaram nas manifestações do “Estallido Social” colombiano. Rapidamente o fiscal de Justiça da nação respondeu Petro e afirmou que caso ele queira libertar os jovens deve, primeiro, mudar a lei junto ao Congresso. Além disso, Petro não foi eleito por causa da abstenção. Essa foi a menor abstenção registrada nas eleições presidenciais nos últimos 44 anos. Se for assim, todos os outros presidentes eleitos também se elegeram por causa da abstenção. Ou seja, a história não passa de balela.
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