Boato – Comandantes militares decidiram que as Forças Armadas Brasileiras (FFAA) vão participar de todas etapas do processo militar. Isso será uma imposição, assim como o voto impresso e possível adiamento das eleições.
Por vivermos em uma sociedade plural, há pensamentos diferentes mesmo entre quem defende as mesmas correntes políticas. No caso de hoje, vamos falar de um grupo que até o próprio presidente Jair Bolsonaro (que, claramente, capitaliza com o apoio deste grupo) deve achar lunático: os que vivem em uma realidade paralela no qual o golpe militar é a saída.
A última das histórias que está circulando entre esses grupos aponta para um golpe no processo político brasileiro. Em tom de comemoração, uma mensagem aponta que as Forças Armadas (chamadas de FFAA) decidiram impor a sua participação em todas as etapas do processo eleitoral brasileiro.
O texto aponta que isso será feito por uma espécie de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), resultaria na imposição do voto impresso e no possível adiamento das eleições para maio ou junho de 2023. Ainda é citado que artigo 142 pode ser utilizado e que seria uma forma de evitar “uma fraude” que garantiria a vitória de Lula. Leia trechos do texto que circula por aí:
AS FFAAS VÃO PARTICIPAR DE TODAS AS FASES DO PROCESSO ELEITORAL. SERÁ UMA IMPOSIÇÃO. SEM RECUSAS. Já está completamente definido o plano de ação militar no processo eleitoral e ele será compulsório. A decisão foi tomada após Fachin afirmar que as negociações com as FFAAs estavam encerradas e de voltar a ignorar as sugestões por elas oferecidas. A decisão foi tomada por todos os comandantes militares e mais o alto-comando militar em decisão unânime. A forma como se dará esta atuação está sendo estudada.
Pensa-se em uma GLO específica, associada ou não à adoção do artigo 142. Chegou-se inclusive a ser proposto que todos os técnicos do TSE sejam substituídos por técnicos militares. Esta opção não foi descartada. Outra opção não descartada está o adiamento das eleições para Maio ou Junho, prazo suficiente para que todas as vulnerabilidades detectadas pelas FFAAs sejam solucionadas e para que todas as urnas tenham uma impressora acoplada, com caixa de depósitos de voto inviolável e sem que o eleitor ou quaisquer outras pessoas tenha contato com os votos nelas depositados, podendo ser abertas somente em caso de reclamação dos resultados por algum partido ou candidato e mesmo assim na presença de poucas pessoas. […]
Comandantes decidiram impor participação das Forças Armadas (FFAA) em todas as fases do processo eleitoral?
Este texto, com todo respeito a quem escreveu, é o que pode ser classificado como “lixo”. Não sabemos se ele foi inscrito por um lunático que vive em uma realidade na qual um golpe é algo “simples” ou se foi, simplesmente, escrito por algum esperto que tem como objetivo inflamar lunáticos que vivem em uma realidade na qual um golpe é algo “simples”.
De qualquer forma, o informe em questão não procede. O motivo é simples: não há meios constitucionais das Forças Armadas tomarem para si o processo eleitoral. Quem fala isso não somos nós. O próprio ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira apontou o Exército não será “revisor” das eleições. Ele ressaltou, inclusive, que o protagonismo das eleições é do TSE.
É importante citar que qualquer informação contrária a isso (como as que endossam a publicação) seria considerada algo de caráter golpista e viraria um escândalo. Não existe previsão de GLO “eleitoral”, de voto impresso (lembra que a proposta foi rejeitada no Congresso?) e muito menos de “artigo 142” (que é completamente interpretado de forma errada).
Por sinal, o tal texto só circula entre grupos que defendem uma intervenção militar no Brasil. Não há qualquer fonte confiável ou não-enviesada que tenha a tal decisão. Ou seja: a coisa está mais para o caso dos cidadãos comemorando um estado de sítio que nunca ocorreu do que algo plausível.
Resumindo: não é verdade que as “FFAA” vão assumir o controle das eleições. Qualquer decisão neste sentido configuraria um ataque à democracia e, pelo que estamos vendo, nem o ministro da Defesa tem o desejo de bancar um golpe como este.
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