Boato – No Japão, farmacêutica Kowa comprovou a eficácia antiviral da ivermectina contra a variante Ômicron da Covid-19.
O percurso da Covid-19 no Brasil parece ter chegado à estabilidade baixa. De acordo com os dados divulgados pelos próprios estados, o número de mortes pela doença está estável há 25 dias. No dia 11 de agosto de 2022, 204 mortes foram registradas.
Já o número de casos de Covid-19 está em tendência de queda há 21 dias. E mesmo com bons números, parece que alguns grupos seguem tentando ressuscitar algumas informações falsas que circularam durante a pandemia.
Exemplo disso é a história de hoje. De acordo com uma publicação que está circulando nas redes sociais, a farmacêutica japonesa Kowa teria comprovado a eficácia do uso da ivermectina contra a variante Ômicron. Segundo a história, o medicamento teria um efeito antiviral contra a variante. Confira:
“A farmacêutica japonesa Kowa anunciou nesta segunda-feira (31) que o medicamento antiparasitário ivermectina foi considerado eficaz no tratamento da variante Omicron do COVID-19 em um estudo de Fase III. O teste constatou que a ivermectina tem “um efeito antiviral” contra a variante, afirmou a Kowa em seu comunicado, sem fornecer mais detalhes. A empresa tem trabalhado com a Universidade de Kitasato, uma instituição de ensino superior privada de Tóquio. Os ensaios clínicos avaliando o medicamento, que é usado para tratar parasitas em animais e humanos, estão em andamento, mas a promoção do medicamento como tratamento para Covid-19 é controversa. O medicamento não é aprovado para o tratamento de Covid-19 no Japão e a FDA (Administração Federal de Medicamentos dos EUA) alertou repetidamente contra seu uso”.
Farmacêutica japonesa Kowa comprova eficácia da ivermectina contra variante Ômicron da Covid-19?
A informação viralizou nas redes sociais, em especial, no Facebook e agitou os grupos antivacina. Apesar disso, a história não é verdadeira. A explicação fica por conta da origem da informação e do equívoco de interpretação por parte de quem publicou a notícia.
Durante a pandemia da Covid-19, a internet foi inundada por histórias falsas sobre curas milagrosas. A equipe do Boatos.org já desmentiu dezenas delas, como a que dizia que a ivermectina seria capaz de curar a Covid-19. Também a que indicava que a cloroquina poderia curar a variante Ômicron e, por fim, a que apontava que a Annita (nitazoxanida) seria a cura para a Covid-19.
Ao procurar por mais informações sobre o assunto na internet, descobrimos que a história surgiu de um erro, em fevereiro de 2022. Na época, a agência Reuters publicou a informação de que a farmacêutica japonesa Kowa teria afirmado que, durante a fase 3 de seu estudo, a ivermectina teria se demonstrado eficaz contra a variante Ômicron.
Entretanto, a realidade não era bem assim. Após publicar a versão equivocada, a agência Reuters precisou publicar um esclarecimento com a informação correta. Dessa vez, a Reuters explicou que os resultados, na verdade, mostraram um efeito antiviral contra a Ômicron e outras variantes. Porém, não é o suficiente para afirmar que o medicamento é eficaz contra a doença. Além disso, na época, os ensaios clínicos de fase 3 ainda estavam em andamento.
Por fim, o conteúdo acabou sendo desmentido por outros sites de checagem. De acordo com a Associated Press, o comunicado da farmacêutica Kowa afirmava que a ivermectina tinha se mostrado eficaz contra a Ômicron durante um estudo in vitro, ou seja, em laboratório.
Já segundo o site de checagem PolitiFact, a farmacêutica japonesa Kowa anunciou que os estudos clínicos de fase 3 começaram no final de janeiro de 2022. Os resultados publicados até o momento são mistos (e inconclusivos). A história também foi desmentida pelas páginas Aos Fatos e Estado de Minas.
Em resumo: a história que diz que a farmacêutica japonesa Kowa teria comprovado a eficácia da ivermectina contra a variante Ômicron da Covid-19 é falsa! A informação surgiu após uma publicação equivocada da agência Reuters, em fevereiro de 2022. Na oportunidade, a agência publicou que a farmacêutica Kowa havia comprovado a eficácia do medicamento contra a variante Ômicron, durante ensaios clínicos da fase 3. Entretanto, a eficácia foi constatada apenas em laboratório. Posteriormente, a Reuters corrigiu a informação, mas grupos antivacina seguiram compartilhando a informação falsa. Atualmente, os ensaios clínicos da fase 3 estão em andamento e os resultados liberados até aqui são mistos e inconclusivos. Ou seja, a história não passa de balela!
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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