Boato – Foi descoberto que a ONG Urihi Yanomami, que denunciou o estado de desnutrição entre indígenas, desviou R$ 33 milhões dos cofres públicos.
As graves denúncias em relação ao estado de indígenas da etnia Yanomami têm causado contra-ataques por parte de grupos que estão se sentindo responsabilizados pela situação. Outro dia, foi minimizada a situação ao se dizer (falsamente) que os indígenas são, na realidade, venezuelanos. Hoje, surgiu uma nova tese.
De acordo com textos que estão circulando na internet, a Urihi Yanomami, ONG apontada como a responsável pelas denúncias sobre a situação dos indígenas, teria desviado R$ 33 milhões de um fundo destinado aos indígenas. A prova seria um processo que consta no site Jusbrasil. Leia a mensagem que circula online:
Versão 1: Em denúncia feita pelo jornal Poder DF, que revelou dados do Tribunal de Contas da União, onde mostra que a ASSOCIAÇÃO URIHI YANOMAMI, com o CNPJ: 03.272.540/0001-12, desviou R$33 milhões dos cofres públicos em atos de corrupção na saúde indígena no estado de Roraima.
Versão 2: BOMBA: ONG QUE DENUNCIOU DESNUTRIÇÃO DE YANOMAMI DESVIOU R$ 33 MILHÕES E TEM FORTES VÍNCULOS COM LULA E PT* Versão 3: Quer dizer então que a ONG que acusou maus tratos aos Yanomamis já desviou 33 milhões e possui fortes vínculos com o PT?
ONG Urihi, que denunciou fome em povo Yanomami, desviou R$ 33 milhões dos cofres públicos?
A história não demorou a circular na internet e, claro, deixar algumas pessoas duvidando das intenções da ONG em questão. Porém, a informação que aponta que a Urihi Yanomami é a responsável por desviar R$ 33 milhões de um fundo destinado a indígenas é falsa.
A fonte da informação não ajuda muito. Ela surgiu de uma pessoa que já foi condenada por espalhar fake news e chegou a ser presa no final de 2022 por ordem de Alexandre de Moraes. Aliás, a fonte é a mesma que apontou que os indígenas eram “venezuelanos”.
Como foi citada uma “fonte da informação” (o processo do site Jusbrasil), resolvemos buscar mais detalhes a respeito. De fato, há um processo que recai sobre uma ONG com este nome. Porém, não se trata da Urihi Yanomami. Veja o que a própria ONG explicou:
ALERTA PARA FAKE NEWS. Recentemente recebemos mensagens caluniosas e fomos veiculados a matérias inverídicas, feito isso, segue a explicação nas imagens. Nossa associação foi fundada em 2016 denominada por Hwenama Associação Yanomami, em 2022 os diretores solicitaram a troca do nome, que passou a se chamar “URIHI” que ao traduzir do Yanomami, se chama “floresta”.
A ONG denominada URIHI qual os apoiadores do ex-presidente estão ligando a nossa associação, foi fundada na década de 90 e passou a prestar serviços para o Povo Yanomami nos anos 2000, através da FUNASA, ou seja, não tem qualquer ligação com a nossa associação. ‼️ Compartilhem a informação!!!!!
Ao procurar pelo CNPJ das duas ONGs, podemos ver que são organizações diferentes. O CNPJ da Urihi citada no processo em questão é 03.272.540/0001-12. A da ONG que está auxiliando os Yanomami é 24.292.140/0001-49. Também é importante citar que o nome de Júnior Hekurari Yanomami (acusado na publicação que circula online) não consta no processo em questão.
Resumindo: é falsa a informação que aponta que a ONG que denunciou o estado de saúde dos Yanomami é acusada de desviar dinheiro público. A ONG envolvida no caso não existe mais e não tem relação com a Urihi que está prestando auxílio aos indígenas.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site, Facebook e WhatsApp no telefone (61) 99458-8494.
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