Boato – Notícia aponta que um padre se recusou a casar uma noiva porque ela estava sem calcinha.
No final de novembro de 2014, uma notícia chamou atenção na mídia. A vereadora Lucimara Passos (PCdoB) subiu à Tribuna da Câmara de vereadores de Aracaju mostrando uma calcinha que estava em seu bolso. O protesto era uma resposta a um discurso conservador de seu colega Agamenon Sobral (PP) a respeito da notícia de uma noiva que supostamente havia casado na Igreja sem calcinha.
A notícia comentada pelo vereador já circula desde 2011 e teve grande repercussão online. A história dizia que um padre chamado Jonas Mourinho, 68, da Paróquia Sagrada Família de Alagoas, se negou a casar a noiva, professora Enislene Alcântara, 25, porque era notável que ela estava sem a calcinha.
O padre havia confirmado isso porque pediu a uma ministra da eucaristia que visse a noiva sem roupa em um aposento a noiva despida. A ministra então havia comprovado que a noiva estava sem calcinha e também depilada. Para o suposto padre e também para o vereador de Aracaju, isso foi um absurdo, justificando inclusive violência a essa mulher. Só para você entender, leia a tal notícia:
Padre se recusa a celebrar casamento de noiva sem calcinha Padre Jonas Mourinho, 68 anos, responsável pela paróquia ‘Sagrada Família’ no Bairro do Vergel, localizado na periferia de Maceió em Alagoas, surpreendeu os 230 convidados de uma celebração de casamento religioso ao cancelar o evento devido à ausência de vestimenta íntima da noiva.
Padre Jonas já não havia gostado de notar o imenso decote nas costas do vestido de noiva da professora Enislene Alcântara, de 25 anos. Imediatamente após sua chegada no altar, quando se colocou de frente para o noivo o padre percebeu que o decote traseiro da moça permitia ver o derrière absolutamente desnudo. […]
Padre Jonas informou que é uma profanação a pessoa subir ao altar sem vestimentas íntimas. Ele ainda disse que a ministra da eucaristia havia notado que a noiva estava totalmente depilada na região pubiana, o que para o pároco é um flerte com a pedofília.
Só tem um detalhezinho nessa confusão toda: esta notícia do padre é falsa. Logo após a repercussão do texto, ainda em 2011, o assessor de imprensa da arquidiocese de Alagoas, disse à Rede TV que não existia um padre chamado Mourinho e nem a paróquia com aquele nome. Além disso, o site (chamado Tramado Por Mulheres) que publicou a notícia deixa bem claro que a história é falsa.
Dias depois da confusão, o G1 fez um texto apontando para a história da farsa que tirou vereadores de Aracaju do sério. Ou seja. Todo o bate-boca e confusão que ainda deve vir (A Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores deve julgar o caso) foram ocasionados por uma balela.
Vejam só o poder de um boato, além de um vereador utilizar um texto falso para incitar um discurso de ódio, ele acabou fazendo com que a vereadora Lucimara protestasse contra sua atitude, que veio a partir do boato. Se os vereadores de Aracaju tivessem checado melhor a história, não teria caído nessa.