Sempre com o desafio de continuar combatendo a desinformação (algo que já fazemos há 10 anos), Boatos.org realiza mudanças na metodologia e na publicação de desmentidos.
Em junho de 2023, mais exatamente no dia 18, o dia do “nascimento” do Boatos.org (o registro do domínio por parte de este quem vos fala) completou 10 anos. Talvez pela rotina sufocante de sempre termos que entregar conteúdo ou pelas características do nosso trabalho (sempre pautado por muita transpiração e pouca autopromoção), não fizemos nenhum anúncio oficial.
A “celebração” começou a se dar de outra forma a partir do “dia 1” do ano 10. Decidimos implementar algo para contemplar uma necessidade: para continuar lutando contra as fake news, precisávamos nos atualizar. Com isso, começamos a colocar em um curso uma série de modificações que iremos listar por aqui.
A primeira e mais visível mudança está no layout do site. Estávamos com o mesmo tema desde 2017 e ele já não dava mais conta das mudanças da forma que se consome conteúdo na internet. Desde o meio de julho, iniciamos testes com outro tema. Buscamos por uma opção que permitisse um site mais leve e design mais limpo, mas sem deixar de lado a questão da informação.
Outra mudança visual também está em curso. A partir de hoje, vamos começar, gradualmente, a dar diversidade às nossas imagens. As imagens com selo “#Boato” e filtro escuro começarão a dar espaço para imagens que representem o conteúdo que está sendo averiguado ou imagens de ilustração. Em algum tempo, chegaremos a uma conclusão sobre as imagens que usaremos definitivamente.
Mudança nas pautas e classificações de conteúdo
Percebemos que a classificação #Boato já não consegue dar conta da complexidade de conteúdos enganosos que têm circulado na internet. Por isso, estamos implementando três mudanças nos nossos conteúdos.
1) Até o momento (e desde 2013), só temos publicado conteúdos nos quais, em nossa conceituação, classificamos como “um boato” (seja uma informação grave não comprovada que mereça uma refutação ou uma informação claramente falsa). A partir de hoje, iremos abrir a gama de conteúdos.
2) Para tanto, nossos títulos no site não terão mais a “#Boato”. A partir de hoje, iremos trabalhar com títulos descritivos que irão apontar para o conteúdo a ser checado.
3) Ao final do texto, iremos classificar o conteúdo com nossos selos e conceitos. Os selos serão divididos por três cores: vermelha (conteúdo falso), amarela (conteúdo com distorções) e verde (conteúdo real). Dentro disso, temos algumas subclassificações de conceitos:
Vermelho: 1) Fake news – Informação comprovadamente falsa em que temos elementos para classificar como tal. 2) Boato não comprovado – Acusação/informação publicada sem provas e qualquer elemento que a sustente como real e que possa prejudicar alguém. 3) Golpe – Mensagens que induzem a publicações que podem prejudicar o internauta diretamente
Amarelo: 1) Conteúdo enganoso – Conteúdo retirado de contexto para ser utilizado de forma distorcida para que prejudique alguém. 2) Informação exagerada – Mensagem que infla dados ou os entrega de forma enviesada para que seja gerada uma ideia ou fortalecida uma tese.
Verde: 1) Real, mas com erros – Mensagem que seja real, mas que contenham alguns erros que não prejudicam a sua essência. 2) Verdadeiro – Informação verdadeira.
Teremos, ainda, uma classificação extra: a de conteúdo “em apuração”. Iremos usar em casos que precisamos de ajuda dos leitores para clarificar o conteúdo que está sendo apreciado. Ela será com fonte branca em fundo preto.
Mudanças no texto e valorização do multimídia
Desde julho, estamos aplicando algumas mudanças em nossos textos. Mantemos o compromisso de continuar contextualizando o cenário em que uma informação duvidosa está circulando. Para deixar isso mais claro, estamos dividindo os nossos textos em quatro partes:
1) Introdução, em que damos um contexto da disseminação do conteúdo. 2) Análise, em que apontamos para elementos que merecem ser destacados no conteúdo (como características do conteúdo, onde circulou o texto, histórico de boatos similares e separamos perguntas a serem averiguadas. 3) Checagem: em que respondemos as questões a serem abordadas. 4) Conclusão: em que daremos o veredicto final sobre o assunto.
Vamos mudar também o critério de escolha de pautas que vão ser averiguadas em vídeo. Ainda não sabemos exatamente como se dará, mas isso resultará em mais conteúdos multimídia em redes sociais.
Por fim, teremos a volta da seção A Semana em Fakes e dos nossos boletins diários das principais fake news checadas. Isso ocorrerá em breve e marcará o fim desta fase de mudanças.
De momento, só temos que agradecer o carinho de muitos que continuam com a audiência fiel e reforçar o manifesto: enquanto o nosso trabalho continuar necessário, continuaremos correndo atrás da desinformação.