Boato – Após ataque terrorista, o embaixador francês no Brasil teve que pedir a presidente Dilma Rousseff para condenar publicamente o atentado.
Quarta-feira, 7 de janeiro de 2015. Dois homens fortemente armados entram na redação de um semanário francês e abrem fogo. Resultado: doze pessoas mortas e o mundo todo abismado.
Como já mencionado em outras publicações, independente da época do ano, os boatos não tiram férias. E pelo jeito não deixam de fora nem crises de segurança internacionais. Como assim? Explicamos. O mundo está em alerta, a Al Qaeda assumiu a autoria do ataque terrorista em Paris e aí mais discórdia é plantada entre nós.
A mais recente se espalhou pela internet afirmando que a presidente Dilma Rousseff só se manifestou sobre o famigerado ataque depois de ser cobrada pelo embaixador francês, Denis Pietton. Segundo o texto, a presidente não estava preocupada em renegar o terrorismo. Confira o trecho:
‘Dilma somente se pronunciou sobre o massacre terrorista no jornal Charlie Hebdo, quarta (7), após veemente apelo do embaixador da França no Brasil, Denis Pietton. Diante do silêncio constrangedor do Brasil, enquanto todo o mundo rechaçava a chacina, Pietton telefonou a Marco Aurélio Garcia, aspone de assuntos internacionais aleatórios, cobrando a solidariedade do Brasil. Só então a nota oficial foi redigida. A nota condenando o terrorismo chegou a ser atribuída a Mauro Vieira, o novo chanceler. Mas, como os antecessores, ele tem medo de Dilma […]’
A postagem acima se espalhou feito pólvora na web. Rendeu milhares de curtidas e compartilhamentos e foi replicada sem sequer mudar uma vírgula por blogs de todos os tipos, em sua maioria de fiel oposição ao governo petista. Só um comentário sobre conteúdo replicado: geralmente é boato.
Além disso, nos valemos de um argumento que já tem ficado até gasto de tão usado no site. Se for importante, se for curioso, e neste caso, se coloca a diplomacia entre Brasil e França em situação constrangedora, a mídia hegemônica não perdoa, fala mesmo.
E adivinhem quantos veículos falaram sobre o dia em que a presidente do Brasil ficou em maus lençóis com a embaixada francesa? Nenhum. Jornais de peso como o La Nación, da Argentina, publicaram que Brasil e Chile foram os primeiros países da América Latina a se manifestarem sobre o ataque à revista Charlie Hebdo. E o G1 falou das duas notas publicadas em nome da presidente do Brasil.
A primeira nota oficial da presidente Dilma Rousseff foi publicada no mesmo dia (07), às 12h40. O jornal ABC, da Espanha, traçou o passo a passo do ataque e suas repercussões. Entre as atualizações lá está a manifestação do governo brasileiro.
De fato, muitos líderes se manifestaram antes de Dilma, como o presidente da Espanha, Mariano Rajoy e o primeiro ministro britânico, David Cameron via Twitter. Na nota oficial sobre assunto emitida pelo presidente dos EUA, Barack Obama, não há hora da postagem, mas isso importa?
Real mesmo é que o texto acusatório não menciona uma fonte sequer do caso. Não diz de onde tirou a informação, quem foi que contou o ocorrido, nem mesmo usa a clássica ‘fonte que não quis ser identificada’.
Duvidoso, no mínimo. E para que não nos acusem de conivência, continuamos na busca por qualquer prova de que esse desconforto com a França seja verdadeiro. No entanto, como já esperado, até agora nada.