Boato – Projeto prevê destinar 10% das cotas para concursos públicos a usuários de drogas.
Mais do que um problema policial, a questão do uso de crack no Brasil é de saúde pública. Tanto que os debates e as sugestões para solucionar o problema são debatidas, inclusive políticos.
Uma dessas ideias, segundo fontes da internet, é de que um deputado estaria sugerindo que fossem destinadas 10% de vagas em concursos públicos para usuários de drogas. A fonte da história, ao contrário da maioria dos boatos, é confiável: é o jornal O Tempo, de Minas Gerais. Leia:
Usuários de drogas podem ter 10% de vagas em concurso Diante da escassez de investimentos públicos para os tratamentos de usuários de drogas no Estado e da alta taxa de ocupação das vagas públicas destinadas a esse tipo de abordagem, Minas poderá adotar uma medida polêmica: reservar 10% das vagas em concursos públicos no Estado para dependentes químicos.
A sugestão foi feita pelo presidente da Comissão de Enfrentamento ao Crack, o deputado estadual Vanderlei Miranda (PMDB), durante o ciclo de debates Um Novo Olhar sobre o Dependente Químico, encerrado, ontem, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na capital.
Agora, vamos aos fatos. O primeiro ponto é a forma que o texto está sendo compartilhado em redes sociais. Como apenas o título, a foto, um teaser e a fonte são mostradas no Facebook e muita gente não clica no link e já vai formando opinião e acha que a proposta é em nível federal e já virou projeto.
Pois bem, nem a proposta era em nível federal (como é possível ver se clicar o link). Um outro detalhe, menos perceptível, é a data da tal notícia: 26 de junho de 2013. Na época, o Brasil estava em polvorosa com protestos, jogava a Copa das Confederações sem nem sonhar que ia tomar sete da Alemanha na Copa do Mundo e o Boatos.org tinha dez dias de vida e fazia a postagem número 1. Ou seja, muita coisa muda.
E foi isso o que aconteceu. A “proposta”, que na verdade foi uma fala do deputado Vanderlei Miranda, não passou daquele dia. Nem o deputado sugeriu o projeto na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (como é possível ver na lista de proposições) e nem a Comissão registrou qualquer ideia de cotas no relatório final.
Sendo assim, podemos afirmar que realmente um deputado falou sobre cotas para dependentes de drogas. Porém, a ideia nunca virou projeto e, diante de tanta rejeição na internet, não deve virar. Ou seja, de projeto virou boato.