Boato – Homem que teve casaco e café oferecido por juíza durante audiência de custódia é o bandido que matou um policial militar em Belo Horizonte.
Análise
Dois acontecimentos têm sido “misturados” em um conteúdo viral que está circulando na internet. O primeiro deles é o caso do assassinato de um policial militar em Minas Gerais por um homem que havia escapado após a saída temporária de natal no dia 5 de janeiro.
A segunda história é o caso de uma juíza que ofereceu café e um casaco para um homem que estava passando por uma audiência de custódia em Roraima no dia 10 de janeiro.
Em meio a repercussão dos dois casos, está circulando em algumas redes sociais mensagens que apontam que o homem que estava na audiência de custódia seria o acusado de matar o PM em Minas Gerais. Leia algumas das mensagens que circulam online:
Versão 1: Esse é o bandido que matou um policial em Belo Horizonte, olha como a “vítima da sociedade” foi tratado na audiência de custódia Versão 2: Quando digo que o esquerdismo deveria ser criminalizado, é por esse tipo de coisa …..magistrados militantes ideológicos esquerdistas são tão ou mais nocivos para a sociedade quanto aquele caso do condenado que usou a saidinha para matar um pai de família com 2 tiros na cabeça.
Checagem
Para fazer a checagem do conteúdo, vamos responder às seguintes questões: 1) O homem que recebeu café e um casaco durante um audiência de custódia é o assassino do policial militar em Minas Gerais? 2) Quem são as pessoas envolvidas nos dois casos? 3) A juíza estava errada ao oferecer café e casaco ao homem durante uma audiência de custódia?
O homem que recebeu café e um casaco durante um audiência de custódia é o assassino do policial militar em Minas Gerais?
Não é. Como podemos suspeitar (por se tratar de um caso em Minas Gerais e outro em Roraima), não se tratam das mesmas pessoas. O homem suspeito de matar o policial não é o detento que recebeu café e casaco na audiência de custódia.
Quem são as pessoas envolvidas nos dois casos?
De acordo com matérias que tratam do caso, o homem suspeito de matar o PM em Belo Horizonte é Welbert de Souza Fagundes. Ele cumpria pena em regime semiaberto por condenações por tráfico, agressão e falsidade ideológica.
Quem recebeu um café e um casaco durante a audiência de custódia é Luan Gomes. Esta matéria da Folha do Estado aponta que ele foi preso em flagrante por tráfico de drogas. Não encontramos informações sobre o resultado da audiência de custódia.
A juíza estava errada ao oferecer café e casaco ao homem durante uma audiência de custódia?
A Constituição garante o direto à defesa a todas pessoas acusadas por um crime. Para poder realizar a sua defesa e dar o depoimento, o acusado e advogados têm que ter condições. Se há alguma questão ambiente que o prejudica (como o frio), é possível que a defesa seja prejudicada. Logo, não está errado dar um ambiente mais confortável durante a sessão.
Sobre o uso de algemas, o CNJ tem um manual que orienta sobre fatores que levariam o juiz (no caso, a juíza) a pedir o uso da contenção. Fatores como segurança do local, agressividade do acusado e histórico de fugas podem ser levados em conta. No caso, a juíza entendeu não ser necessário o uso (é um direito dela).
Sobre o tom utilizado pela juíza: ela foi educada. Talvez ela não precisasse ter todo esse zelo, mas o que ela fez é mais passível de elogios do que de críticas. Independentemente do crime no qual a pessoa é acusada, o papel dela é conduzir a audiência de custódia para que se realize da melhor forma. Foi o que ela fez.
Conclusão
Fake news ❌
É falso que o homem que recebeu um café e um casaco durante uma audiência de custódia em Roraima seja o homem que matou um policial em Minas Gerais. Tratam-se de pessoas diferentes e parte das mensagens que circulam online são falsas.
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610).