Boato – Dilma deu um aumento de 11% no auxílio-reclusão. O benefício foi R$ 915 por filho para R$ 1.157.
Um dos benefícios que mais geram polêmicas aos mais conservadores é o auxílio-reclusão. E claro, se o benefício pago à família de detentos que contribuem ao INSS gera polêmica, também gera informações distorcidas. E é sobre mais uma delas que vamos falar hoje aqui no Boatos.org.
Antes de falar do texto, entenda que o auxílio-reclusão não é nenhum tipo de bolsa ou algo que todos os presos ganham de forma compulsória. Aliás, nem são os presos que ganham. O auxílio-reclusão é um benefício nos moldes do auxílio-doença. Ou seja, se o sujeito estava contribuindo para o INSS, recebe menos que o teto do benefício (se atente a este dado) e foi preso, a família tem direito ao benefício.
Voltando à história de hoje: tem circulado um texto por WhatsApp que aponta que o governo brasileiro deu um aumento de 11% no auxílio-reclusão. O valor era de R$ 915 por filho e agora foi para R$ 1.157. Já Santa Casa, policiais e professores ficaram com 0% de aumento. O texto tem tantos boatos que a gente vai ter que listar todas as informações falsas que estão nele (o que está em itálico é o texto do boato e o resto é a nossa explicação):
1) Pra quem não sabe a Mamãe Dilma deu 11% de aumento no auxílio reclusão aos presos.
Primeiro, não houve “aumento” do auxílio-reclusão. Houve aumento do teto para quem tem direito ao benefício. Para que pessoas que “não precisem” não ganhem o auxílio-reclusão, o governo estipula um teto. Esse valor é reajustado todos os anos. Ou seja, não se trata do aumento do salário e sim do teto.
Vamos exemplificar para ficar bem didático. João recebia R$ 1.050, contribuía ao INSS e foi preso em 2014. Ele não teve direito ao benefício porque recebia mais que o teto. Em 2015, José recebia o mesmo salário, contribuía e foi preso. Ele teve direito ao auxílio porque estava dentro do teto.
Outro exemplo: João recebia R$ 1.000, contribuía ao INSS e foi preso em 2014. Com José aconteceu a mesma coisa, com os mesmos valores, mas em 2015. Os dois receberam o benefício já que estavam dentro do limite. Mas teve aumento de um ano para outro? A resposta é não.
O segundo ponto é que o reajuste previsto para 2016 do teto de benefício não é de 11%. Sequer há previsão dos valores. Em 2015, de acordo com tabela do INSS, o valor é de R$ 1089,72. Pode ser que aumente 11%? Sim. Mas você só saberá em janeiro de 2016.
2) Acordo feito com o partido pra que eles não virassem as cadeias até o final do ano. O benefício que era de 915 reais por filho. Passa a ser de 1157 reais.
Pulamos a parte do “acordo com presidiários, blá, blá”. São apenas acusações sem provas. Vamos a esse ponto. “O benefício que era de 915 reais por filho. Passa a ser de 1157 reais”. Primeiro, o benefício não tem um valor fixo (lembra que eu expliquei lá em cima). Será que estão falando do teto? Também não (expliquei lá em cima). Por fim, o benefício não paga por número de filhos (afinal, não é uma bolsa).
3) E este beneficio não pode ter desconto de IR. Ficou assim: Santas Casas O%; Professores 0%; Policiais 0% de aumento; Bandidos 11% de aumento
Sobre o IR. Se o sujeito ganha abaixo do piso do IR, não paga. Como o teto do auxílio é abaixo do piso do IR, adivinhe. Só para terminar, o texto fala que Dilma deu os seguintes aumentos: Santas Casas O%; Professores 0%; Policiais 0% de aumento; Bandidos 11% de aumento. Para começar: professores e policiais recebem aumento dos Estados. A Santa Casa, das Prefeituras. E os “bandidos”, ganham salário? Isso a gente explicou lá em cima.
Desculpem se o texto ficou gigante. Mas a gente tentou ser mais didático desta vez para ver que as pessoas entendam que auxílio-reclusão não é salário para bandido e que o texto que circula online está totalmente equivocado. Resumindo: não há aumento de auxílio-reclusão de 11% para 2016.
PS: este artigo foi uma sugestão da leitora Sirley Gonçalves de Menezes. Se você quiser sugerir um tema para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site ou pelo Facebook.