Boato – A “bela, recatada e do lar” Marcela Temer chamou a empregada doméstica Neide de “criada” em um tuíte para Álvaro Garneiro.
No meio do embate político no Brasil, algumas figuras secundárias acabam recebendo alguns ataques de militantes de ambos (ou de todos) os lados. Volta e meia, o filho de alguém, a mulher de alguém, o primo ou outra pessoa com ligação a políticos sofre um ataque massivo (seja de boatos ou não). E a bola da vez é Marcela Temer.
Depois de uma reportagem da revista Veja em que ela é tratada como “bela, recatada e do lar”,alguns internautas acabaram a atacando e criando diversos memes. No meio de tudo, surgiu uma informação: a de que ela teria chamado a empregada doméstica de “criada”. Leia:
Marcela Temer, a mulher bela, recata e do lar, trata empregada doméstica como “criada”
Precisa ser uma mulher do lar, talvez do início do século XX, quando as senhoras ricas substituíam pouco a pouco as mucamas ou escravas por “criadas” para conseguir utilizar esta expressão quando se refere a empregada doméstica. E foi assim, dentro deste contexto descontextualizado, que Marcela Temer, a pretensa futura primeira dama do país, se referiu a Neide, a doméstica. Segundo palavras de Marcela Temer, foi a “criada” quem gravou o programa que pode assistir com o maridão (Michel Temer). E finaliza: “adoramos. Bjks!” O destinatário? Alvaro Garnero.
A citação não é recente. Vem de 2 de janeiro de 2011. Talvez na época a jovem que foi chamada pela veja de “bela, recatada e do lar” nem sonhasse em se tornar primeira dama. Quarenta e três anos mais jovem que Temer, Marcela, que prefere ser chamada pelo apelido “Mar”, ganhou notoriedade recentemente por conta da publicação. Um lado um tanto bibelô da moça foi explorado pela revista e criticado com força nas redes sociais.
Numa época de empoderamento da mulher não soa edificante para o feminismo o país ter uma primeira dama com o perfil típica senhorinha pós-escravagista e que ainda por cima mantém “criadas” em casa.
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Nós poderíamos ficar comentando o massacre que ela recebeu na semana passada por causa da versão da matéria (um tanto quanto infeliz) da Veja que foi “comprada” por simpatizantes do governo. Mas o nosso negócio é tratar de boato. Por isso, vamos falar da história da criada. Não, ela não chamou Neide de criada.
Apesar da história ter saído em diversas páginas de notícias defensoras do governo, a mensagem de “Marcela Temer” saiu de um perfil falso. Vamos aos fatos. Primeiro, vamos à fonte da informação. A história surgiu e ganhou reverberação na página “Conexão Jornalismo” (uma espécie de Pensa Brasil pró-Dilma) com base em um perfil falso de Marcela.
Se observarmos as atividades do @marcelatemereal, descobrimos que ele foi criado no dia 2 de janeiro de 2011. A data foi no dia seguinte à posse de Dilma com Temer de vice. Para quem não lembra, a “bela, recatada e do lar” roubou a cena naquele dia. O perfil, com diversos erros de português, publicou mensagens até o dia 12 de fevereiro daquele ano.
Além de não ser verificado, sabe quantos meios de comunicação deram a informação na época de alguma declaração de Marcela no Twitter? Sim, zero. Por que será? Se você falou porque o perfil era falso, acertou. Marcela não tem perfil em redes sociais. Você pode verificar a informação nesta matéria do Extra.
Resumindo: Marcela não chamou a empregada Neide de “criada”. O perfil que publicou a informação no Twitter é um fake dela e a informação foi “mal apurada” pelos sites que a publicaram.