Boato – Reestruturação do setor financeiro e demissões durante o governo FHC provocou o suicídio de 181 bancários.
“Eu fiz as reformas. Ele surfa na onda”. A frase pertence ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e foi dita numa entrevista publicada pelo jornal britânico Financial Times, em 2010. Para alguns ela tem sentido para outros nem tanto. Mas, de acordo com uma história, que tem circulado na internet, na frase não há muito sentido.
De acordo com o texto, o ex-presidente foi responsável pelo suicídio de 181 bancários por conta da pressão sobre os servidores, por meio de perseguições, transferências, além de cortes de salários e direitos. Veja o que diz o texto:
Durante o governo do PSDB, de 1995 a 2002, houve reestruturação do setor financeiro brasileiro, aumentando a pressão sobre os bancários, especialmente dos bancos públicos. Essa época foi marcada por demissões (através de PDVs ou mesmo sumárias) perseguições, transferências, além de cortes de salários e direitos. Por conta disso, 181 bancários cometeram suicídio, segundo informações do Ministério da Saúde. No Banco do Brasil, por exemplo, o governo realizou a reestruturação através de um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Os sindicatos calculam que 28 bancários do BB tiraram a própria vida, por conta da pressão por parte do banco somente em 1995. Nos governos do PSDB foram feitas reformas administrativa e previdenciária, além da supressão ou redução de 50 direitos e vantagens dos servidores, a desvinculação dos reajustes dos civis dos reajustes dos militares e a burla ou quebra da paridade, com uma política de gratificação salarial que prejudicou enormemente os aposentados e pensionistas do serviço público. Os tucanos, por meio da Lei 9.801/99, autorizaram a perda de cargo público por excesso de despesa, regulamentando o § 4º do art. 169 da Constituição. Entretanto, nos governos Lula/Dilma não houve uma só demissão com esse fundamento. FATOR PREVIDENCIÁRIO – Criado no governo FHC para manter sob controle as contas da Previdência Social, o fator calcula as aposentadorias por tempo de contribuição e idade, funcionando na prática como um redutor dos benefícios. O fim do fator é hoje a principal reivindicação dos movimentos e entidades de aposentados. O senador Paulo Paim (PT/RS) é autor de um projeto de lei que acaba com o fator previdenciário, estabelecendo a Fórmula 85/95, que soma a idade ao tempo de contribuição até atingir o valor de 85 para as mulheres, e 95 para os homens. Hoje, o fator reduz entre 35% e 40% o valor real dos benefícios no ato da aposentadoria. (Sindicato dos Bancários do Ceará)
Mas, será mesmo que o ex-presidente é responsável por isso? E outra, será que durante o governo Lula e Dilma essa realidade mudou? O Boatos.org checou as informações. Veja o que encontramos.
De acordo com uma dissertação apresentada a Universidade de Brasília (UnB) intitulada Patologia da Solidão: suicídio de bancários no contexto da nova organização de trabalho, esses dados são referentes ao período de 1996 a 2005.
Vale lembrar que o Governo FHC, teve início com a posse do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1º de janeiro de 1995, e terminando em 1 de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República. Logo, podemos concluir que os números se mantiveram durante o inicio do governo Lula.
Além disso, uma matéria publicada pela Repórter Brasil em 2014 aponta que o problema com suicídio na categoria continuou, mesmo com o governo petista. A matéria também destaca o aumento da terceirização e da precarização das condições de trabalho como um fator motivador às tentativas de suicídio.
Sendo assim, podemos afirmar que a história de que as ações do Governo FHC provocou o suicídio de 181 bancários é falsa. Tudo não passa de mais um desses boatos que circulam pela internet.