Boato – Homens se casam com 450 crianças na Faixa de Gaza. Isso é revoltante.
Como alguns boatos se modificam com o passar do tempo e nossas postagens antigas nem sempre dão conta de se manterem como “antídoto”, resolvemos fazer uma estratégia diferente. Circula na internet um texto que aponta que 450 homens se casaram com crianças em Gaza. Há três anos um boato exatamente igual circulou pela internet. Confira o nosso desmentido a respeito do assunto:
Boato – Um casamento coletivo realizado em Gaza reunia meninas de 4 a 10 anos e adultos. O grupo islâmico Hamas patrocinou a festa para 450 pessoas e ainda deu US$500 para a pedofilia ser realizada.
Essa é mais uma história de arrepiar que circula há muito tempo na internet. Desde 2009, um texto escrito originalmente no blog The Last Cruzade (A Última Cruzada) passou a circular constantemente em e-mail e redes sociais. O texto, de autoria do PhD Paul L. Williams, fala de um tipo de cerimônia bizarra patrocinada pelo Hamas.
O texto, que pode ser lido aqui, fala de um casamento coletivo de 450 pessoas. Os noivos tinham de 25 a 30 anos. Já as noivas tinham de 4 a 10 anos. Ou seja, tratava-se de uma pedofilia institucionalizada e autorizada pelo “islamismo radical”. No casamento, os noivos ainda ganharam US$ 500.
As fotos mostram as meninas ao lado dos noivos e em carros de luxos. E o texto, que pode ser lido aqui, cita vários capítulos do Alcorão que permitiriam a pedofilia. Entre as barbáries atribuídas ao Hamas e ao islamismo estavam à permissão do homem “sodomizar” as crianças, espancá-las e mutilá-las. Obviamente, o texto gerou uma reação de ódio ao islamismo. No Brasil, foi muito divulgado em blogs cristãos.
Porém, uma análise mais aprofundada mostra que tudo não passa de difamação. A começar pelo próprio histórico do autor. Williams é conhecido por ser defensor da expulsão de todos os muçulmanos do Canadá. Ele é autor de diversas publicações contra o islamismo e ainda sofreu um processo de US$ 2 milhões de uma universidade após acusá-la de vender material radioativo para grupos radicais do Oriente Médio.
Falando do casamento. A cerimônia coletiva aconteceu em um momento de pós-guerra e foi divulgada na mídia mundial. Essa matéria da AFP cita o casamento e não fala em momento algum de pedofilia. Será que, em um evento assim, pedofilia não seria o principal fator notícia para a agência publicar?
O G1 reproduziu esta matéria da EFE. Nela, há a citação de que “Muitas das noivas eram mulheres que tinham perdido os maridos na ofensiva” israelense que aconteceu na região. Será que meninas tão novas estariam se casando pela segunda vez?
Para terminar, outras fotos do casamento com as “verdadeiras” noivas foram publicadas. Na realidade, as crianças são uma espécie de “dama de honra”, algo que é muito tradicional em casamentos no Brasil e no ocidente.
Com tantos fatos, não resta mais nada a dizer do que “é falso”. Por sinal, esse é um dos mais maldosos exemplos de boatos espalhados na internet para prejudicar uma crença ou cultura. Provavelmente, muitas pessoas não precisaram se esforçar muito para acreditar na história de pedofilia e condenar os muçulmanos.
Não precisa nem insistir, certo? Tanto em 2013 como em 2016 a história é falsa. Não passa de um boato que se modificou com o passar do tempo.