Boato – Janaína Paschoal, advogada que protocolou o processo de impeachment de Dilma, afirmou que se Temer falhar ela pode pedir por intervenção militar.
Estamos assistindo ao início do governo de Michel Temer depois do afastamento de Dilma. Regado a críticas, da escolha dos ministros à aprovação de reajuste salarial bilionário a cargos do Judiciário, tem muita gente já insatisfeita com o atual presidente. Nas ruas, alguns grupos de militantes ainda pedem pela saída dele, e no âmbito jurídico, dizem que há quem julgue ser necessária a intervenção militar.
É isso que uma suposta notícia está espalhando na internet há alguns dias. Segundo o conteúdo repassado em diferentes sites da web, a advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma teria se manifestado sobre o governo de Michel Temer, supostamente alertando sobre a possibilidade de fazer um pedido de intervenção militar, caso o presidente interino não ‘ande na linha’. Confira:
A advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment que afastou Dilma Rousseff, disse que tomará uma providência em relação ao presidente em exercício se “perceber que a coisa degringolou”.
“Esse presidente que está em exercício, e o que virá –não sei quem virá–, você tem que dar um tempo para [ele ou ela] mostrar [seu trabalho]. Mas se a gente começa a perceber que a coisa degringolou, acho que tem que tomar uma providência”, disse. “Acho que não tem volta, acho que vai cair muita gente ainda. E tem que cair”, acrescentou.
A afirmação foi feita em entrevista a uma plataforma de conteúdo da FecomercioSP, gravada no dia 24 de maio (assista à íntegra).
Janaina afirmou que atuaria em outro pedido de impeachment se necessário.
Alguém precisa explicar para a Janaina que se o impeachment não deu certo uma vez, o recurso constitucional não funciona mais. O recuso que funciona contra essa gente é o artigo 142 da Constituição Federal.
Se a Dilma voltar ou se Temer esquerdar, os militares serão a única solução.
O discurso da advogada está repercutindo e sendo espalhado como um prenúncio de que a intervenção militar será pedida. No entanto, o sentido dado às palavras de Janaína Paschoal foi completamente distorcido e ao que parece as pessoas estão comprando uma versão totalmente errada da história.
Na entrevista citada, a advogada fala por 45 minutos sobre o processo de impeachment e o cenário político brasileiro. Comenta sobre o atual governo e de fato menciona que é preciso intervenção caso a situação ‘degringole’, mas em momento nenhum ela menciona militares. Pelo contrário, desde o princípio a advogada defende a constitucionalidade do processo e o meio legítimo de afastamento do presidente, caso necessário.
Nessa entrevista à BBC, de março de 2016, Janaína também esclarece que respeita a opinião dos outros, mas que acredita que pedir pelo retorno da ditadura seja um pensamento muito ‘estreito’. Ou seja, a advogada se coloca contra esse tipo de ‘intervenção’, não a favor.
Para fechar, à Revista Sociedade Militar, a advogada esclareceu que nunca (atenção a essa palavrinha), nunca disse nada parecido sobre pedir intervenção dos militares brasileiros:
“Eu nunca falei nada parecido. Que eu saiba, sequer existe esse instrumento (pedido de intervenção militar). Alguém pegou uma entrevista que eu dei para a FECOMÉRCIO, que não trata de intervenção militar, deturpou a entrevista e criou essa ficção”.
Resumindo a novela, conformem-se aqueles que apoiam a interferência das forças armadas na alçada política, aos moldes de 1964. No que depender da advogada que coordena o processo de impeachment, isso não ocorrerá. Qualquer fala que diga o contrário é boato.