Boato – Procurador da Operação Lava-Jato afirmou que não tem provas, mas convicção de que Lula é culpado de corrupção.
Uma das notícias que balançou o Brasil politicamente nos últimos dias foi a revelação da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato do dia 14 de setembro. Durante uma coletiva, os procuradores do Ministério Público Federal acusaram o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva de ser o mentor do esquema de corrupção investigado na Operação Lava-Jato.
A notícia causou indignação por parte de quem é politicamente simpático a Lula. Um dos argumentos é que não há provas da participação dele no esquema e que os procuradores foram um tanto quanto verborrágicos na explicação. No meio de tudo isso, apareceu a informação de que foi dita a seguinte frase: “Não temos como provar, mas temos convicção”. Leia alguns textos que circulam online sobre o assunto:
Ministério Público Federal sobre Lula: ‘Não temos como provar. Mas temos convicção!’ rsrs
O conjunto de elucubrações parece uma de curso de Direito. Ela erra no que é essencial: prova. Mas a pergunta que se faz é: como podem procuradores da República convocarem a imprensa para, em cadeia nacional, fazerem um conjunto de acusações onde o elemento principal, a prova, não se faz presente? Qual a motivação para tamanha precipitação? Se ainda não conseguiram as provas indispensáveis que garantam a culpabilidade dos acusados, porque não investigaram mais a fundo?
Procurador da Lava-Jato disse “não temos provas, mas temos convicção”?
A fala, que foi atribuída em alguns momentos ao procurador Deltan Dalagnol e em outros ao procurador Roberto Pozzobon, gerou alguns memes na internet com a hashtag #MasTenhoConvição surgiram. Mas será mesmo que o procurador do MPF falou que não tem provas, mas tem convição. A resposta é não. Vamos aos fatos.
O que aconteceu, na realidade, foi uma junção de diversas partes da apresentação. De acordo com matéria publicada pelo G1, em partes diferentes foram faladas frases relacionadas, mas em nenhum momento foi falada a frase em si. Leia:
1. Dallagnol fala em ‘convicção’: Num primeiro momento, durante a apresentação da denúncia, Dallagnol fala, ao explicar as conclusões do MPF: “Provas são pedaços da realidade, que geram convicção sobre um determinado fato ou hipótese. Todas essas informações e todas essas provas analisadas como num quebra-cabeça permitem formar seguramente, formar seguramente a figura de Lula no comando do esquema criminoso identificado na Lava Jato.”
2. Pozzobon diz: “Precisamos dizer desde já que, em se tratando da lavagem de dinheiro, ou seja, em se tratando de uma tentativa de manter as aparências de licitude, não teremos aqui provas cabais de que Lula é o efetivo proprietário no papel do apartamento, pois justamente o fato de ele não figurar como proprietário do tríplex, da cobertura em Guarujá é uma forma de ocultação, dissimulação da verdadeira propriedade”, afirma o procurador.
3. Dallagnol volta a usar o termo ‘convicção’: “Dentro das evidências que nós coletamos, a nossa convicção com base em tudo que nos expusemos é que Lula continuou tendo proeminência nesse esquema, continuou sendo líder nesse esquema mesmo depois dele ter saído do governo. Mas nós precisamos lembrar que as investigações continuam, o trabalho do Ministério Público não termina aqui, as investigações continuam e se nós formarmos a convicção de que eles são responsáveis por esses crimes eles serão igualmente acusados.”
A íntegra do vídeo também mostra que em nenhum momento é dito “não temos prova, mas temos convicção”. Se tiver dúvida, assista:
Resumindo: a tese de que a procuradores falaram que não tem provas, mas tem convicção da culpa de Lula é falsa. A frase foi “formada” com diversas partes da apresentação para jornalistas. Em tempo: estamos aqui apenas para esclarecer essa parte. Se há provas ou não que Lula é culpado, cabe a Justiça responder.
Ps.: Esse artigo é uma sugestão do leitor Mateus Vilela, se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org entre em contato com a gente pelo site ou Facebook.